HOJE NO
"JORNAL DE NEGÓCIOS"
Concorrência extingue venda da
.Media Capital atacando o negócio
A Autoridade da Concorrência já declarou extinto o procedimento de compra da Media Capital pela Altice, anunciou o supervisor.
A Autoridade da Concorrência declarou extinto
o procedimento de compra da Media Capital pela Altice. Acaba por não se
pronunciar no âmbito da notificação de concentração, mas a entidade
liderada por Margarida Matos Rosa vai dizendo que esta operação teria
custos de 100 milhões de euros para os concorrentes, o que poderia
acabar por se reflectir nos consumidores.
.
PRESIDENTE DA "AC" |
No
comunicado em que revela o fim do processo, por extinção do
procedimento, a Autoridade da Concorrência justifica que não aceitou os
compromissos propostos pela Altice por serem "insuficientes e
desadequados para assegurar a manutenção de uma concorrência efectiva
nos mercados de telecomunicações e de media e, dessa forma, não
permitiriam afastar os impactos nefastos da operação de concentração
sobre a concorrência nos mercados e sobre os utilizadores finais dos
serviços em causa".
Para a Concorrência, aliás, os compromissos
"resultariam num mero conjunto de intenções, de difícil especificação e
monitorização, facilmente contornáveis ou manipuláveis pela empresa",
além de que introduziriam "um nível de rigidez no mercado e de
intervenção nas 'normais' negociações entre operadores de
telecomunicações e de produtores de canais que, no limite, contribuiriam
para distorcer o 'normal' funcionamento do mercado".
É
assim que a AdC acaba por responder à Altice, que atacou a entidade por
considerar a recusa dos remédios propostos como injustificada. A
Concorrência tem outra leitura: esses compromissos "acarretariam um
conjunto de insuficiências de especificação e de riscos de monitorização
e de incumprimento", sendo "facilmente contornados ou manipulados, bem
como potenciariam uma distorção dos mercados". E por isso não foram
aceites. A AdC revela, por outro lado, que a "Altice nunca mostrou
disponibilidade para oferecer compromissos de natureza estrutural". E na
véspera do prazo para se iniciar a audiência prévia ao projecto de
decisão, a Altice comunica a desistência do processo.
A decisão
final não será assim tomada, mas no âmbito das investigações feitas pela
Concorrência, a Autoridade acredita que o negócio acabaria por ser
prejudicial para os consumidores, com "riscos sérios de entraves à
concorrência nos mercados de telecomunicações e de media". Para a
supervisora, a Altice "passaria a deter a capacidade e um claro
incentivo para impedir o acesso ou para cobrar preços mais elevados a
outras plataformas concorrentes pelos conteúdos e canais da Media
Capital". Uma estratégia, acrescenta a entidade, lucrativa para a
Altice/Media Capital. E a "ameaça credível" de perda de acesso aos
canais TVI "habilitaria a Altice/MEdia Capital a cobrar preços mais
elevados".
A AdC conclui que a Altice poderia utilizar o negócio
de televisão "para reforço da sua quota e respectivos lucros" nas
telecomunicações.
Também os canais de televisão concorrentes à
TVI saíriam, no entender da AdC, prejudicados, com a possibilidade de
terem "piores condições de preços, qualidade de serviços e
posicionamento na grelha".
* Acabou o cheiro a esturro.
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