25/03/2018

PEDRO TELHADO PEREIRA

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Portugal a envelhecer
rapidamente e os cuidadores
  informais a aumentar

Muito se tem falado nos últimos dias sobre o Estatuto do Cuidador Informal pois, apesar de ser um assunto que tem estado na agenda política desde finais do século passado, até hoje não conseguimos ver aprovado, em Portugal, o Estatuto que já é uma realidade em alguns outros países.

As notícias nos meios de comunicação sobre a possível aprovação do Estatuto levaram a algumas reações dos que deixam comentários na internet do tipo “mamões!” ou “não queriam mais nada!” o que mostra que ainda existe uma parte da população que não compreendeu o que é ser um cuidador informal e qual o papel do Estado... volto novamente ao papel do Estado porque me parece que é um tema que é urgente discutir e encontrar um consenso mínimo para o futuro.

Se aceitarmos que parte do papel do Estado é promover a equidade, ou seja o tratamento diferenciado de situações que são distintas com vista a uma maior justiça social, facilmente nos apercebemos que existem situações muito distintas entre a maioria dos cidadãos e aqueles que devido às suas incapacidades têm que ser cuidados por terceiros. A pergunta que temos que fazer a seguir é: quem deve cuidar destes cidadãos?

Eu não tenho dúvidas que as melhores pessoas para cuidarem destes cidadãos são os seus familiares e acredito que a maioria dos portugueses está de acordo comigo. Ao pensarmos deste modo temos que compreender que estas famílias não são iguais à maioria das famílias portuguesas e, por esta razão, devem ter um tratamento diferenciado.

O cidadão incapacitado necessita de ser cuidado 24h por dia, por isso muitas famílias decidem que um dos seus elementos se vai dedicar a ser o cuidador a tempo completo deixando este de estar no mercado de trabalho. Este elemento vai ter um trabalho, muitas vezes extremamente extenuante, não só física mas também psicologicamente, e não tem direitos nenhuns – não tem direito a folgas, a férias ou reforma no futuro.

Com o envelhecimento da população vamos necessitar que mais famílias assumam o papel de cuidadores, por isso, se não queremos aumentar os problemas no futuro, com muitos que deram ou vão dar um grande contributo à sociedade, temos que dar direitos (e agradecer) a quem cuida dos seus todos os dias.

IN "DIÁRIO DE NOTÍCIAS DA MADEIRA"
21/03/18

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