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HOJE NO
"JORNAL DE NOTÍCIAS"
Montenegro acusa Rio de ter tido
"medo" de convocar diretas
O antigo
líder parlamentar do PSD Luís Montenegro acusou, segunda-feira, o
presidente Rui Rio de ter tido "medo" de convocar diretas no partido,
mas mantém a sua disponibilidade de ser candidato, se algum órgão as
convocar.
"Lamento que o
doutor Rui Rio não tenha tido coragem de marcar diretas no PSD. Lamento
que o doutor Rui Rio tenha tido medo de ouvir a voz dos militantes",
criticou Montenegro, no final de uma audiência de cerca de 35 minutos
com o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.
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Questionado
sobre o Conselho Nacional extraordinário, marcado para quinta-feira,
que irá votar a moção de confiança à direção apresentada por Rui Rio,
Luís Montenegro fez questão de dizer que essa reunião não "é a sua
praia" nesta discussão, uma vez que se propôs a ir a votos em diretas.
"Se algum órgão vier a decidir a realização de eleições diretas no PSD, eu sou candidato, obviamente", assegurou.
Luís Montenegro revelou que tinha pedido
esta audiência a Marcelo Rebelo de Sousa ainda antes da declaração que
fez na sexta-feira - na qual anunciou a disponibilidade para se
candidatar à liderança e desafiou Rio a convocar diretas -, mas que hoje
foi possível realizar o encontro no qual trocaram "impressões sobre o
maior partido português", que o atual chefe de Estado já liderou.
Para
o antigo líder parlamentar do PSD, "uma verdadeira clarificação" no
partido só teria "efeito pleno com a pronúncia de todos os militantes".
"Digo
mesmo, que conhecendo as bases do PSD, os militantes do PSD gostariam
de ter tido a oportunidade de se pronunciarem sobre a estratégia e
liderança política nesta altura", afirmou.
Questionado
se poderá apresentar -- através dos seus apoiantes - ao Conselho
Nacional algum pedido imediato de marcação de diretas, Montenegro fez
questão de, por várias vezes, se distanciar da opção por recorrer a esse
órgão para a clarificação no PSD.
"Nunca
esteve nos meus propósitos nem moções de censura nem moções de
confiança. A opção de ouvir o Conselho Nacional é única e exclusivamente
do doutor Rui Rio, a minha sempre foi ouvir os militantes", referiu.
Montenegro respondeu ainda aos que
criticam o 'timing' do seu avanço, a meses de eleições, salientando, em
primeiro lugar, que a estratégia de Rui Rio já completou um ano.
"Tem um resultado, que na minha opinião e de muitos militantes do PSD é um resultado mau", criticou.
Por
outro lado, acrescentou, fazer a clarificação agora permitiria "fazê-lo
em tempo de o PSD poder inverter a situação e apresentar-se a eleições
reforçadas".
Aos que relacionam a sua
disponibilidade, agora, com a necessidade de assegurar lugares nas
listas de deputados aos seus apoiantes, Montenegro respondeu que "é um
absurdo", salientando que ele próprio deixou o seu lugar na Assembleia
da República em abril do ano passado.
"Se
fôssemos por esse caminho, que não é o meu, haverá seguramente alguns
apoiantes do meu lado que possam ter essa preocupação e há muitos mais
do lado do doutor Rui Rio que também têm como preocupação preencher
esses lugares", referiu.
Para o antigo
deputado, a responsabilidade de um eventual desaire eleitoral no PSD nos
próximos atos eleitorais "só pode ser assacada a quem conduz a
estratégia do partido" e considerou que a sua atitude pode até ter um
efeito positivo.
"O doutor Rui Rio teve
medo, não teve coragem e não marcou eleições diretas, mas sei uma
coisa: a partir deste momento vamos ver um seguramente PSD mais ativo e
mais focado em fazer aquilo que o país precisa -- ser uma alternativa ao
PS e ao Governo", considerou.
A
reunião do Conselho Nacional extraordinário do PSD para submeter à
votação a moção de confiança do presidente Rui Rio realiza-se na
quinta-feira, no Porto, às 17.00, disse hoje à Lusa o presidente deste
órgão, Paulo Mota Pinto.
O Conselho
Nacional extraordinário do PSD reúne-se num hotel do Porto tendo como
único ponto na ordem de trabalhos a apreciação e votação, nos termos do
artigo 68.º dos estatutos, de moção de confiança à comissão política
nacional do PSD.
O artigo 68.º dos
estatutos do PSD determina que "as moções de confiança são apresentadas
pelas Comissões Políticas e a sua rejeição implica a demissão do órgão
apresentante".
* Da sobriedade (Rui Rio), à fanfarronice (Luís Montenegro).
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