15/02/2018

ANDRÉ MACEDO

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A lentidão do ministro

Carros a 30km/h nas cidades: que bela ideia teve o ministro Eduardo Cabrita. A atual lei (50 km/h) não é respeitada por ninguém e então nada melhor do que torná-la ainda mais dura e pouco razoável.


As mortes e os acidentes nas estradas são uma desgraça, mas também um sintoma de atraso civilizacional. Já não são as estradas ou os carros que são maus, isso era noutros tempos, são mesmo os condutores que provocam esta calamidade diária, entre feridos e mortes.

Perante este enorme problema, que tem vindo a ser corrigido – a mortalidade caiu 40% entre 2010 e 2016, embora as estatísticas sejam traiçoeiras e tenha oscilações anuais --, o ministro Cabrita poderia apenas ter dito que iria reforçar a vigilância, aumentar o número de radares, reforçar as lombas em zonas sensíveis; mas não, para mostrar músculo, sugeriu reduzir a velocidade para os 30 km/h, como se fosse possível ou sequer desejável andar sempre a essa velocidade.

É mais do que certo que o ministro não se desloca de carro à velocidade que sugeriu -- uma câmara atrás dele resultaria num momento televisivo muito particular… --, mas como anunciar uma medida deste género não custa nada, é só mudar a lei, Cabrita não resistiu à demagogia.

O proibicionismo (lei seca) nos anos 30, na América, não resultou porque as pessoas não achavam que houvesse um problema social que exigisse uma tomada de posição tão agressiva. Por isso mesmo, o álcool continuou a vender-se por baixo da mesa, embora mais caro. Para que as leis funcionem, designadamente as que envolvem costumes, elas devem assentar no bom-senso. Ora bem, 50 km/h já é uma boa velocidade. Que tal começarmos por aqui?

IN "RTP NOTÍCIAS"
12/01/18


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