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IN "SOL"
02/11/18
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No reino de Tancos
Ainda hoje, naquele país longínquo, ninguém encontrou arrazoada explicação para o ofício do monarca, acompanhado na íntegra pelo senado, que decretou a extinção daqueles dois ramos da administração
Um dia, um imperador de um país distante, que era mais louco do que o
maior de todos os loucos dos seus súbditos, ouviu a um dos seus
generais uma história rocambolesca. Dizia o patenteado oficial que os
seus heróicos homens tinham recuperado o armamento que um ano antes fora
roubado da fortaleza central, o que tanto deixara amalucado o povo e a
realeza. Fora apenas isto, e sua majestade aí encontraria motivo de
regozijo, momento para deglutir uns nobres pastéis de Belém, fazer uma
infusão de paracetamol, dar um mergulho numa praia chamada Guincho e
mesmo um xoxo com língua numa velha. Mas a coisa era feia, cabeluda e
trazia na cauda a traição, acrescentava o general: é que o roubo até
poderia ter sido evitado não fora a sua polícia criminal e a procuradora
do reino, com a incumbência de zelar pela segurança do burgo, se terem
mancomunado com os ladrões.
Ainda hoje, naquele país longínquo, ninguém encontrou
arrazoada explicação para o ofício do monarca, acompanhado na íntegra
pelo senado, que decretou a extinção daqueles dois ramos da
administração. E sua majestade, durante os muitos e felizes anos que
reinou, nunca teve um assomo de que fora ele o enganado, e logo por um
general de grande lucidez.
IN "SOL"
02/11/18
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