HOJE NO
"JORNAL DE NOTÍCIAS"
Há 300 guardas-florestais
e são precisos mil no país
Governo vai admitir 200, que apenas vão colmatar a saída dos antigos, alerta sindicato
Em
França, o Office National des Forêts (ONF) dispõe de 9500 profissionais
para gerir 11 milhões de hectares de floresta pública. Cerca de 2000
são guardas-florestais, responsáveis pela renovação florestal, trabalhos
de limpeza para prevenir incêndios, manutenção de dunas, restauração de
terreno montanhoso e estabilização de solos para evitar deslizamentos.
Por cá, são 300 e vão ser contratados 200. São precisos mil.
"É
preciso ter gente na floresta, porque os incêndios acontecem devido ao
abandono do território. Se houver sempre pessoas na floresta a
intervenção é rápida e os fogos nunca atingem grandes dimensões",
defende Cyrill Gillet, funcionário da ONF e um dos guardiões de
Bertranges, floresta francesa onde, há vários séculos, crescem milhares
de carvalhos.
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Realidade bem diferente
encontra-se em Portugal: em 2016, os 317 guardas-florestais que
resistiam foram integrados no Serviço de Proteção da Natureza e do
Ambiente da GNR. "Não são admitidos guardas-florestais desde 2005,
quando entraram 50 elementos para o extinto Corpo Nacional da Guarda
Florestal. Neste momento, é uma profissão a extinguir", refere Rui
Raposo. O dirigente da Federação Nacional dos Sindicatos dos
Trabalhadores em Funções Públicas (FNSTFPS) acrescenta que, desse
número, restam 303 , a maioria entre o Tejo e o Minho. "Há distritos,
como Portalegre e Beja, que só têm quatro guardas-florestais", salienta.
Já para todo o distrito do Porto há um efetivo de seis especialistas,
mas dois deles já pediram a reforma.
"Neste
contexto, fazemos o que podemos, mas não temos mãos a medir", sublinha
Miguel Moura. Hoje com 39 anos, Moura foi dos últimos guardas-florestais
a serem contratados e já esteve colocado em Lisboa e em Amarante.
Agora, está integrado no Destacamento da GNR de Felgueiras, que engloba
três municípios, mas que só dispõe de dois guardas-florestais para fazer
face a uma "média de 900 a 1.000 incêndios anuais".
"No
ano passado, passei entre oito e nove meses a tratar apenas de questões
relacionadas com os incêndios, nomeadamente a fazer a cartografia da
área ardida, a avaliação dos prejuízos e o apuramento das causas. Não
houve tempo para fazer qualquer prevenção", sustenta quem considera a
profissão fundamental para a salvaguarda da floresta. "É preciso andar
diariamente na área florestal, falar com as pessoas, fazer prevenção e
conhecer o terreno", justifica.
A
FNSTFPS tenta convencer o Governo desta necessidade e, recentemente,
soube que será aberto um concurso para a admissão de 200
guardas-florestais. "Mas o concurso não pode começar enquanto não for
mudado o estatuto do guarda-florestal. Estamos a aguardar que o
secretário de Estado da Proteção Civil nos envie as alterações a fazer",
revela Raposo.
O dirigente sindical
classifica a medida governativa como um "avanço significativo", mas
alega que são necessários mil novos profissionais, nos próximos cinco
anos. "Os 200 guardas-florestais previstos pelo Governo servirão,
somente, para colmatar a saída dos antigos", explica.
* E andam a dopar-nos com a ladainha do défice!
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