04/06/2020

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HOJE  NO
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Empresários da noite pedem regresso de discotecas para acabar com festas ilegais

Além dos prejuízos no setor, os empresários da noite querem o regresso dos bares e discotecas também para acabar com as festas ilegais. Juntaram-se ontem para definir estratégias e garantem ser “preciso controlar os utentes da noite que estão órfãos de espaços para sair”.


O assunto da reabertura dos bares e das discotecas tem sido empurrado desde que começou o desconfinamento, trazendo por arrasto o início de festas ilegais que juntam dezenas de pessoas sem quaisquer regras de segurança. Festas em cafés, restaurantes, sunsets na praia com direito a DJ – alguns até de madrugada –, brunches que mais não são do que festas disfarçadas e festas em bombas de gasolina são apenas alguns exemplos da vontade que muitos têm de sair, e outros de fazer dinheiro.
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A discutir este assunto estiveram, ontem, os empresários da noite. Juntaram-se fisicamente na discoteca Mome, em Lisboa, e pela rede social Zoom, para trocarem ideias e delinearem um plano para a reabertura. Além da criação de um grupo de trabalho e de reuniões semanais para acompanhar a evolução do estado da epidemia, os responsáveis pedem uma data para a reabertura, sendo crucial que, por exemplo, o setor do turismo reconheça o valor da indústria da noite.



Ao i, José Gouveia, da Associação de Discotecas de Lisboa e do grupo JNcQUOI, referiu que “a noite tem desde já o direito a abrir e demonstrar que há condições para funcionar sem que possam aumentar os casos”. E acredita também que as pessoas já estão “tão educadas quanto ao uso de máscara que a máscara se pode manter numa discoteca”. “Teremos pessoas devidamente formadas para controlar essas situações, teremos restrições ao nível da lotação, que eventualmente terá de ser à imagem do que aconteceu nos restaurantes”, acrescentou José Gouveia. Sobre as possíveis infrações, o empresário defende que “é evidente” que isso pode acontece, “mas acontece em tudo”.

Apesar da vontade demonstrada pelo setor da noite, Augusto Santos Silva, ministro dos Negócios Estrangeiros, admite que as restrições são para manter. Ontem, em entrevista à BBC, em que garantiu que os turistas britânicos são bem-vindos, Santos Silva disse que a diversão noturna terá limites este verão e que serão proibidos ajuntamentos no período da noite.

Discotecas fechadas, festas ilegais abertas
Além dos prejuízos registados no setor nos últimos meses, os empresários da noite querem o regresso dos bares e das discotecas também para acabar com as festas ilegais que se têm realizado por todo o país. José Gouveia explicou que estes eventos “acontecem pelo simples facto de ainda não permitirem que a noite esteja a funcionar”. E são também a prova de que “há vontade por parte das pessoas de sair”.

Segundo o i apurou, este fim de semana decorreu um evento na Margem Sul, num espaço não autorizado, e, noutra zona, um restaurante contratou um DJ e esteve aberto até às quatro da manhã.

Além disso, há pessoas a fazer festas em casa que reúnem mais do que dez ou 20 pessoas. “É preciso controlar estes utentes da noite que estão órfãos de espaços para sair, e a única forma de o fazer é abrirmos as portas com as devidas restrições, todas elas exequíveis”, explicou José Gouveia.

Nestas festas, a tónica não é colocada no facto de ser ou não legal, mas sim, explicou o membro da Associação das Discotecas de Lisboa, na “questão de haver ajuntamentos em zonas não controladas”.
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“Estas situações ilegais provocam um maior contágio por ausência de regulação, por ausência de restrições, e poderão ser a razão de um maior contágio na região de Lisboa”, acrescentou.
José Gouveia fala especificamente dos ajuntamentos nos postos de combustível e diz que, “qualquer dia, vão ter de retirar o álcool das prateleiras de todos os espaços comerciais para que não tenham nada para consumir à noite”, além de que tem testemunhos de eventos deste género durante o dia.

Mas as festas não acontecem apenas na região de Lisboa: este sábado, um bar em Vieira do Minho decidiu festejar o seu aniversário e contou com a presença de cerca de 200 pessoas. Segundo o jornal local O Minho, a GNR encerrou o espaço depois de ter recebido uma denúncia. O dono do espaço alega que tinha uma licença para funcionar até às duas da manhã, mas as autoridades seguem as regras do estado de calamidade, ainda em vigor, que tornam obrigatório o encerramento às 23h.

Revolta com as últimas notícias
De Olhão chegou uma notícia que deixou os responsáveis pelos bares e discotecas revoltados. Esta segunda-feira, António Miguel Pina, presidente da Câmara Municipal de Olhão, escreveu na sua página do Facebook que foi identificado um caso positivo de infeção. O caso, descreveu o autarca, “em desrespeito pelo sacrifício de todos, numa atitude egoísta e irresponsável, resulta de um grupo de cinco jovens adultos, na casa dos 30 anos, que decidiu deslocar-se para fora da região, para participar numa festa de desconfinamento”.
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Sobre este assunto, os empresários da noite lançam a questão: “Como é que podemos dizer que fomos contagiados ali?” E recordam o caso da Coreia do Sul, em que foi dito que um homem esteve numa discoteca e foi ali infetado, levando à perceção de que a noite constitui um risco. “Isto é completamento estapafúrdio”, disse José Gouveia, acrescentando que parece “que estão à procura de um bode expiatório para tomar decisões que, neste momento, já são um pouco descabidas”. Além disso, José Gouveia refere que “esta notícia só queima mais o setor, as pessoas assustam-se, e não ajuda em nada”.
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* Nas áreas circundantes dos negócios da noite só a legalidade é ilegal. Desde atendimento de menores de idade, proxenetismo, tráfico variado desde drogas a seres humanos, extorsão, homicídios, nada se infere daquele fartar vilanagem que se possa traduzir em noite santa. O que os donos de bares e discotecas pretendem é reatar o crime o que tem lógica,  se nas outras áreas de negócio diurno prolifera a ilegalidade, a vigarice e a fraude porque é que a noite há-de ser abençoada?

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