20/09/2018

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Reitor da Universidade de Lisboa 
faz duras críticas à política para
 o ensino superior

Na abertura do ano académico, o reitor da Universidade de Lisboa, António Cruz Serra, lamentou o encerramento de várias vagas para novos alunos, a falta de financiamento e os ataques à autonomia universitária.

António Cruz Serra aproveitou a audiência de Estado desta sessão especial de abertura do ano académico, que será também a última aula do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, para tecer duras críticas no que diz respeito à política para o ensino superior, sobretudo relativamente ao encerramento de vagas para alunos, a falta de financiamento e outras medidas que considera ser um ataque à autonomia universitária.
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“O total de 7214 novos estudantes que este ano recebemos na Universidade de Lisboa, após a primeira fase do concurso nacional de acesso ao ensino superior é, lamentavelmente, menor do que em anos anteriores”, começou por dizer o reitor de Lisboa, referindo-se claramente à decisão do Governo de encerrar vagas em Lisboa e no Porto, para valorizar as instituições do interior.
“Não podemos compreender que o nosso Ministério force as melhores universidades a fechar as suas portas a excelentes estudantes, quando tinham todas as condições para os receber”, afirmou António Cruz Serra.

Para dar ênfase às afirmações feitas, o reitor deu dois exemplos: “As instituições de Lisboa e Porto perderam este ano, por imposição governamental, 1066 vagas”. Já as 31 instituições do Algarve, ilhas, interior, Coimbra, Aveiro e Minho receberam apenas mais 98 alunos do que no ano anterior.

“Nunca será com tais medidas, que impedem os jovens de estudar nas universidades mais prestigiadas do país e melhor qualificadas nos rankings internacionais, que promoveremos o desenvolvimento do interior do país”, disse, sublinhando ainda que “o que Portugal precisa é de assegurar um aumento da base de recrutamento do seu ensino superior, no país e no estrangeiro”.

O reitor criticou também “muitas medidas legislativas recentemente tomadas em total desconsideração pela autonomia universitária”, começando por aquela de que resulta “a contratação sem concurso do seu pessoal docente e investigador”.

 “Não imagino medida que mais violentamente fira o legado de José Mariano Gago que, contra a endogamia, soube construir um sistema científico baseado no recrutamento por mérito, através de concursos internacionais”, reiterou.

Mas António Cruz Serra não deixou as críticas por aqui, e falou ainda de uma “inexplicável campanha político-sindical de ataque aos reitores e aos dirigentes das escolas com o objetivo de os fazer recuar na defesa da autonomia, da qualidade de recrutamento do corpo docente e de investigação, bem como da sustentabilidade financeira e da autonomia da universidade pública”, terminou.

* Corajoso o reitor da Universidade de Lisboa.

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