16/12/2019

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HOJE  NO 
"JORNAL DE NOTÍCIAS"
Jornalistas da RTP acusam 
Maria Flor Pedroso de 
violar deontologia e de deslealdade

Os jornalistas dos canais televisivos da RTP, reunidos esta segunda-feira em plenário, acusaram a diretora demissionária de Informação, Maria Flor Pedroso, de ter violado "deveres deontológicos" e de "lealdade" para com a redação, no chamado "caso ISCEM".

Em comunicado, a que o JN teve acesso, os profissionais lamentam "a violação dos deveres deontológicos dos jornalistas e de lealdade para com a redação da RTP-TV por parte da diretora de informação demissionária, Maria Flor Pedroso, no decorrer da investigação do chamado "caso ISCEM".
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No documento é também lamentada a "falta de explicações da diretora-adjunta Cândida Pinto", que não participou no plenário, "a quem é imputada conivência com a diretora de informação", no âmbito do mesmo caso.

Os jornalistas explicam que chegaram a esta conclusão tendo em conta a análise dos "factos ocorridos nas últimas semanas na redação", bem como na interpretação das atas do Conselho de Redação.

A reunião realizou-se já depois de ser conhecido o pedido de demissão de Maria Flor Pedroso, que colocou o lugar à disposição, argumentando que, "face aos danos reputacionais causados à RTP, não tem condições para a prossecução de um trabalho sério, respeitado e construtivo, como sempre tem feito". Os restantes membros da direção de Informação, Cândida Pinto, António José Teixeira, Helena Garrido e Hugo Gilberto, também terão colocado o lugar à disposição.

O Conselho de Administração da RTP anunciou, pouco depois ter aceitado, o pedido de Flor Pedroso, por considerar não ter "outra alternativa", senão a de aceder ao pedido, face aos argumentos apresentados, mas apenas por essa razão, destacando a "idoneidade e currículo irrepreensível da jornalista" e agradecendo o seu trabalho desenvolvido "de forma dedicada, séria e competente". Os responsáveis pela estação pública prometem para breve a nomeação de uma nova equipa para dirigir a informação.

O plenário de jornalistas foi convocado para debater o conflito entre a equipa do programa da RTP1, "Sexta às 9", coordenado pela jornalista Sandra Felgueiras, e a direção de Informação.

Em causa esteve um relato feito pela coordenadora do programa, em 11 de dezembro, numa reunião com o Conselho de Redação (CR) a propósito do programa sobre o lítio, em que adiantou que o "Sexta às 9" estava a investigar suspeitas de corrupção no âmbito do processo de encerramento do Instituto Superior de Comunicação Empresarial (ISCEM), que passava pelo alegado recebimento indevido de "dinheiro vivo".

Nesse âmbito, Sandra Felgueiras acusou Maria Flor Pedroso de ter transmitido informação privilegiada à visada na reportagem (a diretora do ISCEM, Regina Moreira), o que a diretora de informação da RTP "rejeitou liminarmente", de acordo com as atas do Conselho de Redação, de 11 de dezembro, e com a posição enviada à redação pela diretora de informação da RTP na sexta-feira, dia 13.
Na posição escrita sobre a "verdade dos factos", Maria Flor Pedroso garante que "nunca" informou a diretora do ISCEM sobre a investigação. Mas reconheceu, porém, ter dito a Regina Moreira para responder por escrito às questões colocadas pelos jornalistas do programa.

Entretanto, mais de uma centena de jornalistas subscreveram um abaixo-assinado contra o "grave ataque à integridade profissional" de Maria Flor Pedroso. No documento, recordam que a profissional "foi escolhida pelos pares para presidir à Comissão Organizadora do 4.° Congresso dos Jornalistas Portugueses, em 2017, uma iniciativa que se revelou um marco na discussão dos problemas da profissão".

* Este é dos  piores e tristes momentos que a conspurcada democracia portuguesa tem. Sempre considerámos a profissão de jornalista como a vanguarda da ética e da liberdade, excluindo-se as desonrosas excepções que por acaso são muitas. Sempre considerámos Maria Flor Pedroso um expoente do profissionalismo e agora temos de aceitar que no melhor pano cai a nódoa.
Não damos importância a assinaturas de defesa neste caso, damos importância aos  factos. No último "Governo Sombra" João Miguel Tavares disse que a situação da jornalista era complicada, não se enganou.Não sabemos se a "deslealdade" vai provocar uma travessia no deserto.

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