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IN "healthnews.pt"
15/07/20
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Os Enfermeiros
são parte da solução
Somos a geração de enfermeiros mais qualificada que alguma vez existiu! Infelizmente, somos também a geração com menos expectativas de progressão e evolução profissional.
Um pouco por todo o mundo, temos assistido a declarações por parte de
decisores políticos, a elogiar e agradecer o empenho dos trabalhadores
da saúde. É um sentimento que ultrapassa as declarações de
circunstância, como foi possível observar pela mobilização da sociedade
civil, ao produzir e fornecer viseiras aos hospitais, entregar comida ou
disponibilizar camas para os profissionais deslocados.
Em países da UE, tem sido discutido e legislado variados tipos de
bónus pelo trabalho prestado. Seja na forma de prémio monetário,
aumentos salariais ou revisão das carreiras. Em Portugal, tivemos
primeiro a oferta da final da Liga dos Campeões, tendo sido
posteriormente acrescentado um “prémio”. Escrito numa linguagem
hermética e desadequada da realidade, no fim, criará tremendas
injustiças e chegará a meia dúzia de profissionais.
Os enfermeiros são a classe profissional mais numerosa do SNS. No
espaço de duas décadas, evoluímos de uma realidade onde o bacharelato
era o grau académico mais comum, para uma situação onde virtualmente
todos são licenciados, cerca de um terço são enfermeiros especialistas e
começa a ser bastante comum encontrar enfermeiros com grau de mestre a
prestar cuidados.
Somos a geração de enfermeiros mais qualificada que alguma vez
existiu! Infelizmente, somos também a geração com menos expectativas de
progressão e evolução profissional. A grande maioria dos enfermeiros
encontra-se na base da carreira, com todo o seu passado apagado para
efeitos de progressão. Profissionais com 15 anos de trabalho, com
responsabilidades acrescidas nos seus serviços, que integram novos
colegas recém-formados chegam ao fim do mês e recebem exatamente o mesmo
salário que o recém-chegado da escola. É um absurdo que em nada
contribui para reter os bons profissionais.
A reduzida quota fixada para enfermeiros especialistas, caso não seja
alterada, significa que só daqui por duas décadas haverá novos
concursos. Retirando todos os incentivos à formação e evolução
profissional e pessoal da classe. O acesso a categorias de gestão
transformou-se num processo bizantino, tendo sido bastante desvalorizada
em relação a carreiras anteriores. Parece difícil de acreditar, mas um
enfermeiro tinha uma carreira mais justa e digna na década de 90 do
século passado, que atualmente. Retrocedemos 30 anos, é urgente reparar
esta perda.
Os enfermeiros pedem uma carreira justa e adequada. Que promova a
evolução profissional. Com uma avaliação que concorra para esta evolução
e não seja um mero procedimento administrativo. Queremos algo de
elementar justiça: que todos os enfermeiros a trabalhar para o SNS, logo
para o mesmo “patrão”, tenham o mesmo tipo de vínculo. Uma minoria tem
um contrato de trabalho em funções públicas, enquanto que uma maioria
tem um contrato individual de trabalho. Somos iguais nos deveres, mas
desiguais nos direitos.
Não queremos a liga dos campeões, nem um prémio que irá causar
discórdia e injustiças. Os enfermeiros sempre serão parte da solução. Se
o governo quer recompensar os profissionais de saúde, pode começar por
nos respeitar e ouvir o que temos para dizer.
* Enfermeiro especialista em saúde infantil e mestre em saúde pública
IN "healthnews.pt"
15/07/20
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Muito bem!
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