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Na verdade, a dimensão deste apagão, cujas causas estão ainda por determinar, extrapolou a vertente elétrica, tendo afetado com particular violência as comunicações e até o abastecimento de água. Transportes, escolas e hospitais foram apenas algumas das áreas atingidas por esta torrente invulgar. Durante umas horas, soubemos o que é viver quase em cenário de guerra, racionando consumos, acumulando víveres, encostando a orelha ao rádio em busca de notícias.
Durante umas horas, recuámos um século. O administrador da REN não garantiu que o problema não possa acontecer no futuro. Na verdade, ninguém pode fazê-lo. O que não invalida que não devamos revisitar procedimentos e, de forma séria, olhar para o sistema de abastecimento elétrico em Portugal, infraestrutura absolutamente decisiva para uma vida em normalidade. Depois, é imperioso que haja, em situações deste género, uma comunicação clara aos cidadãos sobre os comportamentos a adotar, para que se mitiguem os efeitos dos tradicionais açambarcamentos de produtos e corridas desenfreadas aos supermercados.
É natural e compreensível que, perante uma situação desta natureza, haja uma tendência para o alarme, mas o reforço da cultura cívica pode ajudar a minorar esses impulsos primários.
IN "JORNAL DE NOTÍCIAS" -29/05/25
NR: Onde está a "cultura cívica" dos sucessivos governos deste país que há mais de 50 anos nos mantém energeticamente dependentes de Espanha?.

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