16/07/2020

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HOJE NO
"RECORD"
A arrepiante carta da MVP da WNBA: «Tomo 64 comprimidos ao dia»

Elena Delle Donne padece da doença de Lyme e diz que está a ser obrigada a jogar na 'bolha'

O regresso das competições profissionais norte-americanas na 'bolha' de Orlando tem dado que falar pelas precárias condições que têm sido denunciadas, mas a verdade é que há problemas que podem ser considerados bem mais graves do que esses. Um deles foi esta semana partilhado por Elena Delle Donne, uma das mais importantes jogadoras da Liga, que apesar de padecer da doença de Lyme, viu recusado o pedido que fez para não jogar por ser uma doente de risco. Agora, por ter essa condição, a extremo das Washington Mystics diz que só se consegue controlar ao tomar uma dose incrível de comprimidos.
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"Tomo 64 comprimidos por dia e sinto que me está a matar lentamente. E mesmo que não me esteja a matar diretamente, então pelo menos sei uma coisa: é realmente mau para mim. É um ciclo interminável, esgotante e miserável. Mas faço-o na mesma. Tomar 64 comprimidos ao dia é a única maneira de manter a minha condição sob controlo. É a única maneira de me manter suficientemente saudável para jogar o jogo que amo", escreveu ao 'The Players Tribune' a jogadora norte-americana, duas vezes MVP do campeonato (a mais recente em 2019) e por seis ocasiões All-Star.

Delle Donne, de 30 anos, não poupa nas palavras e detalha a forma fria como a WNBA lidou com o seu pedido para não jogar na chamada 'bolha'. "Vivo num sistema imune ao alto risco. Quando a liga começou a analisar os casos dos jogadores para que ver a quem se devia dar a isenção por motivos de saúde, nem sequer pensei que fosse uma questão para mim. Joguei toda a minha carreira com o sistema imunológico de alto risco. O médico que me trata escreveu um relatório completo, a detalhar o meu historial médico e a confirmar o meu estatuto de alto risco. Uns dias mais tarde, o painel de médicos da Liga, sem sequer questionar os meus médicos, informou-me que me iriam negar o pedido de isenção. Agora tenho duas opções: arriscar a minha vida ou perder o meu salário. Honestamente isso dói!", assumiu a jogadora.

Por outro lado, a internacional norte-americana lembra todos os sacríficios que fez, especialmente quando jogou umas finais em condições claramente adversas. "O que fica é o quanto isto me dói. A WNBA foi sempre o meu único sonho e dei-lhe o meu sangue, suor e lágrimas durante oito épocas. Agora dizem-me que estou errada, que sou parva ao acreditar no meu médico. Que estou a fingir uma doença. Que estou a tentar não trabalhar e mesmo assim receber o meu salário. E não posso sequer recorrer. No ano passado joguei as finais com três hérnias. Tomo 64 comprimidos ao dia, não sou uma jogadora que tente evitar jogar", finalizou.

* Terrorismo na NBA feminina.
** Doença de Lyme é uma infecção transmitida por carraça, provocada por spirochete Borrelia burgdorferi. Os sintomas incluem rash cutâneo migratório, que pode ser seguido, semanas a meses mais tarde, por anormalidades neurológicas, cardíacas ou articulares. 
O diagnóstico é principalmente clínico no estágio inicial da doença, mas exames serológicos podem ajudar a diagnosticar complicações cardíacas, neurológicas e reumatológicas. O tratamento é feito com antibióticos como doxiciclina ou ceftriaxona.

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