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IN "O JORNAL ECONÓMICO"
11/01/19
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Sócrates 2.0
A crise na direita, para a qual Rui Rio contribuiu com tanto afinco, é uma das causas que permitiu que a própria direita se renovasse.
Quando
esta edição do Jornal Económico chegar às bancas, a 1ª Convenção da
Europa e da Liberdade vai estar a decorrer. Organizada pelo MEL –
Movimento Europa e Liberdade, e com um programa extenso, vamos poder
assistir a intervenções e debates entre actuais e antigos protagonistas
do centro-direita e representantes da sociedade civil.
Os vários
partidos e projectos de direita aceitaram o convite para debater o
futuro europeu e do país. Aceitaram todos menos o principal líder da
direita, Rui Rio. Convidado a discursar na abertura da convenção, não se
dignou sequer a responder ao convite.
Fechado o primeiro ano do
mandato de Rui Rio enquanto líder, é caso para dizer que não é defeito, é
feitio. Se ao fim de um ano, o que oferece enquanto marca do seu
reinado é a divisão e implosão do maior partido de direita, a nove meses
das eleições legislativas é altura de os restantes partidos e
protagonistas deixarem o PSD entregue ao seu destino. Já não é tempo de
criticar, mas sim de agradecer ao seu líder.
Afinal, é a crise na
direita, para a qual contribuiu com tanto afinco, uma das causas que
permitiu à própria direita que se renovasse. Da minha parte agradeço e
espero que a convenção seja o primeiro passo para um debate positivo e
para a união das direitas.
O novo ano político arranca com a
convenção, com uma contestação social em vários sectores no país a
ultrapassar os anos da troika, uma média de espera de três anos para uma
mera consulta de cardiologia, e a divulgação de uma auditoria do
Tribunal de Contas que esclarece que a dívida do Serviço Nacional de
Saúde a fornecedores cresceu 52% desde a posse deste Governo.
No
entanto, segundo o Governo, nunca o país e a economia estiveram tão bem e
para o provar decidiu avançar com a construção do novo aeroporto do
Montijo. Um projecto megalómano para encher o olho ao eleitor, com um
investimento previsto de 1,15 mil milhões de euros, sem sequer um mero
estudo de impacto ambiental prévio. Estamos em plena época Sócrates 2.0.
Basta recordar o ano de 2008, quando o então primeiro-ministro declarou
que o governo decidira construir o novo aeroporto em Alcochete.
O
estudo do LNEC não deixava dúvidas, era a opção técnica e financeira
mais favorável, garantiu, e a notícia era tão importante e tão urgente
para o país que o primeiro-ministro a quis dar pessoalmente. “Dada a
importância desta infra-estrutura, resolvi eu próprio dar-vos conta da
decisão do Governo quanto à localização do novo aeroporto internacional
de Lisboa”.
Porque recordar é viver, e no caso de Sócrates também
significa um passeio gratuito aos infernos da corrupção, relembro a real
situação financeira do país em 2008, o descalabro económico a seguir,
os actos teatrais do governo a negar os cofres vazios e os anos que
foram necessários para repor a situação económica.
IN "O JORNAL ECONÓMICO"
11/01/19
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