21/04/2020

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HOJE NO 
"DINHEIRO VIVO"
Pandemia já fechou portas a perto
 de um quinto das empresas

Perto de dois terços dos negócios em funcionamento estão com pessoal reduzido, sobretudo, devido a lay-off, apontam dados do INE e Banco de Portugal.

A pandemia e o estado de emergência ditaram já a paragem de perto de um quinto das empresas do país, aponta um primeiro inquérito do INE e do Banco de Portugal à situação dos negócios nacionais divulgado esta terça-feira. Os dados reportam-se à última semana e apontam que são os pequenos negócios e o sector de alojamento e restauração que sofrem um maior golpe na atividade. 
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Segundo o estudo, que terá atualizações a cada semana durante este período excecional, entre 6 a 10 de abril 82% das empresas portuguesas mantinham-se em funcionamento, ainda que parcial. Outras 16% encontravam-se temporariamente encerradas, e 2% tinham fechado portas definitivamente. 

Os negócios mais afetados são os de pequena dimensão. Nas microempresas, a percentagem de negócios parados atinge os 27%, dos quais 3% já não contam voltar a abrir. Nas pequenas e médias empresas, o peso dos negócios com atividade paralisada é já um pouco menor – 16% e 15%, respetivamente – tal como nas grandes empresas, com 14% de encerramentos. 
Por sectores, o grande golpe para a atividade atinge o alojamento e a restauração, onde quase dois terços das empresas tiveram de parar. O inquérito dá conta de 62% de negócios fechados, 7% dos quais para não voltarem mais. 
O segundo maior impacto é sentido na área de serviços, com 18% de paragens, dos quais 1% são encerramentos definitivos. Segue-se o comércio, com 16% de paragens, e 2% de fechos sem regresso previsto. Na indústria e na energia, a paragem atinge 15% do tecido empresarial, com 1% de encerramentos sem retorno, e nos transportes e armazenagem chega aos 14% (1% de fechos definitivos). Na informação e comunicação, as paragens reportadas são todas temporárias e atingem 10% dos negócios. Por fim, a construção e o imobiliário são as áreas menos penalizadas, com 9% de negócios parados, 1% dos quais para sempre. 
Os dados deste primeiro inquérito apontam também que 80% das empresas portuguesas reportam perdas no volume de negócios devido à pandemia. Outras 15% não reportam qualquer impacto. Mas há também 5% dos negócios portugueses que viram a faturação aumentar, e os dados detalhados apontam que são as grandes empresas do retalho as que conseguem ainda assim beneficiar da crise, com ganhos sentidos por 9% dos estabelecimentos comerciais. 
São apesar de tudo uma minoria. As perdas de faturação atingem quase em pleno o alojamento e a restauração (98%) e atravessam a generalidade dos sectores com quebras sentidas sempre, pelo menos, por três quartos dos negócios em cada área. 
Quanto ao volume das perdas sentidas, 37% dos empresários inquiridos dão conta de reduções de pelo menos metade do volume de negócios habitual, mas são naturalmente mais expressivas, se não totais, entre quem já fechou portas. Para esses negócios, a quebra de faturação é no mínimo de 75%. A falta de encomendas e as restrições do estado de emergência são as principais razões que ditam estas reduções.

Só 3% dizem ter mandado pessoal embora
Relativamente ao número de trabalhadores ao serviço, seis em cada 10 empresas reportam uma redução do número de trabalhadores. Mas, inversamente ao que sucede em termos de impacto negativo da pandemia, é nas grandes empresas que mais se concentra a diminuição de pessoal ao serviço: verifica-se em sete em cada 10 grandes negócios. 
Já nas microempresas, há redução de pessoal em apenas cinco em cada 10. No entanto, a proporção dessas reduções é mais profunda, com mais casos de quedas de pessoal superiores a 75%. 
Por sectores, são alojamento e restauração e os transportes e armazenagens que conhecem as maiores reduções de pessoal. 
O recurso ao lay-off simplificado – ao qual terão recorrido já mais de 40 mil empresas, segundo os dados do governo – é a principal causa para a redução do número de trabalhadores ao serviço, justificando quase metade das situações (48%). Noutros 31% de casos esta deve-se a faltas do pessoal, por doença ou para acompanhar familiares. Só 2% dos negócios dizem não ter renovado contratos a prazo, e 1% admite ter despedido pessoal dos quadros. 
Para além do recurso às regras de acesso facilitado à suspensão ou redução da prestação de trabalho (lay-off), é baixa a percentagem de negócios que se socorreram até aqui de outras medidas avançadas pelo governo para lidar com a pandemia. Só 2% diziam na passada semana ter acedido a linhas de crédito, 6% a moratórias de crédito, e 8% à suspensão do pagamento de impostos e contribuições sociais. 
Muitas empresas planeavam ainda aceder a estes apoios, mas é grande a percentagem das que não pensam fazê-lo. Cerca de seis em cada 10 negócios não pensa procurar linhas de crédito públicas ou moratórias da banca. Já o adiamento de obrigações fiscais, está nos planos de perto de metade dos negócios. 
Entretanto, 12% das empresas terão recorrido a crédito adicional em condições semelhantes às de que gozava antes, indica o estudo do INE e BdP. 
Para a frente, os empresários continuam à espera de medidas adicionais de liquidez para sobreviverem. Perto de metade admite não resistir além dos dois meses de duração da atual crise em apoios extraordinários. Há ainda assim 27% preparados para resistir até seis meses, e 24% capazes de aguentar os efeitos da pandemia para além de meio ano. 
O inquérito dá ainda conta das tendências de evolução dos preços praticados, com 90% dos negócios a darem conta de que não mexeram nos preços. Outras 7% reportaram diminuições.

* Portugal económica e socialmente vírico e o antídoto não está nas mãos dos portugueses.

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