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Back to basics
Dixit
"Greves, sim senhor - mas não quando o PS está à beira de uma maioria absoluta e o país inteiro fica subitamente impedido de andar de popó."
João Miguel Tavares
Arco da velha
IN "JORNAL DE NEGÓCIOS"
16/08/19
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O Governo e
as remunerações encapotadas
António Costa é dos mais hábeis políticos que têm dirigido o país, consegue transformar crises em vantagens, e o que se passou no caso da greve dos motoristas de matérias perigosas é um manual de como inverter a situação.
Back to basics
"Todos os movimentos acabam por ir longe demais."
Bertrand RussellO Governo e as remunerações encapotadas
António
Costa é dos mais hábeis políticos que têm dirigido o país, consegue
transformar crises em vantagens, e o que se passou no caso da greve dos
motoristas de matérias perigosas é um manual de como inverter a
situação.
António Costa jogou xadrez com o eleitorado e conquistou provavelmente
posições nos eleitores do centro. Mas não encontro melhor olhar sobre o
caso da greve do que estas palavras do advogado Fernando Delgado, num
belo post que escreveu no Facebook e que descreve de forma exemplar uma
das questões deliberadamente escondidas pelas autoridades sobre a greve
dos motoristas - o Governo optou por tolerar remunerações encapotadas.
Aqui
vai, com a devida vénia ao autor: "No meio do nevoeiro lançado pelo
Governo, só há uma coisa em causa neste assunto ou não assunto. Os
motoristas querem que o total que recebem (que não é pouco) pelo seu
trabalho seja considerado retribuição para efeitos fiscais e
contributivos. Porque ganhar dois mil euros por mês e só descontar sobre
o salário mínimo é muito bom para as empresas, que poupam bastante nos
descontos para a Segurança Social e em IRS, mas penaliza os
trabalhadores quando têm de estar de baixa, em situação de desemprego ou
para o cálculo da sua reforma. E penaliza directamente o Estado, que
não recebe as contribuições devidas em impostos e descontos para a
Segurança Social. Só o Governo tem a chave desta questão - e toda a
gente omite isto, ai minha santa comunicação social -, basta que obrigue
as empresas a cumprir a lei. É esta estranha aliança de interesses
entre um Governo socialista calçado em sapatos comunistas e bloquistas e
um patronato que continua a gerir as suas empresas com clara evasão
fiscal que me faz confusão. Ou não, porque realmente é mais fácil atirar
as culpas para o motorista - esse tipo feio, bruto e analfabeto."
Dixit
"Greves, sim senhor - mas não quando o PS está à beira de uma maioria absoluta e o país inteiro fica subitamente impedido de andar de popó."
João Miguel Tavares
Semanada
Este ano, já deram entrada 6.926
pedidos de equivalência de diplomas de ensino por alunos estrangeiros
que querem continuar a estudar em Portugal, um aumento de 366% em
relação ao ano passado • no final de 2018, existiam 16.203 funcionários públicos com idade superior • a
65 anos no final deste ano, cerca de 3.500 médicos continuarão sem
acesso à especialidade devido à falta de vagas nos internatos • ao longo da última década, diminuiu o número de guardas e sargentos da GNR, mas aumentou o número de oficiais •
nos primeiros três meses deste ano, foram decretadas 2.757
insolvências, uma redução de 181 processos relativamente ao mesmo
período do ano passado • a nova versão do "Rei Leão",
estreada em Portugal em meados de Julho, já está perto do milhão de
espectadores nos cinemas nacionais, o que o coloca como o filme mais
visto deste ano • o filme português mais visto foi
"Snu", com cerca de 82 mil espectadores, muito acima dos cerca de 30 mil
até agora registados de "Tony" • o movimento dos
coletes amarelos português anunciou a sua extinção; este ano, 135
pessoas com idades entre os 16 e os 58 anos fizeram pedidos para alterar
o nome e o género no Cartão de Cidadão.
Reflexões monetárias
"Money makes the world go round", cantava Liza Minnelli no filme "Cabaret". E dinheiro é precisamente o tema do sexto número da revista trimestral Electra, editada pela Fundação EDP e dirigida por José Manuel dos Santos e António Guerreiro.
"Money makes the world go round", cantava Liza Minnelli no filme "Cabaret". E dinheiro é precisamente o tema do sexto número da revista trimestral Electra, editada pela Fundação EDP e dirigida por José Manuel dos Santos e António Guerreiro.
Nove artigos desta Electra são sobre o
tema do dinheiro - a sua relação com a guerra, com o poder, com a
escrita, a arte, o luxo, os novos meios de pagamento, a dívida e até a
loucura. Para além deste tema central, monetário, destaco um belíssimo
artigo de Ulf Meyer sobre a Bauhaus, um portefólio de Edmund de Wald com
imagens da sua exposição "Psalm" feita para a Bienal de Arte de Veneza
deste ano. Neste portefólio, criado pelo autor expressamente para a
Electra, fotografias da exposição surgem a par de um texto que percorre a
memória, os livros, os objectos, os sentidos e os lugares. Um outro
portefólio, deslumbrante, é o proposto por Álvaro Siza, "Paisagens de
Papel", que através dos seus desenhos regista um diário de uma viagem ao
Peru.
A figura entrevistada desta edição é o historiador A.J.P
Taylor, autor de numerosos livros sobre a história contemporânea e que
rapidamente se tornou numa estrela mediática graças ao sucesso das suas
obras. Finalmente, destaque ainda para a entrevista feita ao
imunologista António Coutinho, director do Instituto Gulbenkian da
Ciência, e sobretudo para a parte em que fala sobre as questões teóricas
da filosofia da ciência e do processo científico e sobre uma política
para a ciência. A terminar, um belo texto de João Pinharanda sobre uma
exposição de Lourdes Castro em Paris.
Arco da velha
O Governo recuou na decisão que tinha tomado em 2017 e decidiu manter a taxa de utilização de subsolo na fatura de gás.
TV JAZZ
Jon
Batiste é o pianista de serviço a dirigir o grupo de músicos que anima o
"The Late Show With Steve Colbert" na estação de televisão
norte-americana CBS. Batiste é um dos mais conhecidos músicos de jazz contemporâneos graças à sua presença constante num programa de grande audiência.
Na
televisão americana é comum que os talk-shows da noite tenham uma banda
residente e um director musical, simultaneamente líder dessa banda,
tocando ao vivo, em todas as emissões. Jon Batiste vem de uma família de
músicos de Nova Orleães muito ligados à tradição musical local. No
final da adolescência mudou-se para Nova Iorque e estudou numa das mais
prestigiadas escolas de música,
a Juilliard. Ao longo da sua
carreira, gravou com nomes como Wynton Marsalis e Bill Laswell e com a
sua banda, Stay Human, que é aliás a formação que aparece no programa de
televisão já referido.
O seu novo álbum, "Anatomy Of Angels",
foi gravado ao vivo com os Stay Human, ao longo de oito concertos
realizados no Village Vanguard um clube de jazz de Nova Iorque, no
Outono de 2018. Com uma duração de 36 minutos e já disponível no
Spotify, este "Anatomy Of Angels", agora editado, inclui cinco temas -
três peças para trio (duas composições originais de Batiste e o clássico
"The Very Thought Of You" de Ray Noble e duas faixas mais extensas,
tocadas em octeto) - "Round Midnight" de Thelonius Monk e o tema que dá
título ao álbum, da autoria do próprio Jon Batiste.
Com arranjos
cuidados e uma interpretação criativa que, por vezes, junta diversas
influências, este álbum é uma excelente introdução ao trabalho de Jon
Batiste, conseguindo combinar uma sonoridade clássica e uma execução
completamente actual.
A ver o rioFundado
em 1993 pelo hoteleiro Joaquim Machaz, o Alfoz, em Alcochete, tem uma
localização única, em cima do Tejo, frente à zona oriental de Lisboa.
Com duas salas rasgadas para o rio, o Alfoz tem uma tradição de servir
peixe e marisco da melhor qualidade.
Ao longo dos tempos, tem
tido altos e baixos e, numa recente visita, comprovei que está em grande
forma. Comecemos pelo couvert, simples, com bom pão e boa broa,
azeitonas honestas e uma pasta de atum caseira temperada a alcaparras
que está muito acima do que, sob esse nome, se costuma encontrar por aí.
Nas propostas de entradas destacam-se as cada vez mais raras
pontellitas, pequeníssimas lulas fritas, bem estaladiças.
No
menu, há pratos emblemáticos da casa, como cataplana do mar, caldeirada
de línguas de bacalhau com ovo escalfado ou caldeirada de enguias. A
escolha da refeição recaiu numa massada de garoupa e em filetes de peixe
galo com arroz do rio. A massada estava superior, com a massa de
cotovelos ao ponto, tempero acertado, presença abundante de garoupa e de
bons camarões. Os filetes de peixe-galo tinham uma fritura exemplar e o
arroz, caldoso q.b., estava farto de berbigão. Até a salada, que veio a
pedido, estava boa. A terminar o teste final - como está o melão? -
Muito bom, foi a resposta. E, de facto, estava acima da média. Em muitos
locais louvam o melão sem merecimento - aqui foi um conselho acertado.
Lista de vinhos sem grandes surpresas, mas com boa variedade, a preços
razoáveis.
Bom serviço. Boa comida, bem confeccionada. E uma
grande vista, numa zona bem tranquila. Esperemos que não se estrague com
os aviões no Montijo. Alfoz, Avenida D. Manuel I, Alcochete, telefone
212 340 668. Tem parque de estacionamento.
Um museu musical
Volta
e meia, descubro qualquer coisa completamente inesperada. Há uns tempos
que via cartazes publicitários na região de Setúbal e Palmela a
anunciar o Museu da Música Mecânica, localizado no Pinhal Novo.
Os
dias menos soalheiros deste Verão proporcionaram a ocasião para a
visita. Primeira surpresa: o museu é uma iniciativa completamente
privada, instalado num moderno e atraente edifício projectado pelo
arquitecto Miguel Marcelino. O edifício foi pensado para albergar a
colecção de Luís Cangueiro, um empresário da área da publicidade de
exterior que actua sobretudo na margem sul.
A sua colecção
engloba 200 anos de máquinas que produzem ou reproduzem música - desde
realejos a instrumentos, passando por grafonolas, um exemplar do
cilindro de Edison, que foi a primeira máquina de gravação de som, uma
grande colecção de caixas de música e uma magnífica Jukebox Wurlitzer de
1947, que é a peça mais moderna de uma colecção, que se estende por 200
anos.
O museu foi inaugurado em outubro de 2016 e a sua
colecção é constituída por mais de 600 peças que produzem música e se
movimentam por sistemas exclusivamente mecânicos, todos em estado de
funcionamento e que foram produzidos entre finais do século XVIII e a
década de 40 do século passado. A entrada custa 5 euros e o museu está
aberto de terça a domingo, das 14h30 às 18. O Museu de Música Mecânica
tem recebido várias distinções da Associação Portuguesa de Museologia,
um total de sete desde a abertura, entre eles um, recebido já este ano,
pelo catálogo "O Maravilhoso Mundo da Música Mecânica".
O site do museu tem muita informação e é acessível em museudamusicamecanica.com.
IN "JORNAL DE NEGÓCIOS"
16/08/19
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