30/01/2020

FILIPE SOUSA

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Três pontos de ordem

100 dias passados do novo Governo PSD/CDS, impõem-se três pontos de ordem que são também a prova clara da arrogância e do verdadeiro ADN de quem está na política para servir uns quantos e esquecer, espezinhar e desrespeitar a ética e o trabalho que deveriam orientar qualquer exercício de poder enquanto serviço a uma população:

Ponto 1:
Os 11 milhões anuais para tachos contra os 61 euros que o Governo Regional pretende investir este ano por cada santacruzense. Ou seja, 250 nomeados levam mais por mês do que a população de um concelho, onde o PSD deixou uma herança vergonhosa e atrasos infraestruturais de bradar aos céus. Mas o importante para este Governo é colocar na já pesada máquina da administração pública os seus meninos e meninas, pagos a peso de ouro.

É só abrir o Jornal Oficial e ver a horda de conselheiros técnicos, assessores disto e daquilo, responsáveis por associações, empresas pública, agências e todos esses organismos que têm como principal finalidade alimentar a clientela política com medidas transvestidas de interesse público, mas que não passam de um carnaval sem vergonha, nem respeito.

Ponto 2:
Por falar nesses organismos de utilidade duvidosa, por estes dias uma dita AREAM veio a público lembrar que Santa Cruz não aderiu ao programa de redução de CO2. Ora tal afirmação é mais uma ilusão, para não dizer uma mentira. Santa Cruz, na verdade, tem o seu próprio programa de redução de CO2, com medidas como a eficiência energética e a rede de postos para carregamentos de carros elétricos. De resto, e relativamente a estes pseudo organismos ambientais, a única coisa que nos interessa é não pactuarmos com o aumento de tachos, de agências e sucedâneos com os seus meninos e meninas da já referida clientela partidária. Esta também é uma medida ambiental para melhoria da qualidade do ar que se respira na nossa democracia. E é uma medida da qual não abdicamos

Ponto 3:
O Governo Regional foi convidado por este DIÁRIO a fazer uma auto-avaliação. Como mau pecador, é claro que os verdadeiros pecados ficaram por confessar. Era suposto dizerem do que se orgulhavam e do que se arrependiam. Foco-me apenas num exemplo: A Senhora Doutora Susana Prada arrepende-se, por exemplo, de, e cito, não ter implementado um modelo de penalização para os municípios pelos excessivos consumos de água, decorrentes das perdas na rede pública. Esta senhora tem cá uma lata. Agora que, no caso de Santa Cruz, se começa efetivamente a investir no combate às perdas, vem esta senhora arrepender-se de não nos penalizar, esquecendo que durante trinta anos o partido que agora serve nunca moveu um palha nessa matéria, mesmo em concelhos onde o crescimento da população exigia uma postura séria e responsável.

Mas isto a Senhora Doutora esquece e ignora deliberadamente. O importante é penalizar os municípios, como se os municípios não fossem as pessoas que aqui vivem. Mas, afinal, nada há de novo nesta posição da Doutora Susana Prada. Este sempre foi o modus operandi do PSD. Quando deixou uma dívida descomunal em Santa Cruz, queria aumentar o IMI para ser o povo a pagar os seus desvarios. Agora, e porque durante trinta anos nada fez para combater as perdas de água, quer penalizar esse mesmo povo pelas suas falhas, faltas e esquecimentos. E de caminho alimentar mais uma empresa pública: a ARM.

E é isto: três pontos de ordem e fica o retrato desta gente que nos (des)governa.

IN "DIÁRIO DE NOTÍCIAS DA MADEIRA"
26/01/20

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