No seu significado original, o sátiro é uma criatura imaginária, uma combinação de deus e cabra que surgiu do desejo de um estado primitivo e natural. Não é produto nem do cristianismo nem do harmonioso e sofisticado mundo grego, mas tem raízes bárbaras. A natureza bárbara representa a vitalidade, a vivacidade, o prazer desinibido da vida sem remorso ou obrigação moral, que se manifesta na sexualidade intensa e carnalidade acentuada. A figura (personagem) do sátiro é adequada para demonstrar a qualidade do corpo ainda não escravizado pela alma num contexto cultural.
O Sátiro demonstra plasticamente como a cultura cai: explora o que está no fundo, o que a cultura - ou o que tendemos a chamar de vez em quando cultura - tenta manipular, controlar e muitas vezes negar, ou pelo menos esconder. A maneira como os ícones típicos de diferentes épocas se sobrepõem, caem e brincam uns com os outros nesta performance às vezes deliciosa e irônica, agudamente satírica, arcaicamente física e desesperadamente apaixonada, totalmente libertadora e imensamente triste, é de tirar o fôlego e quase insolúvel.
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