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HOJE NO
"OBSERVADOR"
Ex-professor chinês crítico de
Xi Jinping em prisão domiciliária
e sem acesso à internet: "Esta pode
ser a última coisa que escrevo"
Ex-docente, opositor de Xi Jinping que criticou a forma como governo lidou com coronavírus, esteve em prisão domiciliária e está sem acesso à internet. "Esta pode ser a última coisa que escrevo."
Xu Zhangrun, um antigo professor universitário chinês crítico do
presidente Xi Jinping e que escreveu um texto a criticar a forma como o
governo lidou com o surto de coronavírus, foi colocado em prisão
domiciliária e está atualmente sem acesso à internet.
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A notícia é avançada pelo jornal britânico The Guardian, que cita amigos próximos do docente.
No seu texto, intitulado “Viral Alarm: When Fury Overcomes Fear”
(“Alerta Viral: Quando a Fúria Ultrapassa o Medo”, numa tradução livre)
e que foi divulgado no início do mês, Zhangrun considerou que o surto,
que já matou 1.770 pessoas na China, “revelou o núcleo podre do governo
chinês”. “O coração frágil e vazio do edifício instável do Estado ficou
assim à mostra como nunca antes”, lê-se ainda.
O ex-docente, que
foi despedido em março do ano passado da Universidade de Tsinghua por
escrever ensaios a criticar o Partido Comunista chinês e Xi Jinping em
particular — que apelida de o “chairman de tudo” —, já antecipava que
iria ser alvo de “novos castigos”: “Ao escrever como o faço aqui, posso
agora facilmente prever que vou ser submetido a novos castigos; na
verdade, esta pode mesmo ser a última coisa que escrevo, mas isso não
cabe a mim dizer”. E foi precisamente isso que aconteceu.
Desde a publicação do texto que as suas contas de WeChat — uma
aplicação de mensagens — e Weibo — semelhante ao Twitter — foram
canceladas, referem os amigos de Zhangrun.
Segundo um deles, que
falou com o Guardian no domingo sob anonimato, o antigo professor
universitário esteve em prisão domiciliária em Pequim até à semana
passada. Foi a polícia que o prendeu em casa, sob pretexto de ter de ser
posto sob quarentena devido ao novo coronavírus. Uma situação que
começou pouco tempo depois de o ex-docente ter regressado da sua cidade
natal a propósito dos festejos de Ano Novo.
“Ele esteve de facto em prisão domiciliária e os seus
movimentos foram limitados”, disse o amigo, acrescentando que, nessa
altura, não só havia dois agentes à porta de sua casa, como também houve
agentes a irem de propósito a sua casa para o alertarem.
Apesar
de já não estar retido em casa, está sem acesso à internet desde
sexta-feira. “Ele tentou resolver [o problema], mas descobriu que o seu
endereço de IP foi bloqueado”, afirmou ainda o amigo, referindo ainda
que o facto de viver nos arredores de Pequim e de estar “longe de lojas e
outros serviço”, torna a situação “difícil” para antigo docente.
Comunicar
com Zhangrun também não tem sido fácil: ninguém conseguiu falar com ele
por telemóvel no domingo, mas houve um amigo que trocou algumas
mensagens escritas com o ex-professor universitário: “Ele receia estar
sob vigilância. Não respondeu diretamente às minhas perguntas, mas disse
para não me preocupar.”
* O espectáculo da ditadura chinesa, o PCP considera Xi um democrata.
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