03/08/2018

FELISBELA LOPES

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Pesadelos de verão

Na próxima semana, muitos de nós abrem uma tão ambicionada temporada de férias, mas um período de descontração pode facilmente preencher-se com desgastantes experiências. Enunciemos dez e pensemos se não protagonizaremos algumas delas...

Acelerar. 
Apesar de este ser um tempo para nos desviarmos da pressão do relógio, muitos continuam a carregar a fundo no acelerador ou a fazer crescer os quilómetros do controlador de velocidade do carro. Por isso, quem arrisca a faixa de rodagem mais à esquerda da autoestrada tem de estar preparado para aqueles que acionam luzes com alguma distância ou se aproximam demasiado do nosso veículo para nos instigar a fugir para a direita. 

Falhas de sinalização. 
Circular pelas estradas secundárias portuguesas sem GPS é uma aventura. A sinalização das estradas é permanentemente descontinuada, sendo impossível cumprir qualquer rota, sem ziguezaguear por caminhos estranhos ao percurso que queremos cumprir. 

Obras nas estradas. 
Repavimentações, alargamento de faixas, construção de rotundas, criação de passeios em estradas de tráfego mais intenso... As vias rodoviárias abrem amplos canais de criatividade ao nível das intervenções (im)possíveis para os meses de verão. 

Filas. 
Visitar museus, fazer uma refeição num restaurante, proceder ao check-in num aeroporto ou hotel... no verão tudo tem outro ritmo, principalmente em agosto. 

Reserva de espreguiçadeiras nos hotéis. 
Quem frequenta unidades hoteleiras situadas perto do mar conhece bem o péssimo hábito de estender manhã cedo toalhas de praia nas espreguiçadeiras que ladeiam as piscinas e fazê-las permanecer aí todo o dia. Estão ali a guardar um lugar que será ocupado apenas por escassas horas. Este reprovável comportamento é transversal a pessoas de várias geografias e transforma facilmente as piscinas em espaços onde, em determinados momentos, se veem mais toalhas do que pessoas. 

Pistolas de água. 
No mar, nas piscinas ou em pleno areal, quando menos se espera, lá levamos com um vigoroso jato de água, originário de uma pistola atabalhoadamente manuseada por uma criança a quem os pais entregaram aquele brinquedo, sem pensar no quanto pode ser irritante para os alvos involuntários dessas brincadeiras.

Bolas. 
Jogar à bola na areia húmida da praia é um atrativo para muitos. Todavia, seria prudente saber que as bolas mais duras não devem entrar em jogo. Porque podem magoar (muito) quem leva com elas, apenas porque é alvo da má pontaria de um jogador mais inábil. 

Lixo na praia. 
No verão, parte do nosso turismo cresce graças às praias. Que deveriam merecer mais atenção dos diferentes responsáveis pela gestão dessas áreas, porque ali está uma marca imbatível do nosso território. Grande parte dos areais e respetivos acessos enchem-se de lixo. É pena que ninguém considere isso uma falha a combater. Rapidamente e em força. 

Excesso de tecnologia. 
Em período de férias, muitas pessoas continuam ausentes dos espaços que partilham com quem as acompanha de tão viciadas que estão nas redes sociais. E ali estão elas, sem propriamente estarem ali. Estarão em espaços virtuais, convencidas de que partilham com muitos "amigos" as suas experiências. Ao incómodo que a observação dessas práticas nos pode provocar soma-se ainda o desconforto de ouvir à força certos palratórios que se multiplicam ao telemóvel e que, por norma, são declinados em altos decibéis.

Poluição sonora. 
As autarquias portuguesas têm encontrado nos festivais de música popular um meio para preencher a agenda cultural e, ao mesmo tempo, atrair uma franja alargada da população. O problema está no excesso de iniciativas dessa natureza que facilmente saturam o espaço público. Que profícuo seria se certos municípios ousassem criar marcas distintivas no campo musical, nomeadamente neste período.

IN "JORNAL DE NOTÍCIAS"
27/07/18

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