Calcolítico ou Idade do Cobre
- ~ 3000AC - 1900AC
O Calcolítico ou Idade do Cobre marca o início da metalurgia. Esta fase caracteriza-se pelo aumento da complexidade e estratificação sociais, bem como, no caso ibérico, pelo aparecimento das primeiras civilizações e de extensas redes de troca e comércio que vão do Norte de África até ao Mar Báltico, com relevo para as Ilhas Britânicas.[1]
No sudoeste ibérico afloram os chapéus-de-ferro, formações geológicas ricas em cobre, ouro e prata, facilmente exploráveis por uma tecnologia metalúrgica primitiva. Estes metais começaram então a ser minerados e trabalhados, embora fossem demasiado macios para substituir a maioria das ferramentas de pedra.
A data convencional para o início do Calcolítico ibérico é de cerca de 3000 AC. Nos séculos que se seguiram, particularmente no sul da Península, bens metálicos, geralmente com fins decorativos e rituais, tornaram-se cada vez mais comuns.
Este é igualmente o período de grande expansão do Megalitismo, com as práticas funerárias associadas, que se expande ao longo das regiões Atlânticas e pelo sul da península (além de pelo resto da Europa atlântica). Em contraste, a maioria das regiões do interior peninsular e do mediterrâneo permaneceram refractárias a este fenómeno.
Outro fenómeno do início da Idade do Cobre é o desenvolvimento de monumentos funerários de tipo tholoiEstuário do Tejo até Almeria (em Espanha) e ao sudeste francês. Todos estes fenómenos se inscrevem na que foi a grande linha de demarcação cultural e démica (em menor grau) ibérica em geral e portuguesa em particular - mais mediterrânica a sul e leste, mais europeia continental a norte e oeste. e cavernas artificiais, que se encontram no sul ibérico, desde o
Por volta de 2600 AC, começaram a aparecer comunidades urbanas, mais uma vez mais marcadamente no sul do território. As mais importantes de toda a Ibéria foram a de Los Millares (no sudeste espanhol) e a de Zambujal (pertencendo à cultura de Vila Nova de São Pedro, em Portugal), podendo já ser chamadas «civilizações», ainda que lhes falte a componente escrita.
A partir de 2150 AC dá-se uma importante transformação cultural e, em parte, populacional na Ibéria calcolítica, com o aparecimento da Cultura do Vaso Campaniforme, de origem claramente centro-europeiaproto-indo-europeia), que se associará ao complexo populacional e cultural do megalitismo. Esta cultura demonstra tendências de regionalização, com diferentes estilos produzidos em várias regiões, sendo os mais importantes o tipo de Palmela em Portugal, testemunhado pelas Grutas da Quinta do Anjo, e os tipos Continental e Almeriano em Espanha. (talvez mesmo
Dentre exemplos típicos desta Idade do Cobre espalhados por inúmeras povoações por todo o sudoeste ibérico, destacam-se em Portugal na Área Metropolitana de Lisboa, entre outros:
- Povoado Fortificado de Leceia no Concelho de Oeiras, Freguesia de Barcarena;
- Povoado Fortificado de Vila Nova de S. Pedro no Concelho da Azambuja;
- Necrópole de Carenque no Concelho da Amadora;
- Freiria no Concelho de Cascais.
Idade do Bronze
- ~1800AC - 700AC
A Idade do Bronze foi o período no qual ocorreu o desenvolvimento desta liga metálica, resultante da mistura de cobre com estanho, permitindo o fabrico de ferramentas capazes de substituir os artefactos em pedra. A data de adopção do bronze variou segundo as diferentes culturas.
O centro tecnológico da Idade do Bronze na península Ibérica foi o sudoeste a partir de c.1800AC.[1] Aí, nas regiões de Almeria, Granada e Múrcia, a Cultura de Los Millares foi substituída pela de El Argar com o aparecimento gradual de ferramentas de bronze e de povoados fortificados de grande dimensão. Afirma-se o poder político acima dos clãs e famílias primordiais, e muda bruscamente a organização social, nascendo uma vida urbana mais próxima da actual. Deste centro a tecnologia do bronze estendeu-se a outras regiões, constituindo o substrato onde viria a desenvolver-se a cultura Ibera e mais tarde os Tartessos. A rede de relações e comunicações criada por estes povos entre si viria a permanecer quase intacta até à chegada dos romanos à península.
Além de El Algar as mais notáveis culturas do bronze inicial da península são:
- o Bronze de Levante, na região de Valência, com povoados menores mas uma intensa interacção com os vizinhos de El Argar.
- O Bronze Ibérico do Sudoeste, no sul de Portugal e extremadura Espanhola, assinalado pela presença de adagas de bronze, expandindo-se para norte, que veio substituir a cultura megalítica existente na mesma região durante o calcolítico. caracteriza-se pelos tumulos individuais em cistas acompanhados por uma adaga de bronze.
- As culturas pastoricias de Cogotas I são unificadas pela primeira vez, como testemunha a cerâmica troncocónica característica. Algumas áreas, como a civilização de Vila Nova mantiveram-se isoladas da expansão da tecnologia de bronze, permanecendo tecnicamente no calcolítico por séculos.
No Bronze intermédio, o norte de Portugal e a Galiza, regiões possuidoras das maiores reservas de estanho da Europa, indispensável à fabricação de bronze, tornaram-se um centro mineiro aderindo então à tecnologia do bronze, como testemunham os seus machados em bronze característicos (Grupo de Montelavar).
No bronze final, cerca de 1300AC deram-se várias grandes mudanças na península. A cultura calcolítica de Vila Nova desaparece, possivelmente devido ao açoreamento do canal que ligava a cidade de Zambujal ao mar.[2] A cultura unificada de El Argar também desaparece, restando diversas cidades fortificadas dispersas. Os primeiros celtas, da Cultura dos Campos de Urnas surgem a partir de noroeste, conquistando toda a Catalunha e algumas áreas vizinhas. O vale do Guadalquivir assiste ao nascimento da sua primeira cultura diferenciada que poderá estar relacionada com os míticos Tartessos.
As culturas do bronze do ocidente da península mostram alguma interacção, não só entre si, mas também com culturas atlânticas distantes, no que foi chamada a Idade do bronze atlântica.[1] Este complexo cultural, compreendido no período entre 1300 AC-700 AC aproximadamente, incluía diferentes culturas Ibéricas, das Ilhas Britânicas e do Atlântico Francês. Foi marcada em especial pelas trocas culturais e económicas das culturas locais sobreviventes que acabaram por ser absorvidas pelos Indo-Europeus da Idade do Ferro, maioritariamente Celtas. Os seus principais centros aparentam ser Portugal, Andalusia (Tartessos), Galiza e Grã-Bretanha. Os seus contactos comerciais estendiam-se até a locais como a Dinamarca e o Mediterrâneo.
Idade do Ferro
- ~700AC - 218AC
A Idade do Ferro refere-se ao período em que se iniciou a metalurgia do ferro, metal com vantagens face ao bronze, dada a maior dureza e abundância de jazidas. Caracteriza-se pela utilização do ferro como metal, utilização importada do Oriente através da emigração de tribos indo-europeias (celtas), que a partir de 1.200 a.C. começaram a chegar à Europa Ocidental, e o seu período alcança até a época romana. A Idade do Ferro na península Ibérica tem dois focos: a influencia da cultura de Hallstatt no nordeste e a colonização fenícia a sul.
Expansão dos povos indo-europeus (celtas)
Desde finais do século VIII antes de Cristo, a cultura dos Campos de Urnas do nordeste da península começa a incorporar a metalurgia do ferro e, por fim, elementos da cultura de Hallstatt. Neste período verifica-se uma clara expansão orientada para montante do rio Ebro, chegando à Rioja e a Alava, com algumas ramificações nos montes do sistema ibérico, que podem ter sido o prelúdio da formação dos Celtiberos.
Neste período há uma visível diferenciação social com testemunhos da existência de chefias locais e uma elite de cavaleiros.
Destas estações no Ebro e sistema ibérico, a cultura celta expandiu-se na Meseta Central e na costa atlântica, em vários agrupamentos.
- O agrupamento de Bernorio-Miraveche (a norte das regiões de Burgos e Palencia, que influenciaria os povos do extremo norte.
- O grupo do Duero, provavel percursor dos Vaccei.
- A cultura dos Cogotas II, provavel percursor dos Vetões, dedicada à pastorícia e que gradualmente se expandiria para sul, até à Extremadura.
- A cultura castreja lusitana, no centro de Portugal, precursora dos Lusitanos.
- A cultura castreja do norte de Portugal e da Galiza, relacionada com a anterior, mas com um carácter próprio bem vincado devido à forte persistência do bronze atlântico.
Todos estes grupos indo-europeus têm elementos em comum, como a cerâmica e o armamento.
A partir de cerca de 600 AC a cultura do campo das urnas é substituída pela cultura Ibera, num processo que só terminaria no século IV AC. A separação física dos celta ibéricos dos seus semelhantes continentais faria com que os celtas da península Ibérica nunca recebessem a influência da Cultura de La Tène.
Influência Fenícia
Fenícios, gregos e cartagineses, todos colonizaram partes da península Ibérica, estabelecendo postos comerciais.
No século X AC estabeleceram-se os primeiros contactos fenícios na Ibéria, ao longo da costa mediterrânica, com a emergência de diversas cidades e povoados no litural sul.
Os fenícios fundaram a colónia de Gadir (actual Cádiz), próximo de Tartessos, o que fez desta a mais antiga cidade com uma ocupação contínua da europa ocidental, tradicionalmente datada de 1104 AC. Ao longo de séculos os fenícios fizeram da cidade o posto comercial, deixando uma vasta herança de artefactos, como notáveis sarcófagos. ao contrário do que por vezes se afirma, não há registo de colónias fenícias a oeste do Algarve ( nomedamente Tavira), embora possam ter havido viagens de exploração fenícia, e a influência que estes tiveram no território do actual Portugal foi feita a partir de trocas comerciais e culturais com Tartessos.
No século IX AC os fenícios da cidade-estado de Tiro(Líbano) fundaram Cartago. Neste século os fenícios teriam uma grande influência na península com a introdução da metalurgia e uso do ferro, da roda de oleiro, a produção de azeite e vinho. Foram também responsáveis pelas primeiras formas de escrita ibérica, influenciaram a religião e aceleraram o desenvolvimento urbano. Há contudo falta de provas da fundação fenícia de Lisboa em 1300 AC, sob o nome Alis Ubo ( porto seguro), embora neste período datem assentamentos em Olissipona com claras influências mediterrânicas.
Houve uma forte influência e presença fenícia na cidade de Balsa (actual Tavira) no século VIII AC, que seria violentamente destruída no século VI. Com o declinar da colonização fenícia na costa mediterrânica muitas das colónias foram abandonadas, sendo substituídos pelo domínio da poderosa Cartago.
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Estamos sempre a aprender, vou ler mais textos da vossa etiqueta de história
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