20/11/2019

JOANA PETIZ

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Que estragos faz 
o preconceito ideológico

O preconceito tem piorado a par dos péssimos episódios e das estatísticas cada vez mais negras.
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Só um olhar de longo prazo e sem preconceitos ideológicos, em que todos os intervenientes unam esforços para o bem comum que é a garantia de qualidade e acesso de todos, pode salvar a saúde. A afirmação do presidente do Health Cluster Portugal põe o dedo numa ferida antiga e que nos tempos mais recentes tem sido remexida sem contemplações.
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O estudo em que a OCDE olha para a prestação dos governos europeus, divulgado nesta semana, revela que Portugal é dos países em que mais se desinvestiu em saúde no último ano. Segundo o Sistema Integrado de Gestão de Inscritos para Cirurgia (SIGIC), nos últimos quatro anos – de expansão económica tão apregoada -, o número de pessoas à espera de cirurgias duplicou. Há greves de enfermeiros, de médicos, de pessoal administrativos da saúde quase todos os meses. Há urgências pediátricas fechadas porque não têm médicos para as garantir. E o governo que diz? Numa versão simplista, que é preciso acabar com subsistemas, anular parcerias com o privado e as instituições sociais, pôr fim a alternativas que não sejam exclusivamente do serviço público. Porquê? Porque o governo e as esquerdas que ainda lhe garantem a estabilidade parlamentar são ideologicamente contra essas alternativas, independentemente da comprovada eficácia que possam ter essas soluções.
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O problema é sobretudo mas não exclusivo das esquerdas – a verdade é que os representantes eleitos têm considerado mais importante destacar as diferenças que têm uns dos outros do que empenhar-se numa solução que melhore o estado da saúde para todos. Mas o preconceito tem piorado a par dos péssimos episódios e das estatísticas cada vez mais negras.
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Se o estado da saúde é exemplo do pior que se faz, do trabalho vêm sinais mais animadores. O reconhecimento de Ana Mendes Godinho de que é preciso subir salários mas para isso há que dar condições de crescimento às empresas, em vez de penalizar a sua atividade, o sucesso e os bons resultados – prática que parece constituir desporto nacional -, é um bom sinal de uma mudança de mentalidades a que muito tem ajudado Siza Vieira. Pudesse o superministro chegar a mais áreas…

IN "DINHEIRO VIVO"
16/11/19

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