21/06/2018

JOSÉ MANUEL MORNA RAMOS

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“Take another plane”!

A compra de passagens aéreas funciona como um leilão com a particularidade de, ora apresentarem no site, 3 hipóteses de viajar a preços impossíveis

Já antes aqui escrevi sobre as ilhas, referindo as suas particularidades, umas positivas e outras negativas, sendo que uma delas, negativa, são os seus acessos. Sabemos que dispomos exclusivamente de dois acessos, o aéreo e o marítimo. Assim o nosso especial cuidado como ilhotas, é saber quem nos está a ligar ao continente ... que é também o mesmo que nos pode desligar! Certo?

A empresa transportadora aérea que durante dezenas de anos, fazia a nossa ligação ao restante espaço português, em regime de exclusividade, e que prestou óptimos serviços, com muita responsabilidade e competência dos seus funcionários, superando sempre muitas adversidades - embora com uma contabilidade muito avariada - neste momento mudou. E não mudou de nome, mas mudou tudo o resto. Agora, esta empresa - com capitais privados e do Estado - presta serviços livremente como qualquer outra e sofreu alterações, na gestão, no comando operacional, organizativo, logístico, sei lá, ... tornando-se um tremendo problema nas deslocações aéreas, pelas disfunções, permanentes, diárias que está a provocar - sem nada ter a ver com o vento e as alterações climatéricas. Nas ilhas e no País! Voos cancelados, atrasos sistemáticos, por vezes de várias horas, situações conflituosas nas portas de embarque, muitos voos em “overbooking” - solicitando insistentemente aos passageiros para mudar de avião - de livre vontade e com indemnização pecuniária ... e nem ainda falei dos preços exorbitantes das passagens aéreas. Nem outras situações graves a bordo, que merecem comprovação! A compra de passagens aéreas funciona como um leilão, com a particularidade de, ora apresentarem no site, 3 hipóteses de viajar a preços impossíveis ... sempre com poucos lugares disponíveis... ora, já existem o dobro dos voos, com alguns deles a preços normais e aceitáveis. A hora do dia e da noite em que se vai á net visitar o site da companhia, decide o número de voos disponíveis e os seus preços. Dirão alguns de vocês: - Isto é um negócio e não uma casa de caridade! Certo! Negócio é negócio, mas em qualquer negócio conhecem-se as regras de jogo ... aqui é “sacanagem” pura - esta linguagem é para os brasileiros perceberem - com especulação e oportunismo barato á mistura! É desonesto fazer sujeitar as pessoas que viajam a estas anomalias, passando-se o mesmo com os próprios funcionários de serviço nos balcões, que têm de explicar aos hiper-stressados passageiros, as sistemáticas ordens que lhes são superiormente encomendadas. Não vejo esta atitude em outras companhias aéreas! O sistema stopover, que é uma artimanha negocial brilhante - mas que não tem sustentação operacional - cria paragens e interrupções nas viagens dos turistas que nos visitam. Mas, como fazem uma interrupção programada e voluntária, a companhia tem de os proteger. E assim, quando têm de voltar a voar, vão ocupar os lugares do overbooking sistemático, organizado pela empresa, com prioridades de acesso, ocupando os lugares de passageiros com reservas, que, sem qualquer explicação lógica, não têm lugar reservado no avião e no check-in ficam inevitavelmente em terra.

Uma gestão pouco transparente, lesiva dos princípios gerais, gestão abusadora, visando um lucro sem quaisquer regras e escrúpulos.
Outro dia falei com um chefe de cabine, brasileiro, que estava a responder a um passageiro, dizendo que não falava francês ... tendo eu sugerido que talvez o passageiro falasse inglês. Resposta imediata do funcionário: - Também não falo inglês! Parece mesmo a anedota ... - Num anúncio de jornal lê-se: Pretende-se: indivíduo maior, sexo masculino, com serviço militar cumprido, falando alemão fluentemente! Aparece um maltrapilho, na fila do “guichet” ... sem nenhum dos atributos solicitados e responde: - Vim aqui só dizer para não contarem comigo! Esta é a imagem da transportadora aérea, ainda com capital nacional, portanto público, isto é, nosso, a gerir serviços, transportando pessoas, usando métodos discriminatórios entre os passageiros pagantes, protegendo uns e prejudicando outros, sem piedade, nem educação.

Mas como estamos ainda a pensar, na nossa serenidade, com alguma lógica, que os problemas dos transportes aéreos são os ventos e o seu controlo remoto, esquecemos que estamos a ser manipulados por pessoas de má fé, cujo objectivo é o lucro a qualquer preço. Reconheço que há negócios na hotelaria, onde se controlam os preços das vendas mediante a procura dos mercados e que, quando há mais procura ou nas épocas altas, os preços sobem. Não é disso que se trata! Nos transportes aéreos internos, entre continente e ilhas, quando não há alternativas suficientes, e, se não existir protecção adequada, quem se lixa é o “mexilhão”! Se não sabem como fazer, copiem o que fazem os outros parceiros europeus com transportes aéreos para as ilhas: Espanha, França, Itália, Grécia, etc!

Não queremos estar a apelidar a transportadora aérea portuguesa,... em tom de gracejo... de: Take Another Plane, porque não resolvemos nada deste nosso problema. Ao mesmo tempo também, espero que tudo isto não se trate de mais uma artimanha ou uma jogada de “póquer” político do Dr. Costa, feito á medida, para ficar resolvido com facilidade, se mudar a cor política regional!
P.S. 1º - Questiono outra vez as autoridades, se os peões nas passadeiras, podem usar o telemóvel!
P.S. 2º - Quase 70 anos após o fim da guerra na Península da Coreia, aconteceu a paz ... com os EUA pelo meio!
P.S. 3º - Ainda não chega de aberturas de telejornais com o Bruno?

IN "DIÁRIO DE NOTÍCIAS DA MADEIRA"
20/06/18

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