19/05/2022

JOSÉ CABRITA SARAIVA

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Expansão da NATO:
a hora da verdade
está a aproximar-se 

 A Suécia e a Finlândia, os dois simpáticos países do Báltico que até aqui se vinham mantendo rigorosamente neutrais, vão entregar hoje a sua candidatura formal à NATO. A adesão não será um processo imediato, e para que aconteça é preciso ainda convencer o Presidente turco, Recep Erdogan, que até aqui se tem mostrado avesso à ideia. Mas, a concretizar-se, pode revelar-se um momento definidor da guerra da Ucrânia e do futuro da Europa.

Vladimir Putin já se pronunciou sobre o assunto; disse, como seria de esperar, que “a expansão da NATO à Finlândia e Suécia é uma ameaça séria” e que teria consequências.

Ora, sabendo hoje o que sabemos sobre ele, é natural que não fiquemos indiferentes a esta declaração. Até porque, se foi precisamente a eventual adesão da Ucrânia à NATO_que, segundo os russos, levou à invasão daquele país, então a entrada dos bálticos poderia desencadear uma reação idêntica. Com a agravante de que aí já não estaríamos a falar de um país isolado, mas de dois membros da União Europeia, dois candidatos a membros da NATO. Resumindo: teríamos um conflito mundial. E muito provavelmente com o recurso a armas nucleares.

Talvez convenha, aqui chegados, regressar aos últimos dias de fevereiro deste ano. Apesar de todas as evidências em contrário, Putin garantia então que os 100 mil soldados estacionados junto à fronteira efetuavam apenas um exercício, que a ideia de uma invasão não lhe passava pela cabeça. Que era tudo resultado da “histeria” do Ocidente. E afinal invadiu mesmo.

Agora, pelo contrário, o Presidente russo esforça-se por enfatizar a ameaça. Será que vai cumprir

Quando o cerco da Aliança Atlântica se apertar sobre a Rússia, veremos se se aplica o ditado “cão que ladra não morde”. Para já não há quaisquer certezas. Putin tem-se revelado uma verdadeira caixinha de surpresas. E o anúncio de que os prisioneiros de guerra do regimento Azov que estavam no complexo metalúrgico de Mariupol já não poderão afinal ser trocados por prisioneiros de guerra russos mostra que também não é um interlocutor em quem se possa confiar minimamente. Com o valor da sua palavra a cair na mesma proporção que o rublo russo, talvez a linguagem da força seja mesmo a única que compreende.

* Licenciou-se em História da Arte na Universidade Nova e tem uma pós-graduação em Estudos Curatoriais pela Faculdade de Belas Artes.

IN "iN" - 18/05/22.

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