15/06/2020

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 HOJE NO
"DIÁRIO DE NOTÍCIAS/
/DA MADEIRA"
Costa considera “inadmissível” lei
 para travar Centeno como governador
 do Banco de Portugal

O primeiro-ministro considerou hoje “inadmissível” num Estado de Direito democrático a eventual aprovação pelo parlamento de uma lei “persecutória” que vise impedir Mário Centeno de exercer em breve as funções de governador do Banco de Portugal.
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António Costa deixou este aviso no Palácio de Belém, no final da breve cerimónia de posse de João Leão como ministro de Estado e das Finanças em substituição de Mário Centeno, depois de questionado sobre o projeto já aprovado na generalidade, na Assembleia da República, que visa estabelecer um período de nojo de cinco anos entre o exercício de funções governativas e o desempenho do cargo de governador do Banco de Portugal.

“Num Estado de Direito democrático são inadmissíveis leis ‘ad hominem’ com a função de perseguir pessoas. Não costumo comentar iniciativas parlamentares, mas pela gravidade dessa iniciativa não posso deixar de dizer que é absolutamente incompatível com o Estado de direito democrático”, sustentou o primeiro-ministro.

Ainda em relação a este diploma, que apenas mereceu o voto contra do PS e que segue agora para a especialidade no parlamento, António Costa declarou não perceber - “e seguramente ninguém no país percebe - essa vontade de perseguir Mário Centeno”.

“O doutor Mário Centeno cometeu algum crime? Foi crise ter sido membro do Governo e ter exercido essas funções durante mais de cinco anos? Foi crime os resultados que obteve enquanto ministro de Estado e das Finanças?”, interrogou-se o líder do executivo.

Para António Costa, “fora da bolha parlamentar, ninguém percebe que se faça uma lei com um único objetivo, que é o de impedir a eventual nomeação de Mário Centeno para governador do Banco de Portugal”.

“Isso não é admissível num regime democrático, é inaceitável neste caso concreto e quero acrescentar o seguinte: O Governo responde politicamente perante a Assembleia da República, mas tem as suas competências que resultam da Constituição e da lei - competências que não estão ao sabor das vontades conjunturais”, advertiu.

Ou seja, segundo António Costa, “o Governo exercerá as suas competências e não há nenhuma razão para alterar as competências do Governo sempre essa matéria”.

Nesta questão, o primeiro-ministro procurou retirar o presidente do PSD da tentativa de aprovar uma lei no parlamento apenas dirigida contra Mário Centeno, alegando não ter a ideia de que Rui Rio possui “uma visão mesquinha de que se vinga em atos legislativos daquilo que é o debate normal no terreno político”.

“Seria de uma enorme mesquinhez e não tenho o doutor Rui Rio como uma pessoa mesquinha”, reforçou.

No entanto, em relação ao diploma já aprovado na generalidade e que visa estabelecer um período de nojo entre o exercício de funções governamentais e o cargo de governador do Banco de Portugal, António Costa usou a ironia para admitir que “há pessoas a quem o confinamento deve ter feito mal”.

“Mas nós temos de nos manter com a seriedade, com a calma e com a tranquilidade própria de perceber que vivemos num Estado de Direito democrático. O bom senso deve continuar a prevalecer.

Por razoes conjunturais, não é aceitável que se alterem as competências de um órgão de soberania. Por quererem perseguir o doutro Mário Centeno, não posso aceitar que pretendam atar os pés e as mãos ao Governo, como se isso fosse normal”, acrescentou.

* Apesar de não concordarmos com a ida imediata de Mário Centeno para o BdP, consideramos que ser elaborada uma lei para criar obstáculo a um cidadão honesto que enquanto ministro fez um trabalho pleno de mérito, é de todo desbocada.

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