30/06/2011

JOANA AMARAL DIAS




A demência da Europa


Todos os últimos conselhos europeus podem ser contados assim: "Correu muito bem porque não somos a Grécia. Os nossos parceiros fizeram-nos muitos elogios. Ainda assim, devem ser aplicadas medidas adicionais." Não foi surpresa ver Passos Coelho a afirmar que "do ponto de vista de Portugal não podia ter corrido melhor" enquanto anunciava um novo PEC.

Mas nesta reunião havia alguma coisa que poderia dar para o torto para o "nosso lado"? Mesmo que houvesse, não são os sorrisos de Merkel ou as palmadinhas de Sarkozy que resolvem o que quer que seja. Ou já esqueceram as loas da Alemanha a Sócrates? Face aos programas de austeridade, os líderes europeus batem sempre palmas. As questões surgem depois: quando se trata de os executar. Sobretudo, de avaliar os seus resultados. Enfim, "a UE parece ter adoptado uma nova regra: se um plano não está a funcionar, é preciso cumpri-lo." Quem o diz não é um radical extremista de esquerda. É a insuspeita revista ‘The Economist’, que acrescenta que "o estado de negação da Europa tornou-se insustentável". Exacto. É esse estado que faz com que os conselhos europeus sejam sempre um sucesso. E que seja a realidade a falhar.

Docente Universitária

IN "CORREIO DA MANHÃ"
25/06/11

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