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IN "JORNAL DE NEGÓCIOS"
11/06/18
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Entrevista com Deus
Especial Dia Mundial do Ambiente
Fazer universos é uma chatice porque não dá para fazer dois iguais, ou levas uma talhada da SPA. No fundo, Deus é uma espécie de Walt Disney. Cada universo que crio é um parque temático.
Negócios: Esta semana, festejámos
o Dia Mundial do Ambiente, bem como o Dia Mundial dos Oceanos, por isso
nada como entrevistarmos aquele que é o criador disto tudo. Olá, Deus.
Lembra-se de ter tido a ideia de criar o universo?
Deus:
Olá, é um prazer estar aqui e em todo o lado ao mesmo tempo. Por acaso,
lembro-me. Estava sem nada para fazer e dei por mim a pensar: olha,
deixa-me cá ir à net. Mas não havia net. Pensei: ui, tu queres ver que
me cortaram a net. Mas não. Era eu que ainda não tinha inventado nada.
Por isso, decidi criar um universo, a ver o que acontecia.
Neg: E foi assim tão fácil?
Deus: Sim.
Quer dizer, ainda fui ver se havia subsídios para quem quer criar
universos, mas nada. Tive de fazer tudo do meu bolso. E depois a malta
da agropecuária ainda se queixa.
Neg: E foi rápido?
Deus:
Levei para aí uma semana. Podia ter levado menos tempo, mas no
princípio havia uma escuridão enorme sobre todas as coisas, por isso
tive de trabalhar à base das apalpadelas. Foi então que percebi que
faltava a luz.
Neg: Foi quando inventou a luz?
Deus: Exacto.
Fiz a luz e as rendas da EDP! Quando a luz veio, foi uma surpresa. Não
fazia ideia de que o universo era um T3 e, finalmente, encontrei as
meias que me tinham desaparecido. Vocês têm de perceber que isto de
fazer o universo é bastante semelhante a fazer obras em casa. A primeira
coisa é a electricidade. Sem luz, não dá para instalar os aparelhos,
etc.
Neg: Mas não ficou por aí.
Deus: Não.
Comecei a ficar com a síndrome do autarca. Já só me apetecia fazer mais
obras e resolvi pôr um firmamento. Era para ter posto um firmamento
todo em porcelana, mas o orçamento era uma loucura. Pouca gente sabe que
aquilo é tudo em contraplacado. Daqui por mais oito biliões de anos,
por causa das águas e da humidade, o firmamento vai começar a ficar baço
e a dar de si, mas não dava para tudo.
Neg: Mas também entretanto, nós temos ajudado a estragar um bocado o nosso planeta. Enchemos os oceanos de plástico, poluímos o ar.
Deus:
Sim, é verdade. Mas o vosso planeta já não era grande coisa. Aqui para
nós, eu tinha um orçamento muito reduzido e gastei quase tudo a fazer
Neptuno.
Neg: Como assim?
Deus:
Por exemplo, para o vosso planeta ficar bem feito, eu precisava de ter
terraplanado tudo e depois é que mandava pôr as placas tectónicas, com
uns caixilhos em alumínio. Ficava mais feio, mas evitava que andassem a
bater umas nas outras e a fazer terramotos. A terra precisava de uma
marquise em alumínio.
Neg: Se pudesse voltar atrás, o que é que mudava no mundo?
Deus: Nada.
Fazer universos é uma chatice porque não dá para fazer dois iguais, ou
levas uma talhada da SPA. No fundo, Deus é uma espécie de Walt Disney.
Cada universo que crio é um parque temático. Vocês não imaginam um
universo que eu fiz com pão ralado. Não façam esse ar de superioridade. É
um mundo muito melhor do que o vosso. As pessoas de Pão Ralado são
felizes. Só quem já foi panado sabe do que estou a falar.
IN "JORNAL DE NEGÓCIOS"
11/06/18
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