30/08/2018

NUNO PEREIRA DA SILVA

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A pseudo-cabala
 contra os Comandos

Os mesmos organizadores que promoveram a tentativa falhada de entrega de espadas ao PR, no ano transacto como sinal de protesto e de insatisfação contra o regime, estão este ano a organizar para dia 8 de setembro um almoço de apoio ao Coronel Comando Pipa Amorim, por ocasião da sua passagem à reserva, na sequência da sua recente substituição como comandante do Regimento de Comandos.

Os organizadores do evento estão a aproveitar o delicado momento em que a Instituição se encontra, mercê de algum mal-estar, devido às imponderadas atuações do CEME, no vergonhoso caso do desaparecimento de armamento e munições de Tancos, bem como das draconianas reduções de efetivo, que à Instituição têm sido impostas pelo poder político, para fazer ressurgir ideologias nacionalistas e populistas no seu seio.

Que a atual corrupção existente no país, sempre realçada como pretexto para a sublevação, nos entristece a todos como povo; que os nossos governantes e o atual sistema Judicial, a não têm sabido combater eficazmente, são factos indiscutíveis. Não obstante, não é por via revolucionária que esta se deve combater.

O Exército Português é uma Instituição séria e credível, pedra angular da democracia liberal, e da nação, enquanto entidade politicamente organizada. Os seus militares têm, num estado de direito democrático e liberal, de estar subordinados ao poder político.

Estamos graças aos nossos camaradas mais antigos, que fizeram o 25 de abril, e o 25 de novembro, num regime em que há eleições livres e justas, e em que tem havido rotatividade no poder, quer ao nível Nacional, quer autárquico.

Cabe ao poder político nomear e demitir as chefias, que enquanto no exercício do poder legítimo nomeiam e desnomeiam os seus comandantes subordinados.

O Coronel Pipa Amorim, camarada que muito prezo, foi um bom Comandante do Regimento de Comandos, tendo sido, legitimamente nomeado, e também legitimamente desnomeado e substituído por outro Oficial.

Ninguém quer acabar com o Regimento de Comandos, nem existe nenhuma cabala contra eles, como ele publicamente afirmou, pois estes são uma boa tropa especial com obra realizada no passado e no presente. Ninguém quer acabar com o Regimento de Comandos , por terem estado envolvidos no 25 de novembro, nem quer desmerecer a memória dos seus heróis, até porque é a eles que devemos o estabelecimento da democracia liberal no país. O que a nação não tolera, é que é só no Regimento de Comandos, que existam recorrentemente mortes em instrução, cujas causas têm e devem ser investigadas pelo Ministério Público.

As Forças Armadas não estão, nem podem estar acima da lei.

O almoço de apoio ao Coronel Amorim não pode nem deve ser uma manifestação anti-democrática. Nós todos jurámos defender a Pátria e a Constituição da República, pedra basilar da nossa democracia liberal.

Coronel da Infantaria na reserva

IN "DIÁRIO DE NOTÍCIAS"
21/08/18

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