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HOJE NO
"JORNAL DE NOTÍCIAS"
Mortes por overdose aumentaram
quase 30% em 2018
As
mortes por overdose aumentaram quase 30% em 2018 e atingiram o valor
mais elevado dos últimos cinco anos, sendo que na maioria dos casos
foram detetadas mais do que uma substância, segundo os relatórios do
SICAD hoje divulgados.
Os
dados do Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas
Dependências (SICAD) hoje apresentados na Assembleia da República
indicam que, nos registos do Instituto Nacional de Medicina Legal e
Ciências Forenses, dos 307 óbitos com a presença de substâncias ilícitas
e informação de causa de morte, 49 foram considerados overdose.
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Os relatórios do SICAD destacam nestas overdoses a presença de opiáceos
(65%), cocaína (51%) e metadona (31%), sublinhando o aumento de casos
quer com opiáceos, quer com cocaína.
Na grande maioria (92%) das overdoses foram detetadas mais do que uma
substância, destacando-se, em associação com as drogas ilícitas, o
álcool (45%) e as benzodiazepinas (20%).
Quanto às outras causas das mortes com a presença de drogas (258), foram
sobretudo atribuídas a morte natural (42%) e a acidentes (38%),
seguindo-se-lhes o suicídio (14%) e o homicídio (3%).
No domínio da oferta, o SICAD diz que vários indicadores apontam para
uma "maior circulação de drogas no mercado nacional numa conjuntura de
grandes desafios, como o crescente uso da internet na comercialização de
diversas substâncias psicoativas e as alterações recentes no papel do
país nas rotas do tráfico internacional".
Quanto às rotas, Portugal tem sido um país de trânsito no contexto do
tráfico internacional de haxixe e de cocaína, em particular nos fluxos
oriundos respetivamente de Marrocos, e da América Latina e Caraíbas, e
que têm como destino outros países, sobretudo europeus.
Os relatórios hoje apresentados dão ainda conta de um "aumento
relevante" em 2018 "da utilização de Portugal em rotas de cocaína com
destino fora da Europa".
"É também de assinalar que, em 2018, todo o haxixe apreendido oriundo de
Marrocos se destinava a Portugal, e a maioria do confiscado com origem
em Portugal se destinava a países europeus", sublinha um dos documentos,
frisando que o papel do país no tráfico de heroína a partir de países
africanos com destino à Europa "tem vindo a ganhar relevância".
Portugal mantém-se igualmente como recente tendência de trânsito "de
consideráveis quantidades de ecstasy proveniente da Europa Central com
destino ao Brasil".
Outra das tendências apontadas no relatório de 2018 relativo à situação
do país em matéria de drogas é a persistência de mais diagnósticos
tardios do VIH+ nos casos relacionados com toxicodependência ou o
aumento do grau de pureza de algumas drogas.
Quanto à potência/pureza médias das drogas apreendidas em 2018, as
autoridades destacam o aumento do grau de pureza do ecstasy (aumento
contínuo desde 2010) e da cocaína (cloridrato) pelo terceiro ano
consecutivo.
Também se registaram aumentos da potência média do haxixe e do grau de
pureza da heroína em relação a 2017, cujos valores médios em 2018 foram
os segundos mais elevados do quinquénio. Em contrapartida, diminuiu o
grau de pureza das anfetaminas pelo terceiro ano consecutivo,
representando o valor mais baixo dos últimos cinco anos.
No sumário executivo dos relatórios relativos à situação do país em
matéria de drogas, toxicodependência e álcool, o Coordenador Nacional
para os Problemas da Droga, das Toxicodependências e do Uso Nocivo do
Álcool, João Goulão, considera que as tendências "evidenciam a
necessidade de respostas céleres e de priorizar as intervenções com
impacto efetivo nos ganhos em saúde destas populações".
"Reiteramos a necessidade de se priorizarem as ações preventivas, que
têm vindo a registar perdas de continuidade e de reforço. Importa também
equacionar a criação de novas respostas que atendam às necessidades dos
utentes da área da Redução de Riscos e Minimização de Danos, bem como
facilitar o encaminhamento destes utentes para as estruturas de
tratamento", acrescenta.
* O tráfico de droga não acaba enquanto nos governos de muitos países existam ligações fortes aos barões da droga.
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