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Nós, europeus
Que extrema-direita sairá das eleições de 9 de junho é uma das perguntas que circula nos corredores das instituições europeias…
Começa a ser voz corrente em vários palcos europeus que estas eleições são as mais importantes de sempre. O primeiro sufrágio realizou-se em 1979 e, desde então, as temáticas europeias foram impondo-se na vida dos cidadãos, condicionando decisões dos governos nacionais e, com as sucessivas vagas de alargamento, conferindo cada vez mais poderes às instituições europeias.
Desde 2022, o principal problema com que a
Europa está confrontada é a guerra na Ucrânia. A tragédia do conflito
ganha atualidade na semana em que Volodymyr Zelenski visitou Espanha e
Portugal, cumprindo uma agenda que esteve marcada há duas semanas e que
acabou por ser adiada em razão da ofensiva russa a Karkiv, a segunda
maior cidade Ucraniana.
De Portugal, Zelenski levou abraços de
paz e solidariedade política, fundamentalmente. De Espanha, o Presidente
ucraniano levou um envelope financeiro de mil e 100 milhões de euros em
defesas antiaéreas, armas e munições. Foi a maior ajuda de sempre
concedida pelos espanhóis e um país amigo em guerra. No entanto, os
tempos não são auspiciosos para Zelenski. A ajuda aliada não representa
nem metade do esforço russo na sua máquina de guerra. No que à Europa
diz respeito, a questão que se coloca é saber se este esforço de auxílio
vai continuar ou vai ter que ser interrompido. Uma parte significativa
da resposta decorre daqueles que vierem a ser os resultados das eleições
europeias. Em função desses resultados, perceberemos se iremos ter uma
Europa ameaçada por instintos ultranacionalistas com o previsível
crescimento da extrema-direita ou uma Europa fiel aos seus princípios
fundadores no respeito pelos direitos humanos. É uma decisão de 360
milhões de cidadãos. É um facto que a próxima legislatura (2024-2029)
estará marcada pela política de defesa de tal modo que a presidente da
Comissão Europeia já defendeu a criação do lugar de comissário da
defesa.
Veremos.
A questão da extrema-direita acaba por
conferir uma parte substantiva da importância destas eleições ao voto
dos cidadãos europeus. Que extrema-direita sairá das eleições de 9 de
junho é uma das perguntas que circula nos corredores das instituições
europeias. As sondagens realizadas indicam um crescimento das extrema
direita que na Europa está representada em duas famílias políticas: os
conservadores e reformistas e a identidade e democracia. No entanto, é
de prever que esse crescimento da direita radical não seja tão
avassalador como chegou a ser ponderado. O cenário mais razoável
considera que a extrema-direita não irá provocar desequilíbrios nas
instituições europeias. A confirmar-se, será uma boa noticia. Assim como
foi também uma boa noticia, embora gerando perplexidade, o facto de
António Costa ter sido ouvido no departamento central de investigação
penal sobre o processo Influencer; uma audição que aconteceu a seu
pedido. Como era expectável, António Costa foi ouvido como testemunha e
não foi constituído arguido. Significa isto que não há nada contra o
antigo primeiro-ministro.
Pela palavra nada entendemos ausência
de indícios criminais. Na prática, António Costa fica agora à espera que
o processo em que foi envolvido seja arquivado para que o seu caminho
em direção à Europa possa acontecer sem mácula. Qualquer que venha a ser
a configuração do próximo Parlamento Europeu, o Partido Popular Europeu
deverá manter Ursula von der Leyen como presidente da Comissão e caberá
aos socialistas a indicação do presidente do Conselho Europeu. Um lugar
que António Costa legitimamente deseja e que a sua família política
deverá apoiar.
* Jornalista
IN "NASCER DO SOL" - 01/06/24.
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