01/07/2023

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  Critério jornalístico

A RTP1 entrevistou ontem um dos maiores bandidos do século XXI, o ministro dos negócios estrangeiros da rússia.

Não sabemos a razão da escolha mas preocupa-nos. Não entendemos o que interessa aos portugueses e a outros residentes as mentiras bem elaboradas dum tipo que é um dos principais executores duma ditadura brutal sobre os russos e cúmplice de todos  os massacres ocorridos na Ucrânia.

A RTP deu-lhe tempo de antena e importância como se se tratasse duma entidade merecedora dum Nobel da Paz ou da Ciência, existem dirigentes nacionais de organizações sindicais , científicas, culturais e outras  a quem a RTP não dá tanta exposição mediática.

Não nos espantemos quando no futuro for entrevistado um padre pedófilo a narrar sob os holofotes da fama, o prazer que sente na práctica do crime.

Não nos espantemos quando virmos um banqueiro duvidoso a explicar o mecanismo da vigarice mas só quando esse mecanismo for obsoleto e as técnicas vigárias já evoluíram.

Será talvez natural um grande traficante de droga ou de seres humanos justificarem, bem sentados numa poltrona e em prime-time, os benefícios de vender veneno e do comércio de escravos.

Naturalmente que estes exemplos são execráveis e que não os queremos ver concretizados, mas podemos não estar longe de acontecerem.

A RTP é uma colmeia de grandes profissionais em todas as actividades mas é criticável, a crítica não é ofensa. 

Se repararmos o percurso da RTP é em tudo semelhante ao percurso dos governos que nela mandam e portanto há uma concordância no seu comportamento. Convém também relacionar a RTP com o poder absoluto da igreja católica a quem também obedece. Se  um membro superior do clero tem uma unha encravada é  notícia, se um outro rouba ou viola é possível que o seja, mas quem não tem direito sequer a uma antenazinha são os não religiosos e que, esclareça-se, têm estatisticamente no mundo a mesma quantidade percentual de efectivos, 16%, números de 2022.

Nada deixa de ser "natural" num país em que ministros transformam mentiras em incompreensões semânticas, onde existem centros de saúde que nos gabinetes de enfermagem por vezes nem bobines de adesivo existem(1), em que muitas vezes há lanchas de patrulha da GNR paradas porque não há combustível(1), onde a PSP tem um parque automóvel tão bom que só falta aos condutores pôr o "pé de fora" para travar e onde aos profissionais se colocam exigências do arco da velha. Vale a pena falar das (in)condições em que trabalham os professores?

Nada deixa de ser "natural" num país que gasta milhões para receber o líder da maior organização criminosa do mundo, nada deixa de ser "natural" quando um primeiro-ministro convida assassinos para festejarem os 50 anos do 25 DE ABRIL.

* Pensionista

LISBOA -01/07/23

(1) - Que ninguém se atreva a dizer que não é verdade!.

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