10/06/2020

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Panteão. Aristides Sousa Mendes une esquerda e direita. “Um dia histórico”

Proposta para conceder honras de Panteão a Aristides Sousa Mendes aprovada por unanimidade. Ventura não participou no debate.

A proposta de Joacine Katar Moreira para conceder honras de Panteão a Aristides Sousa Mendes foi aprovada por unanimidade. A esquerda e a direita uniram-se na necessidade de homenagear o cônsul português em Bordéus que salvou a vida de milhares de judeus na II Guerra Mundial.
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Joacine começou por pedir aos restantes deputados para ajudarem “a reconhecer oficialmente a herança” de Aristides Sousa Mendes, porque “às vezes desobedecer é um ato de absoluta empatia pelo homem”. No final do debate e perante o apoio de todos os partidos ao seu projeto de resolução, a deputada não inscrita considerou que “este é um dia histórico”. Joacine foi aplaudida

A vida de Aristides Sousa Mendes foi recordada por vários partidos para engrandecer a atitude do cônsul Aristides de Sousa Mendes. “O preço da desobediência ao regime e a Salazar foi o fim da sua carreira e um fim de vida repleto de dificuldades”, disse o deputado socialista Pedro Delgado Alves.

O deputado do PS justificou o apoio à proposta com a necessidade de “consagrar a sua memória num espaço onde a pátria homenageia e perpetua os cidadãos portugueses que se distinguiram na defesa dos valores da civilização em prol da dignificação da pessoa humana”.

António Filipe, do PCP, lembrou que Aristides Sousa Mendes “teve os maiores custos pessoais e viu a sua carreira arruinada” por ter salvo a vida a milhares de pessoas”. Os bloquistas, pela voz de Beatriz Gomes Dias, defenderam “inscrever na história e aprofundar a memória de Aristides de Sousa Mendes”.

Direita ao lado de Joacine
À direita, Fernando Ruas, do PSD, felicitou Joacine pela iniciativa e garantiu o apoios dos deputados sociais-democratas desde que a família seja tida em conta neste processo. Do lado do CDS, Telmo Correia defendeu que Aristides Sousa Mendes “foi um herói” e isso deve ser reconhecido.

A Iniciativa Liberal também lembrou a “coragem” e o “heroísmo” do cônsul português que “sacrificou a sua carreira e arriscou a sua vida” para salvar milhares de vidas. “São estes bravos solitários que merecem ser reconhecidos”, disse João Cotrim Figueiredo, deputado da Iniciativa Liberal.

Ventura ausente
André Ventura não esteve presente no debate sobre a proposta apresentada pela deputada não inscrita. O deputado do Chega participou, porém, nos debates que se seguiram sobre outras matérias. O i apurou que André Ventura esteve ausente por ter dúvidas em relação à proposta que pretende dar honras de Panteão a Aristides Sousa Mendes.

O diploma da autoria da deputada Joacine Katar Moreira propõe “homenagear e perpetuar a memória de Aristides de Sousa Mendes, enquanto homem que desafiou a ideologia fascista, evocando o seu exemplo na defesa dos valores da liberdade e dignidade da pessoa humana, concedendo-lhe as Honras do Panteão”.

O projeto de resolução aponta ainda para a criação de um grupo de trabalho para “escolher a data, definir e executar o programa de panteonização de Aristides de Sousa Mendes”. Esta foi a primeira iniciativa apresentada por Joacine Katar Moreira no Parlamento.

No Panteão Nacional estão sepultadas personalidades como os Presidentes da República Manuel de Arriaga, Teófilo Braga, Sidónio Pais e Óscar Carmona e os escritores Almeida Garrett, Aquilino Ribeiro, Guerra Junqueiro João de Deus. No Panteão estão também Sophia de Mello Breyner Andresen, Amália Rodrigues, Humberto Delgado e Eusébio.

“Aristides Sousa Mendes, enquanto figura heroica da memória portuguesa, é património nacional. Legado ético de todas e todos, é uma herança da sociedade civil e, sobretudo, um exemplo virtuoso para as gerações vindouras”

* Esperamos mais propostas de qualidade da sra. deputada.

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