23/09/2021

PEDRO AMARAL JORGE

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Como seria 
o preço da eletricidade 
sem renováveis?

Dada a conjuntura atual constituem antes uma vantagem financeira que diariamente gera um sobreganho e uma proteção contra a subida de preços para os consumidores.

O preço da eletricidade no mercado ibérico grossista (Mibel) disparou este mês de setembro e alcançou novos máximos históricos.

Ao longo dos últimos meses esta tem sido a tendência, fruto do aumento da procura de eletricidade e da subida, quer do preço das emissões de CO2, aplicado ao gás natural e carvão, quer do próprio gás natural, a que ainda temos que recorrer para suprir as necessidades de consumo. Assim continuaremos enquanto a matriz de produção de eletricidade a partir de fontes renováveis for insuficiente em potência e energia para suprir o consumo, presente e futuro.

A pergunta que importa colocar é: como seria o preço da eletricidade sem renováveis?

O estudo sobre o Impacto da Eletricidade de Origem Renovável, apresentado há dias, uma análise da consultora Deloitte desenvolvida para a APREN – Associação Portuguesa de Energias Renováveis, vem esclarecer esta questão.

O estudo avaliou o impacto da eletricidade de origem renovável na fatura dos consumidores, no sistema elétrico e na economia nacional, entre 2016 e 2020, tendo em conta a política energética e os objetivos do Plano Nacional de Energia e Clima, mas também a nova ambição europeia.

As fontes de energia renovável, segundo esta análise, geram poupanças anuais na fatura da eletricidade de até 50 euros para um consumidor doméstico e de até 4.500 euros para um consumidor não-doméstico. A análise revela que as poupanças líquidas para o consumidor de eletricidade, entre 2016 a 2020, atingiram cerca de 6,1 mil milhões de euros.

Isto significa que as renováveis não representaram nem representam qualquer sobrecusto para o sistema elétrico nacional. Dada a conjuntura atual constituem antes uma vantagem financeira que diariamente gera um sobreganho e uma proteção contra a subida de preços para os consumidores.

Isto acontece porque a Produção em Regime Especial (PRE) renovável tem um custo marginal zero ou quase nulo, ou seja, o ar, o sol e a água são energia base gratuita e não poluente. Isto permite que sejam apresentadas no Mibel ofertas de eletricidade a um custo inferior ao de mercado da eletricidade a gás natural, reduzindo assim o preço diário da eletricidade.

Eis a resposta à pergunta: entre 2016 e 2020 a eletricidade teria custado, em média, mais 24 euros por MWh sem as renováveis.

A eletricidade produzida a partir de fontes renováveis, ao substituir fontes mais poluentes, evitou ainda a emissão de 19,9 milhões de toneladas equivalentes de CO2 em 2020, a que corresponde uma poupança de 433 milhões de euros em licenças de emissão de CO2.

Colhemos agora os frutos do apoio à Produção em Regime Especial de origem renovável, opção tomada numa altura em que as tecnologias se encontravam na sua fase inicial. Os ganhos financeiros para o consumidor de eletricidade são agora visíveis. Afinal, investir em renováveis compensa. Esta é uma aposta de futuro para proteger o ambiente e a carteira do consumidor.

* Presidente da Associação Portuguesa de Energias Renováveis (APREN)

IN "O JORNAL ECONÓMICO" - 22/09/21

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