15/07/2019

MARIANA MORTÁGUA

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A nossa responsabilidade

O Parlamento aprovou recentemente o pedido de declaração de emergência climática. Não foi um ato simbólico porque a ameaça é real. Há hoje mais refugiados climáticos que de guerra.

Queiramos ou não reconhecê-lo, o aquecimento global está a acelerar e dentro de poucos anos a Humanidade terá de lidar com fenómenos irreversíveis de caos climático. Todos os sinais que já se fazem sentir - incêndios, seca, redução de espécies animais, furacões e inundações - são uma amostra e um derradeiro alerta: com o clima não se negoceia, e as receitas atuais não servem. Taxar mais o combustível a quem não tem transporte público aprofunda as desigualdades. A responsabilidade individual da reciclagem não chega para travar o crescimento do plástico. O comércio das licenças de carbono não mudou o modelo energético. 

Havendo hoje consciência sobre esta realidade, a responsabilidade de cada partido é apontar caminhos. Propostas para travar a degradação ambiental acelerada e proteger o país das suas consequências. O programa para a emergência climática, integrado no programa eleitoral do Bloco, é isso mesmo. 

O que propomos é combater as alterações climáticas através do investimento, do emprego, e da redução do défice externo, dotando o país daquilo que tanto faltou no passado: uma estratégia industrial. Investir na ferrovia e na mobilidade elétrica, a partir da produção nacional, não significa só garantir às pessoas o direito ao transporte. Significa reduzir uma das maiores fontes de poluição, ao mesmo tempo que se cria emprego e se fortalece o tecido empresarial produtivo. Investir na produção renovável, e na reabilitação do parque habitacional e edificado público, não significa só melhorar as condições de habitação e poupar na conta da luz. Significa orientar setores "não transacionáveis", como construção, para a redução do défice externo. E o mesmo se aplica à agricultura, onde a negligência das políticas públicas tem permitido uma invasão de explorações intensivas baseadas em mão de obra barata, com consequências dramáticas, sem debate ou discussão. As áreas de intervenção são inúmeras, mas o importante a reter é que o país pode e deve preparar-se para o futuro, ao mesmo tempo que cria uma economia mais produtiva, emprego mais qualificado, e melhores condições de vida para os seus cidadãos. 

Para isso, é preciso um Estado que invista no país, com recursos mas também com uma estratégia. Só uma economia produtiva pode garantir a sustentabilidade das contas públicas. E só uma produção estruturalmente diferente defenderá a sustentabilidade ambiental do Planeta.

IN "JORNAL  DE NOTÍCIAS"
09/07/19

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