HOJE NO
"CORREIO DA MANHÃ"
Milionário português envolvido
em esquema fraudulento
de máscaras nos EUA
Foram enviados cerca de mil milhões de emails a promover a SafeMask.
Num momento em que as máscaras se tornaram num bem valioso em todos
os países, há empresas que colocam produto em circulação e não olham à
qualidade dos mesmos e aos preços praticados.
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Foi o que aconteceu num esquema de venda fraudulenta de máscaras que envolveu um milionário português nos EUA.
Segundo o Buzz Feed, uma empresa com sede em Malta, propriedade do
português Ricardo Jorge Pereira de Sousa Coelho, "um milionário com uma coleção de supercarros, empresas e residências em Malta, Seychelles, Hong Kong, Emirados Árabes Unidos e Estónia", esteve na origem de uma venda fraudulenta de máscaras.
As SafeMask, que chegaram aos EUA em fevereiro na sequência de uma campanha de divulgação por parte da MDE Commerce, eram vendidas a um preço bastante acima do valor do mercado, cerca de 39,99 dólares, cerca de 37 euros, por duas máscaras.
Desde fevereiro que, pelo menos, mil milhões de emails foram
enviados para promover a SafeMask, de acordo com uma investigação do
BuzzFeed News e do Instituto de Dados, Democracia e Política da
Universidade George Washington.
À venda no mercado norte-americano, as máscaras eram consideradas "mais
avançadas" e apelavam ao pagamento extra para obter uma garantia de três
anos.
Os sites de venda da SafeMask exibiam uma
imagem rotulada como um respirador N95 e promoveram também respiradores
FFP2 de fabricação europeia antes de serem aprovados para venda nos
Estados Unidos.
Após as primeiras reclamações, Sousa apresentou à publicação um documento que provava
que as máscaras foram certificadas para o mercado europeu. No entanto, e
de acordo com a Apave, a empresa francesa de testes mencionada, o
documento parecia ter sido falsificado.
Ao BuzzFeed News, o empresário português afirmou que o spam da SafeMask
era o trabalho de comerciantes afiliados desonestos que trabalhavam
independentemente na sua empresa.
"Se encontrarem alguém que está a anunciar de forma não
autorizada spam ou a mostrar algo de errado, ficarei mais do que feliz
se me fornecerem isso", pediu.
Relativamente ao preço das máscaras, De Sousa confessou que a empresa não estava "a obter grandes lucros com eles".
"Não é algo que eu saiba", admitiu o milionário quando soube que
estava a vender máscaras a 10 ou mais vezes o preço normal de mercado, e
acrescentou que não havia razão para os clientes pensarem que as
máscaras eram reutilizáveis.
"Ninguém pode esperar que uma máscara dure para sempre. Não é razoável pensar assim", concluiu o português.
A garantia de três anos levou a que várias pessoas pensassem que as
máscaras eram para uso a longo prazo, uma questão que o empresário
também esclareceu. "Devolveremos o valor dessas garantias, prometo",
disse o português, que mais uma vez alegou desconhecer a situação.
De Sousa recusou esclarecer o porquê de ter vendido máscaras
certificadas na Europa para os norte-americanos antes das mesmas serem
aprovadas para uso nos EUA. O milionário não referiu também quantas
máscaras vendeu.
De Sousa, 31 anos, dirige a
operação a partir de Tallinn, na Estónia, onde possui um armazém e
escritórios. Juntamente com a MDE Commerce, é o único proprietário de,
pelo menos, duas empresas estonianas ativas, uma das quais, DB2
Management OÜ
É igualmente dono de um grupo de empresas incorporadas nas
ilhas Seychelles e na Suíça. Os veículos de luxo de De Sousa incluem um
supercarro McLaren e uma Ferrari com a placa 404 LOL.
O português vende também aspiradores de pó, juntamente com
drones, massajadores de pescoço, entre outros. O mais recente "sucesso" é
a SafeMask.
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Norte-americanos encomendaram, mas as máscaras não chegaram
Shell, um ator de teatro norte-americano, confessou ao BuzzFeed News
ter recebido recentemente um email de um endereço desconhecido com o
anúncio às SafeMask.
"A imagem da [máscara] parecia agradável e resistente e poderia
usá-la mais de uma vez", disse à publicação norte-americana e
acrescentou: "É por isso que eu fui a favor".
Shell pagou duas máscaras e esperou que as mesmas lhe chegassem
a casa. O problema foi que o material de proteção não chegou nunca. Ao
pensar que tinha sido enganado, o ator ligou para o atendimento ao
cliente e do outro lado ouviu uma versão diferente da história.
"Disseram-me que houve tanta procura pelas máscaras que estavam
atrasados cerca de um mês". Shell ainda tentou brincar com a situação:
"Espero estar vivo até lá".
A SafeMark surgiu num clima de incerteza e medo vividos um
pouco por todo o mundo e também na sociedade norte-americana. O artigo
foi largamente promovido na internet e arrecadou milhões de dólares
graças ao envio da publicidade por email.
"Toda a gente está aterrorizada neste momento, e se eu oferecer
uma cura milagrosa, é mais provável que seja aceite agora mais do que
nunca. As pessoas estão a aproveitar esse medo e a lucrar com isso",
afirmou Nil Schwartzman, diretor executivo da Aliança contra Email
Comerciais não solicitados nos EUA.
* Portugal tem grandes mestres em vigarice é natural que haja alunos.
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