16/05/2019

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HOJE NO 
"OBSERVADOR"
Garrafeira deixa de vender 
vinhos associados a Berardo. 
E há apelos ao boicote

Uma garrafeira de Lisboa vai deixar de vender os vinhos do grupo Bacalhôa, associado a Joe Berardo. Apelos ao boicote alastram nas redes sociais.

Na comissão parlamentar de inquérito à gestão da Caixa Geral de Depósitos da semana passada Joe Berardo disse não ser dono de nada e não ter dívidas — mesmo sendo responsável por créditos não pagos de 400 milhões de euros àquela instituição bancária. O empresário nascido na Madeira tem feito negócios em várias áreas, setor do vinho incluído. Muitos não lhe associam o nome aos rótulos da Bacalhôa ou da Aliança, mas há quem esteja atento a isso. A garrafeira e loja gourmet BacoAlto anunciou esta terça-feira um boicote aos vinhos associados a Berardo.
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AH,AH,AH!
Na respetiva página de Facebook, o pequeno negócio localizado no Bairro Alto, em Lisboa, publicou uma nota onde informa que, a partir desta terça-feira, “não compra nem aconselha vinhos das empresas em que José Manuel Rodrigues Berardo é acionista”. “As razões são mais do que conhecidas”, diz, referindo-se à associação de Berardo a projetos como a produtora Bacalhôa. “A vossa atitude pode fazer a diferença”, lê-se ainda na publicação. Ao Observador, o gerente do espaço assegura que a decisão não reflete a qualidade dos vinhos. “Temos perfeita noção de que os vinhos destas empresas são bons. O acionista é que deixa muito a desejar”, diz António Albuquerque.

Mais de 60 vinhos
Mas, afinal, que vinhos estão associados a Berardo? Em 1998, o empresário tornou-se no principal acionista da Bacalhôa, segundo o site da empresa, e investiu “no plantio de novas vinhas, na modernização das adegas e na aquisição de novas propriedades, iniciando ainda uma parceria com o Grupo Lafitte Rothschild na Quinta do Carmo”. Quase dez anos depois, em 2007, a Bacalhôa tornou-se na maior acionista da Aliança, produtor bairradino de espumantes de grande prestígio, também autor de aguardentes e vinhos de mesa. Mais um ano, mais uma aquisição, com o grupo a comprar a alentejana Quinta do Carmo em 2008.

Da Bacalhôa Vinhos de Portugal, S.A. faz ainda parte a Quinta dos Loridos, há muito ligada à produção de espumantes, que deixou de produzir vinho em 2014. Inserida na região dos vinhos de Lisboa, engloba o Buddha Eden Garden — composto por estátuas de terracota, pagodes e Budas, entre outras construções –, idealizado pelo próprio Berardo.

Entre Bacalhôa, Aliança e Quinta do Carmo estão cerca de 60 referências de vinho, dos quais o mais conhecido é talvez o JP Azeitão. A esse acrescentam-se, a título de exemplo, os rótulos Quinta da Bacalhôa, Palácio da Bacalhôa, Quinta do Carmo, Aliança Velha, Espumantes Aliança, Moscatéis de Setúbal, Quinta dos Quatro Ventos, entre outros. A Península de Setúbal é aquela que é representada por mais vinhos (cerca de 20), com as Beiras a ter apenas uma referência.

A Bacalhôa, enquanto empresa, tem adegas em diferentes regiões vitivinícolas do país — Alentejo, Península de Setúbal, Lisboa, Bairrada, Dão e Douro — e uma capacidade total de 20 milhões de litros, 1.500 barricas de carvalho e uma área de vinhas em produção a chegar aos 1.200 hectares, de acordo com a página oficial do grupo.

Contactada pelo Observador, a Bacalhôa não fez comentários até à hora de publicação deste artigo.
Em tempos, Joe Berardo chegou a ter uma participação de cerca de 30% do capital da também produtora de vinhos Sogrape, percentagem que, ao fim de seis anos marcados por batalhas judiciais, acabou por vender à família Guedes, os principais acionistas daquela empresa.

* Apela-se aos melindrados "xicospertos" da garrafeira que boicotem a sua actividade financeira aos BCP, Novo Banco e CGD já que foram as administrações destes bancos e encher os bolsos de Joe Berardo com 864 milhões de euros.  Fantochada melindreira.

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