25/10/2022

CAROLINA GOMES

 .




Eu vi este povo a lutar”:
cinco anos de Marcha em Viseu

“Ao ódio respondemos com fraternidade, camaradagem, companheirismo e amor. Viseu pode ser uma melhor cidade para viver COM a Marcha, com movimento, com cor, com vozes LGBTQIA+ cheias de Orgulho.”

Eu vi este povo a lutar

Para a sua exploração acabar”*

Para a sua opressão acabar…

Eu tenho visto este povo a lutar, nas ruas, em forma de marcha, desde há cinco anos.

Há cinco anos colaram cartazes contra a marcha que diziam “Viseu, a melhor cidade para viver sem vocês”, este ano arrancaram cartazes e mais uma vez comentários nascidos do ódio salpicaram as publicações nas redes sociais de divulgação desta manifestação.

Ao ódio respondemos com fraternidade, camaradagem, companheirismo e amor. Viseu pode ser uma melhor cidade para viver COM a Marcha, com movimento, com cor, com vozes LGBTQIA+ cheias de Orgulho.

O Orgulho, palavra tantas vezes mal compreendida, é isto: sair à rua sem medo e erguer a voz e as bandeiras, não porque somos especiais, diferentes ou melhores, mas porque somos iguais a nós mesmas e temos orgulho nisso.

Porque queremos que cada pessoa que existe e cada criança que venha a nascer, em Viseu como em qualquer outro lugar, possa ser, sem amarras ou caixinhas, igual a si mesma, não sendo por isso lesado o seu acesso a oportunidades e tratamento digno, na sociedade e nas instituições.

É fundamental a defesa intransigente dos Direitos Humanos, em todas as plataformas possíveis, nomeadamente nos órgãos autárquicos, que, enquanto órgãos, por excelência, de proximidade, podem fazer toda a diferença.

O Bloco de Esquerda tem defendido para Viseu medidas como a criação de um plano municipal LGBTQIA+; o apoio por parte da autarquia à celebração de dias internacionais e nacionais, ou manifestações, que promovam os Direitos Humanos; ou ainda a criação da Casa da Cidadania para associações de direitos humanos. Seremos sempre voz ativa na defesa dos direitos humanos, uma voz que não se cala pela concretização de medidas que possam fazer caminho para um concelho verdadeiramente inclusivo e uma voz sem pudor de sair à rua sempre que for preciso.

Por isso aqui estou, hoje, mais uma vez, com a mesma vontade e energia de há cinco anos.

Por cinco vezes consecutivas desde 2018 o desafio foi lançado: Já Marchavas! E por cinco vezes consecutivas vocês, nós, respondemos e lutamos por um amanhã mais justo e livre para todas as pessoas.

Por um amanhã sem estigmas e discriminações.

Por um amanhã fora das garras do patriarcado: feminista, antifascista e antirracista, em Viseu, em Portugal, no Brasil, no Irão, em todo o mundo!

Por um amanhã em que Lei e Sociedade sejam igualmente inclusivas.

Por um amanhã que vá muito além da tolerância, onde se verifique o direito a uma existência plena e digna de qualquer pessoa.

Pelo amanhã, lutamos, marchamos hoje!

Discurso de Carolina Gomes na 5.ª Marcha de Viseu Pelos Direitos LGBTQIA+, enquanto deputada do Bloco de Esquerda na Assembleia Municipal de Viseu

* “Eu vi este povo a lutar (Confederação)”, letra de José Mário Branco

** - Ativista na Plataforma Já Marchavas, pertence à equipa editorial do Interior do Avesso. Membro da Mesa Nacional do Bloco de Esquerda, da comissão distrital e da concelhia de Viseu. Licenciada em Antropologia.

IN - Discurso de Carolina Gomes na 5.ª Marcha de Viseu Pelos Direitos LGBTQIA+, enquanto deputada do Bloco de Esquerda na Assembleia Municipal de Viseu

NR: Já aqui dissemos que não somos fãs de marchas efectuadas a favor de uma determinada orientação sexual, isto por que somos absolutamente respeitadores de qualquer uma delas. No caso de Viseu são necessárias por causa do exarcebo moralista e odiento com que a igreja católica anestesiou a comunidade do distrito. Não falamos de cor, conhecemos bem a região..

Sem comentários:

Enviar um comentário