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Cansados de blogs bem comportados feitos por gente simples, amante da natureza e blá,blá,blá, decidimos parir este blog do non sense.Excluíremos sempre a grosseria e a calúnia, o calão a preceito, o picante serão ingredientes da criatividade. O resto... é um regalo
01/08/2017
PEDRO MARQUES LOPES
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IN "DIÁRIO DE NOTÍCIAS"
30/07/17
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A política do boato
Já lá vai o tempo em que se podia dizer que
algo sem a menor base de verosimilhança, sem o menor fundamento, mais
cedo ou mais tarde, destruiria a credibilidade dos seus mentores. Pelo
menos, faria que caíssem no ridículo e que, na melhor das hipóteses,
meia dúzia de pessoas adeptas de teorias da conspiração continuassem a
acreditar neles. O facto é que vivemos na era do Infowars do Alex Jones,
onde se ouvem as mais delirantes mentiras e teorias que são
religiosamente seguidas por milhões de americanos e apadrinhadas pelo
próprio presidente dos Estados Unidos da América.
Há
aqui, no entanto, dois níveis que têm de ser separados. O primeiro diz
respeito à existência de gente disposta a acreditar num conjunto de
patranhas por estas porem em causa realidades que não lhes agradam ou
por pensarem que mentir em algumas coisas ajuda à vitória de uma causa
que consideram justa. O segundo relaciona-se com responsabilidade
política. Com o dever do político de não levantar suspeitas sem bases
sólidas, de não promover boatos ou de não rejeitar o contrato implícito
que tem com os cidadãos não inventando realidades paralelas. Mais, de
ser o primeiro travão a teorias da conspiração, mesmo que estas lhe deem
conjunturalmente jeito. Um político não inventa realidades, trabalha
para transformar a realidade.
Em
Portugal, ainda não temos gente do género do Alex Jones nem sequer
parecida. O que vai crescendo é uma espécie de colunismo de táxi 2.0,
rapazes e raparigas que estão a passar do discurso populista para uma
coisa mais sofisticada. Esta semana li uma crónica a defender que havia
uma gestão política do número de mortes da catástrofe de Pedrógão e
outra a dizer que se andava a brincar à contagem de cadáveres. Tudo isto
sem que se tenha percebido em que é que se baseavam para terem escrito o
que escreveram. Enfim.
Tenha a infeliz
história da lista de mortes de Pedrógão sido iniciada por uma manchete
infeliz - contrariada, aliás, pela notícia absolutamente correta -,
tenha havido órgãos de comunicação a dar ouvidos e imenso tempo de
antena a alguém que se lembrou de dizer coisas sem que tenha havido o
mínimo esforço de esses mesmos media em investigar minimamente a
história e a pessoa, tenha sido promovida por colunistas do taxismo 2.0,
o PSD e o CDS (que foi a reboque) portaram-se de uma forma, pura e
simplesmente, miserável. Miserável é pouco: não há adjetivos para
qualificar quem cavalga politicamente delírios, ainda por cima dos que
metem mortes em catástrofes.
É que uma
coisa são possíveis erros da comunicação social, outra é decidir fazer
batalha política sem ter o mínimo cuidado em verificar se há base para
acusar quem quer que seja, sem a mais pequena preocupação em perceber se
há de facto uma réstia de assunto, chegando a um ultimato patético.
Nunca
julguei ser possível que os responsáveis pelo partido mais votado pelos
portugueses levantassem uma suspeita gravíssima sem o mais pequeno
fundamento, sempre pensei que o partido que é corresponsável pelo regime
só tendo conhecimento de factos muitíssimo graves pusesse em causa o
bom nome de instituições democráticas e abandonasse o recato devido numa
situação que mexe com sentimentos profundos. O PSD decidiu realizar a
segunda parte da comédia "Há petróleo no Beato" mas desta vez com
cadáveres. Não fosse isto tudo de uma enorme gravidade e
irresponsabilidade, ainda se foi mais longe: depois de não restar a
mínima dúvida de que não havia mais listas de mortes, ainda houve a
total falta de vergonha de dizer que o PSD foi o responsável por acabar
com o clima de suspeição que estava a grassar por todo o país. Mais ou
menos como se dizer: nós legitimamos o delírio de que as autoridades e o
governo escondiam mortes, nós alimentámos essa ideia e agora
congratulamo-nos por as histórias que andámos a promover, e para as
quais não tínhamos o menor indício, se terem provado falsas.
No
fundo, tivemos uma reedição da tese dos suicídios. Também não havia
qualquer base factual para se falar de suicídios provocados pela
catástrofe e mesmo assim o líder do PSD não teve o mínimo pudor em
lançar essa atoarda. A diferença foi que houve um desmentido poucas
horas depois, não o tivesse havido e ainda teríamos o PSD a pedir uma
reunião no Parlamento para se proceder a averiguações sem que houvesse o
menor indício para tal que não uma historieta soprada por um qualquer
irresponsável.
O PSD podia fazer
oposição. Podia apontar as já evidentes falhas do governo na condução do
processo pós-Pedrógão, podia e devia pôr em causa o Ministério da
Educação na questão das matrículas no ensino público, podia questionar a
fragilidade do governo na resposta ao assalto de Tancos, podia explorar
o mundo de contradições e a evidente incapacidade da geringonça de se
entender em todas as questões relevantes e que deixa o país mais uma vez
adiado e sem fazer as reformas necessárias - a reforma das florestas e a
segurança social, são apenas dois exemplos flagrantes. Mas não, os
dirigentes do PSD preferem entrar numa deriva que insulta a sua memória e
o seu património promovendo o candidato autárquico Ventura que diz que
"vivemos num marasmo há quarenta anos" e campanhas que promovem boatos e
realidades paralelas.
Se o plano é
deixar o país entregue a esta ou a outra geringonça por muito tempo, os
dirigentes do PSD estão a fazer um bom trabalho.
IN "DIÁRIO DE NOTÍCIAS"
30/07/17
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9-TEATRO
FORA "D'ORAS"
III-AQUI HÁ
FANTASMAS
Consta que uma casa senhorial está assombrada. Então o Professor Hermes decide fazer uma experiência em que anda a magicar há muito tempo: testar a pílula da coragem. Escolhe um pobre diabo, o Chichas, para cobaia, e promete-lhe 150 contos em troca de ele passar lá a noite.
Leva o Chichas e a uma enfermeira para a casa assombrada e pede a um colega que se disfarce de fantasma para assustar o homem.
Só que há outros fantasmas lá em casa.
Uma comédia escrita e encenada por Henrique Santana, gravada com público sob a direcção de televisão de Pedro Martins.
Do elenco fazem parte, para além do próprio Henrique Santana, Rita Ribeiro, Armando Cortez, Maria Helena Matos, Henrique Santos, Carlos Quintas, Luís Alberto, António Feio, Cristina de Oliveira, José Raposo e Francisco Vaz.
Uma peça de arrepiar.
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