14/01/2020

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HOJE  NO 
"AÇORIANO ORIENTAL"
Governo Regional diz ter feito o possível no abastecimento às Flores e Corvo

O Governo dos Açores garantiu esta terça-feira que “fez tudo o que estava ao seu alcance” para restabelecer o transporte de mercadorias às Flores e Corvo, interrompido desde o início de dezembro, mas a oposição criticou a demora na operação.

“Fizemos tudo o que estava ao nosso alcance, dentro dos constrangimentos por todos conhecidos, para que tudo corresse da melhor forma possível”, realçou a secretária regional dos Transportes, Ana Cunha.
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A governante falava na Assembleia Legislativa dos Açores a propósito da rutura no abastecimento às duas ilhas do grupo ocidental do arquipélago dos Açores, após os estragos provocados pelo furacão Lorenzo.

Ana Cunha recordou que o mau tempo no mês de dezembro “tornou praticamente impossível o abastecimento por via marítima, quer às Flores, quer ao Corvo”, o que obrigou o executivo socialista a recorrer à companhia aérea SATA para o transporte de “toneladas de carga” para aquelas duas ilhas.

“Vivemos uma situação extraordinária, que exigiu de nós soluções extraordinárias”, destacou a secretária regional, recordando que os Açores estão situados no meio do Atlântico norte, “sujeitos a fenómenos meteorológicos e geológicos” como “sismos e tempestades”.

A comunicação do Governo Regional ao parlamento coincidiu com a chegada às Flores do navio “Malena”, fretado propositadamente pelo executivo para abastecer aquela ilha, que ficou impedida de receber os habituais navios porta-contentores devido aos estragos provocados no porto comercial pelo furacão.

A secretária regional dos Transportes admitiu, no entanto, que nem tudo correu como planeado, referindo-se aos estabelecimentos comerciais das Flores e do Corvo, que, por falta de abastecimento regular de mercadorias nas últimas semanas, se queixam da rutura de produtos, situação que tem gerado constrangimentos em algumas atividades económicas.

“Consciente da responsabilidade que é atribuída aos comerciantes e de que estes diariamente se confrontaram com reduzidos movimentos comerciais e com as dificuldades de transporte, o Governo dos Açores comprometeu-se já a ressarcir os prejuízos comprovadamente sofridos na sua atividade económica, em termos de impacto nos seus resultados líquidos”, sublinhou a governante.

Ana Cunha anunciou também que o Governo vai criar um regime de incentivos financeiros, destinado aos armadores de tráfego local, para a renovação ou aquisição de embarcações para o transporte de mercadorias entre as ilhas.

Os partidos da oposição não ficaram satisfeitos com as explicações do executivo e não pouparam críticas à demora na ajuda às populações daquelas duas ilhas, que terão estado privadas de alguns bens essenciais nas últimas semanas.

“Estamos a falar de uma situação que se arrasta há demasiado tempo e que tem colocado em causa a economia e a vida dos florentinos e dos corvinos” lamentou Paulo Mendes, deputado do Bloco de Esquerda, que apresentou um voto de protesto para contestar a forma como o executivo geriu o processo de abastecimento de mercadorias às Flores e ao Corvo.

Pelo PSD, a deputada Mónica Seidi acusou o Governo Regional de ter falhado em todo o processo.
“O Governo Regional falhou. Falhou em arranjar uma solução célere. Falhou nos anúncios e demorou demasiado tempo a arranjar a solução mais acertada”, disse.

O líder parlamentar do CDS, Artur Lima, lamentou a “falha grave” do Governo Regional na resolução do problema, atribuindo igualmente culpas à República, por não ter acudido às ilhas do grupo ocidental que, recordou, também fazem parte de Portugal.

“Tem sido uma perfeita trapalhada o abastecimento feito à ilha das Flores”, frisou João Paulo Corvelo, do PCP, enquanto Paulo Estêvão, do PPM, defendeu que “tudo isto mostra o caos e a desorganização profunda do Governo Regional nesta matéria”.

O PS, através do deputado Manuel Pereira, foi o único a reconhecer as dificuldades e os constrangimentos da operação marítima de mercadorias para as Flores e para o Corvo, agravadas pelo mau tempo das últimas semanas.

“Sabemos que não foi o ideal, mas foi aquilo que foi possível fazer-se face aos condicionalismos que todos nós conhecemos”, disse o parlamentar eleito pelas Flores.

* Não temos razões para duvidar das palavras da governante açoriana se se entendermos que "fazer o possível" é ser, por exemplo, incompetente.
Também não acreditamos que se a oposição governasse fizesse melhor, o caciquismo aliado da religião é redutor.

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