22/04/2018

EDUARDO DÂMASO

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Rui Rio e os 
cúmplices da bancarrota

A par das negociações de regime que mantém com o Governo em matéria de descentralização e fundos europeus, Rio avançou para um discurso mais acutilante e muito mais certeiro: contra o branqueamento dos grandes devedores da banca

O líder do PSD já percebeu que não chegará a lado nenhum se não tiver um bom resultado nas legislativas de 2019. Se for humilhado nas legislativas nunca chegará a saborear o momento para que quer estar preparado, que é aquele em que os governos perdem eleições. Por isso, a par das negociações de regime que mantém com o Governo em matéria de descentralização e fundos europeus, Rio avançou para um discurso mais acutilante e muito mais certeiro, explorando a margem que lhe é dada pela instabilidade da geringonça, dividida entre consolidação orçamental e mais investimento público, exigido pelo BE e PCP.

Rio evidenciou a fraqueza do Governo perante a função pública, mas não só. Pergunta – e muito bem – porque andamos a pagar a pesada factura do Novo Banco e da CGD, a bater nos 8 mil milhões de euros, e não se aumenta a função pública ou estimula a economia real. Pergunta – e muito bem – porque não temos sequer direito de saber quem são os grandes devedores daqueles dois bancos.

Rio remete para um debate de que todos andam a fugir, pegando num argumento tradicionalmente associado aos partidos de esquerda mas que estes escandalosamente quase largaram. Os rostos deste debate são óbvios, do lado de quem abriu a porta para o mais vergonhoso ciclo de politização da concessão de crédito bancário. Sócrates, Vara, Santos Ferreira, Teixeira dos Santos são os mais óbvios mas a discussão queima também todos os que nesses anos negros de 2005 a 2011 estiveram calados e foram cúmplices pelo silêncio. E este é um tema que não pode ser esquecido, sob pena de estarmos a remeter para uma mera nota de rodapé tudo o que nos levou à desgraça do resgate da troika.

Os mestres do maniqueísmo político e moral já não têm Pedro Passos Coelho como alvo comum, mas continuam a sofrer de uma amnésia selectiva. Pedem a António Costa para não repetir Vítor Gaspar e Maria Luís Albuquerque. Certo! Ninguém quer regressar a uma austeridade cega. Mas tenham a coragem de não ficar por aí. Não esqueçam os culpados da loucura que nos empurrou e continua a empurrar para o abismo. Foram eles, nesses governos de Sócrates, que construíram a política de rendas que pagamos na energia, nas estradas e na Saúde. Foram eles que nos conduziram à pré-bancarrota, mas são eles que são estranhamente poupados pela retórica delirante de uma parte da esquerda, que não consegue recuar para lá de 2011.

A equipa especial para o futebol
A procuradora-geral da República determinou a criação de uma equipa especial de magistrados do Ministério Público (MP) para investigar os processos mais importantes do futebol. É um passo importante se representar uma aproximação real entre o MP e os investigadores da PJ e, com isso, corresponder a um elevado padrão de eficácia. Concentrar recursos nesta área tão minada por interesses tão fortes e tão complexos sem pensar em resultados sérios pode ser contraproducente. Se nada acontecer, o sentimento de impunidade atingirá um perigoso zénite num mundo onde já é hoje muito evidente a infiltração de lógicas criminais típicas do crime organizado, seja de colarinho branco ou daquele que acompanha o funcionamento e financiamento das claques.

Um exemplo dado pela ASFIC/PJ

Como pode a doutrinação e o financiamento do terrorismo islâmico passar por investigações realizadas em Portugal, pela Unidade Nacionald de Combate ao Terrorismo (UNCT)? Alguns participantes no congresso da ASFIC, realizado em Braga, explicaram tudo isso muito bem. Desde logo, como instituições fortes, ainda o caso da PJ, e da Europol, podem fazer a diferença. Um exemplo que tem saído do pêlo da meia dúzia de resistentes que ainda há em todas as unidades da PJ.

IN "SÁBADO"
19/04/18

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