Cansados de blogs bem comportados feitos por gente simples, amante da natureza e blá,blá,blá, decidimos parir este blog do non sense.Excluíremos sempre a grosseria e a calúnia, o calão a preceito, o picante serão ingredientes da criatividade. O resto... é um regalo
26/03/2017
JOSÉ MASCARENHAS
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IN "VISÃO"
25/03/17
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Dijsselbloem e vinho verde
AMESTERDÃO, HOLANDA - É assim a cultura holandesa e por isso até há um consenso geral que Dijsselbloem não fez nada de mal. Apenas disse a verdade. Ou aquilo que para ele é verdade
Dijsselbloem fez algo muito
incaracterístico para os holandeses: falou sem pensar. Se o tivesse
feito teria antecipado a chuva de comentários que caiu sobre ele, sem dó
nem piedade. De políticos, a deputados e até normais cidadãos que
gastam uma fortuna incalculável em vinho e mulheres - onde se inclui
este humilde cronista - todos vieram pedir a demissão do Presidente do
Eurogrupo. Dijsselbloem aprendeu uma lição valiosa: o silêncio de é
ouro!
Os portugueses não gostam particularmente de ser chamados à
razão, especialmente por alguém de fora. E vamos perceber uma coisa, se
existem salvaguardas como o FMI ou o Eurogrupo é porque também há uma
consciência colectiva que os Governos não são pessoas e há soluções que
precisam de ser criadas quando os problemas acontecem. Existe uma
diferença entre um Estado não ter condições financeiras para continuar e
uma pessoa singular que gastou o ordenado em cartões Pokemon, e agora
não consegue pagar a renda. Na mente de Dijsselbloem, Portugal recebeu
um empréstimo de um amigo, e em vez de pagar em boa hora foi jantar fora
ou de férias. Pois não é bem assim. Longe disso.
Seria
impensável um holandês ficar com um dívida por pagar. Nem lhes passaria
pela cabeça tal acto. Irritações e falta de sono surgiriam como efeitos
secundários. Para colocar isto preto no branco com um exemplo prático,
posso falar do IRS. Quando se faz a declaração de IRS, e na hipótese de
haver devolução de dinheiro, essa mesma é enviada logo à pessoa antes de
existir uma confirmação final do valor estar correcto. Cabe ao cidadão
exemplar guardar o dinheiro e esperar pela segunda e final confirmação.
Se o valor da restituição estiver incorrecto e for menor, então é feita a
devolução do dinheiro às Finanças. É assim a cultura deles e por isso
até há um consenso geral que Dijsselbloem não fez nada de mal. Apenas
disse a verdade. Ou aquilo que para ele é verdade.
As opiniões
diferem entre os holandeses, pelo menos entre aqueles com quem falei nos
últimos dias. Para a maioria, Dijsselbloem está no seu direito de dizer
o que quiser, uma vez que é presidente do Eurogrupo e há, de
facto, uma dívida para saldar. Uns nem estavam a par das declarações de
Dijsselbloem. Outros não têm o mínimo interesse, também porque a
comunicação social holandesa não fez grande alarido da situação. Os
melhores perguntam que lugar mágico é esse onde há vinho e mulheres com
fartura.
A indignação de toda esta situação só está a acontecer
noutros países, não na Holanda. Do Bloco de Esquerda ao
Primeiro-ministro todos pedem a sua demissão. E vão continuar a pedir,
porque não me parece que nada aconteça. Esperemos que Dijsselbloem
aprenda uma lição valiosa: há coisas que não podem ser ditas. Uma
questão de bom-tom, talvez. Há mesmo quem lhe chame de educação. Se
estava à procura de alguma coisa, então azar. Agora só pagamos quando a
adega estiver vazia. Só para irritar.
O PRÓPRIO
Não há mesmo muito para dizer. Tenho 34 anos e nasci em Lisboa. Fui jornalista, guionista, criativo e professor. Trabalhei em eventos, em marketing e televisão. Tenho uma licenciatura e mestrado, que me enchem o peito mais que esteróides. Fiz de tudo, mais ou menos bem. Há um ano e meio fui trabalhar e viver para Budapeste. Agora estou por Amesterdão. Todos os dias sinto falta da praia, do mar, da comida, e por incrível que pareça, descobri um amor por Portugal que não julgava existir.
IN "VISÃO"
25/03/17
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* Viagem extraordinária pelos tesouros da História de Portugal superiormente apresentados por Paula Moura Pinheiro.
Mais uma notável produção da RTP
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XX-VISITA GUIADA
Museu Nacional
de Arte Contemporânea
Museu do Chiado/2
LISBOA - PORTUGAL
* Viagem extraordinária pelos tesouros da História de Portugal superiormente apresentados por Paula Moura Pinheiro.
Mais uma notável produção da RTP
*
As nossas séries por episódios são editadas no mesmo dia da semana à
mesma hora, assim torna-se fácil se quiser visionar episódios
anteriores.
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A Câmara de Évora já aprovou a atribuição de um lote de terreno no parque de indústria aeronáutica da cidade para a instalação da Compendionauta, que prevê investir cerca de 10 milhões de euros e criar 50 postos de trabalho.
Segundo o município, a empresa, com capitais portugueses e brasileiros, vai instalar uma unidade de maquinação de componentes para a indústria aeronáutica e pretende desenvolver uma nova atividade relacionada com a maquinação de componentes de titânio com tratamento superficial simples. O projeto da Compendionauta recebeu da autarquia a classificação de Projeto de Interesse Municipal, a qual prevê a atribuição de apoios e incentivos ao investimento.
A nova unidade fabril vai desenvolver-se em duas fases, estando inicialmente projetados três mil metros quadrados de área coberta e mil metros quadrados de logradouro. No Parque de Indústria Aeronáutica de Évora funcionam já três fábricas, duas da construtora aeronáutica brasileira Embraer (uma de estruturas metálicas e outra de materiais compósitos) e uma da empresa Air Olesa, igualmente para fabrico de componentes para a aeronáutica.
Uma outra unidade, pertencente ao grupo francês Mecachrome, encontra-se em fase final de construção, devendo, em breve, começar a produzir peças para motores e para a estrutura de aviões.
* De notícias destas é que Portugal precisa, desde que sejam verdadeiras.
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ESTA SEMANA NO
"DINHEIRO VIVO"
"DINHEIRO VIVO"
Empresa brasileira vai investir
10 milhões em nova fábrica
Nova fábrica da Compendion, que vai começar a ser construída este ano, deverá criar 50 postos de trabalho, segundo o presidente do município.
A Compendionauta, uma empresa brasileira
que produz peças para a indústria aeronáutica, vai investir 10 milhões
de euros na construção de uma nova fábrica, em Évora, prevendo criar 50
postos de trabalho.
Os responsáveis da empresa “já estão a desenvolver o projeto” da nova
unidade e “pretendem iniciar a construção da fábrica ainda este ano”,
revelou o presidente da Câmara de Évora, Carlos Pinto de Sá (CDU) à
agência Lusa.
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O autarca alentejano indicou que o projeto
surgiu de “um contacto com a empresa-mãe, no Brasil, a Massucato”, que
já trabalha com a construtora aeronáutica Embraer e que “tinha interesse
em criar uma nova empresa em Portugal”.
“A ligação com a Embraer foi decisiva”, porque a construtora brasileira
de aviões “compra uma parte substancial da produção da Massucato”, disse
Pinto de Sá, referindo que a empresa pretendia instalar-se na Europa
“para expandir o negócio”.
A Câmara de Évora já aprovou a atribuição de um lote de terreno no parque de indústria aeronáutica da cidade para a instalação da Compendionauta, que prevê investir cerca de 10 milhões de euros e criar 50 postos de trabalho.
Segundo o município, a empresa, com capitais portugueses e brasileiros, vai instalar uma unidade de maquinação de componentes para a indústria aeronáutica e pretende desenvolver uma nova atividade relacionada com a maquinação de componentes de titânio com tratamento superficial simples. O projeto da Compendionauta recebeu da autarquia a classificação de Projeto de Interesse Municipal, a qual prevê a atribuição de apoios e incentivos ao investimento.
A nova unidade fabril vai desenvolver-se em duas fases, estando inicialmente projetados três mil metros quadrados de área coberta e mil metros quadrados de logradouro. No Parque de Indústria Aeronáutica de Évora funcionam já três fábricas, duas da construtora aeronáutica brasileira Embraer (uma de estruturas metálicas e outra de materiais compósitos) e uma da empresa Air Olesa, igualmente para fabrico de componentes para a aeronáutica.
Uma outra unidade, pertencente ao grupo francês Mecachrome, encontra-se em fase final de construção, devendo, em breve, começar a produzir peças para motores e para a estrutura de aviões.
* De notícias destas é que Portugal precisa, desde que sejam verdadeiras.
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ESTE MÊS NA
"EXAME INFORMÁTICA"
"EXAME INFORMÁTICA"
Apps de saúde multadas por
“publicidade enganosa”
Uma investigação de procuradores dos EUA concluiu que há pelo menos três apps dedicadas à saúde que não cumprem o prometido. Os donos das apps concordaram em pagar uma multa e alterar o que publicitam.
Os criadores da Cardiio, Runtastic e My
Baby’s Beat vão pagar 30 mil dólares em multas e vão mudar o que
publicitam e as políticas de privacidade. O Procurador Geral de Nova
Iorque conduziu uma investigação ao longo do último ano e concluiu-se
que as apps nem sempre conseguem fazer o prometido e que os benefícios
de saúde que alegadamente trazem não estão comprovados cientificamente,
explica o Ars Technica. Noutro sentido, os criadores de apps
não estavam também a ser completamente transparentes sobre como estavam a
partilhar a informação recolhida.
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A Cardiio, por exemplo,
alegava monitorizar o batimento cardíaco durante o exercício e de ser
apoiada pelo MIT. No entanto, a app não foi testada para saber se
consegue monitorizar com precisão durante exercícios físicos vigorosos e
não é apoiada pela instituição universitária.
A Runtastic também
alegava medir a atividade cardíaca e a performance cardiovascular, mas
não houve testes para aferir se as medições eram precisas durante
períodos de stress e de exercício intenso.
Por fim, a My Baby’s
Beat alega que consegue transformar o smartphone em monitor cardíaco
fetal, mas não foi aprovada pelas autoridades dos EUA e não consegue
demonstrar que os seus resultados são científicos.
* Em Portugal existem empresas que usam a televisão para propaganda dos seus produtos milagrosos com a colaboração de figuras públicas, empresas que através do telefone enganam os mais incautos para lhes venderem colchões ou outros acessórios e a impunidade é quase total.
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Até chegar ao ponto de pedir ajuda profissional ainda foram três/quatro anos. Não era capaz de olhar para mim com 11 anos e perceber que não tive culpa. Eu pensava: 'Como é que não vi os sinais? Como não percebi? Porque aceitei o convite?'
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ESTA SEMANA NA
"SÁBADO"
"SÁBADO"
"Carta a ti, que abusaste
sexualmente de mim"
sexualmente de mim"
Ângelo Fernandes sofreu abusos sexuais em criança. Só aos 29 anos conseguiu contar a sua história. Actualmente é presidente da primeira associação destinada a homens que foram sexualmente abusados - Quebrar o Silêncio - e decidiu escrever ao homem que marcou a sua vida
Quando tinha 11 anos, Ângelo Fernandes foi vítima de abuso sexual por um
amigo da família. Aos 29 anos decidiu contar a sua história a uns
amigos próximos. Hoje, com 33, criou a primeira associação destinada a
homens que sofreram sexualmente de abusos e escrever ao homem que marcou
a sua vida para sempre.
Segundo explicou à SÁBADO,
Ângelo pretende usar o seu testemunho para sensibilizar as pessoas para
"o abuso sexual masculino". Numa carta com destinatário assumido - o
homem que o abusou em criança - a vítima mostra como sofreu e superou a
situação.
"Carta a ti, que abusaste sexualmente de mim" é
o título de um testemunho na primeira pessoa e de uma mensagem
direccionada para o homem que Ângelo acusa de ter destruído a sua
infância e parte daquilo que é. "Por tua causa e do que me
fizeste, cresci a achar que não tinha qualquer valor. Que não era
merecedor do afecto de ninguém. Cresci a achar que mereci teres abusado
de mim, de que eu era o culpado. Com as tuas mentiras e palavras
engenhosas, semeaste em mim um sentido de culpa sem fim. Cresci com nojo
de mim, sentia-me sujo como se fosse eu o culpado das tuas acções, como
se fosse eu, uma simples criança, que tivesse abusado sexualmente de
ti, um pobre e inocente homem que caiu na trama de um demónio sexual com
11 anos.
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Recorde-se que no início do ano, foi criada a Associação Quebrar o Silêncio, com sede na baixa de Lisboa, uma organização oferece apoio gratuito e anónimo e é destinada a todos os homens que já passaram por tal situação.Nesta
altura, Ângelo Fernandes contou toda a sua história à SÁBADO, num
testemunho impressionante sobre o que passou na infância. "O que
ele fez foi apresentar-se no meu universo como uma pessoa amiga, uma
pessoa de confiança, que se preocupava e que mostrava interesse e
afecto. Aos poucos, com esse tipo de postura, foi introduzindo alguns
avanços. De forma muito calculada e pensada. Por exemplo: ele num dia
dava-me um aperto de mão, depois disso já passava uma mão nas costas e
depois a uma carícia na cara que já era mais desconfortável", contou a
vítima, num depoimento que pode recordar aqui.
"Eu tinha 11 anos quando tudo isto começou a acontecer. Ele era um
homem amigo de toda a gente. Conhecido da minha mãe, bem estabelecido na
comunidade – que tinha um bom estatuto - e uma profissão de respeito.
Uma pessoa disponível e em quem as pessoas confiavam. Tinha cerca de 35
anos.
Eu e os meus amigos brincávamos perto da casa dele
em Setúbal. Jogávamos futebol, porque havia uma boa área ali perto. E
ele de forma amigável, digamos assim, aproximava-se e ia assistir aos
nossos jogos. Nos momentos das pausas e nos momentos em que estávamos
mais cansados punha conversa connosco. Perguntava se estava tudo bem,
como corria a escola, se jogava bem futebol. Uma conversa completamente
amigável. Falava bem com todos. Mas havia dois ou três rapazes com quem
ele tentava criar uma ligação maior.
Nessa altura não
percebi que havia qualquer intenção. Tinha apenas 11 anos e via um
adulto sempre como uma figura de respeito, em quem confiamos.
O que ele fez foi
apresentar-se no meu universo como uma pessoa amiga, uma pessoa de
confiança, que se preocupava e que mostrava interesse e afecto. Aos
poucos, com esse tipo de postura, foi introduzindo alguns avanços.
De forma muito calculada e pensada. Por exemplo: ele num dia dava-me um
aperto de mão, depois disso já passava uma mão nas costas e depois a uma
carícia na cara que já era mais desconfortável.
Lembro-me
que uma vez - que demonstra que ele estava muito à vontade no que fazia
– ele sentou-se junto a mim e colocou a mão dele debaixo da minha t-shirt. Acariciou-me
as costas. Criou-me desconforto, mas ao mesmo tempo, como era uma
pessoa amiga, que mostrava interesse, que toda a gente gostava e que diz
ser boa pessoa, qualquer momento de desconforto que eu tivesse ou
qualquer momento confuso era muito complicado assumi-lo. Mesmo que
tivesse algum momento de dúvida pensava que era da minha cabeça.
Ele avançava aos poucos. Se eu tivesse alguma reacção contrária, ele voltava atrás e não me tocava. Voltava à estaca zero e depois voltava a fazer pequenos avanços. Chegou a fazer-me carícias à frente dos meus amigos, mas era muito discreto. Era sempre junto da casa dele, porque acho que o objectivo era levar-nos para a sua casa.
Frequentemente dizia para irmos a casa dele beber água, ou para vermos televisão. Queria retirar-nos da rua. Chegámos a lá ir, porque ir à dele ou à de qualquer outro vizinho, no fundo, para mim era igual. Todas as pessoas do nosso bairro eram pessoas de confiança.
Ele avançava aos poucos. Se eu tivesse alguma reacção contrária, ele voltava atrás e não me tocava. Voltava à estaca zero e depois voltava a fazer pequenos avanços. Chegou a fazer-me carícias à frente dos meus amigos, mas era muito discreto. Era sempre junto da casa dele, porque acho que o objectivo era levar-nos para a sua casa.
Frequentemente dizia para irmos a casa dele beber água, ou para vermos televisão. Queria retirar-nos da rua. Chegámos a lá ir, porque ir à dele ou à de qualquer outro vizinho, no fundo, para mim era igual. Todas as pessoas do nosso bairro eram pessoas de confiança.
A
primeira vez que fui a casa dele passei um serão com ele só a ver
televisão. Mais nada. Eu sentado no sofá. Ele ao meu lado. Sem qualquer
tipo de toque. Só isso. Não houve qualquer comportamento agressivo ou
suspeito. Hoje, quando olho para trás, compreendo que este era só mais
um passo para mostrar que era uma pessoa amiga e de confiança. Não me
recordo de falar com nenhum familiar sobre esta visita a casa dele, e
mesmo que o fizesse não seria de uma forma de denúncia ou de comentar
alguma coisa estranha porque era uma coisa frequente. Também fui várias
vezes à casa do vizinho do lado ver televisão e jogar. Não era nada
descabido.
Outro dos avanços foi quando ele estava ao meu
lado e punha a mão por cima de mim, como se estivesse a abraçar-me. Por
vezes desapertava um pouco a camisa para mostrar os peitos dele. As
calças por vezes também estavam desapertadas e o cinto aberto. Aos
poucos ele ia avançando e mostrando que estava disponível para outro
tipo de comportamento. Mas sempre reiterando a ideia que era natural,
que ele era uma pessoa amiga e que tudo o que se passava ali entre nós
era seguro.
Estava sempre a passar essa ideia de que era uma pessoa amiga. 'Se quiseres falar de alguma coisa é natural. Eu posso-te ajudar', dizia-me. Tentava instaurar em mim uma curiosidade que não era minha. Dizia-me que era natural uma criança sentir-se curiosa em explorar o corpo de um adulto. Ou que um adulto deixe que uma criança explore. Havia uma grande preocupação em passar essas mensagens.
Estava sempre a passar essa ideia de que era uma pessoa amiga. 'Se quiseres falar de alguma coisa é natural. Eu posso-te ajudar', dizia-me. Tentava instaurar em mim uma curiosidade que não era minha. Dizia-me que era natural uma criança sentir-se curiosa em explorar o corpo de um adulto. Ou que um adulto deixe que uma criança explore. Havia uma grande preocupação em passar essas mensagens.
Nos
momentos de dúvida, cheguei a perguntar aos meus amigos se eles também
iam lá a casa, se eles também confiavam naquela pessoa e as respostas
eram todas elas positivas. Todos diziam que era um amigo e uma pessoa de
confiança. Não havia nenhum feedback externo que correspondesse à minha confusão e desconforto.
Não
sei se mais algum meu amigo foi abusado sexualmente, porque nós
éramos muito novos. Entretanto já passaram 24 anos desde que isto
aconteceu e não tenho praticamente contacto com os meus amigos de
infância. Pode ser que agora, com esta divulgação, algum se sinta à
vontade em vir ter comigo e falar.
Ainda há muitas
memórias às quais não tenho acesso. Na primeira vez que sofri
concretamente de um abuso sexual senti que alguma coisa não estava
correcta. Tinha aquela sensação, muito particular nos miúdos, de ter
feito algo que não podia fazer.
Há sempre aquela preocupação dos pais em avisar-nos para não falar com pessoas desconhecidas: 'não fales com estranhos, não aceites nada de estranhos'. Mas neste caso não era. Essa pessoa não existia na minha vida. Não havia ninguém estranho ou suspeito. Isso provocava alguns confrontos internos, porque mesmo quando me sentia confuso, tinha uma pessoa sempre a dizer-me que aquilo era natural. Tudo o que sentia de errado, achava que era criação minha. Pensava: 'sou eu estou errado'.
Há sempre aquela preocupação dos pais em avisar-nos para não falar com pessoas desconhecidas: 'não fales com estranhos, não aceites nada de estranhos'. Mas neste caso não era. Essa pessoa não existia na minha vida. Não havia ninguém estranho ou suspeito. Isso provocava alguns confrontos internos, porque mesmo quando me sentia confuso, tinha uma pessoa sempre a dizer-me que aquilo era natural. Tudo o que sentia de errado, achava que era criação minha. Pensava: 'sou eu estou errado'.
Não quero entrar em
pormenores, porque isto ainda é um tema penoso para a minha família.
Posso dizer que ele expunha-se e convidava-me ao toque, à carícia e à
interacção sexual.
Fui vítima de abuso cerca de um ano. Até chegar ao abuso propriamente dito, ele levou meses a construir uma relação de confiança. Foi preparando, literalmente, todo o cenário, toda esta situação. Fui manipulado por ele. Inicialmente, ele estabelecia uma relação de confiança, mas depois ia "subindo a parada". Foi avançando e já havia uma questão constante de abuso. Não me recordo da frequência, mas deveria ser uma ou duas vezes por semana.
Tinha a sensação que se falasse com alguém da família essa pessoa ia deixar de gostar de mim e já não me amaria mais. Tinha um medo enorme de pensarem que estava a fazer alguma coisa má e que eu era o culpado desta situação. Todo este medo, de ser julgado e até excluído acabou por levar-me a achar que o melhor era não contar a ninguém. Pensava: 'Se as pessoas não souberem o que se passou vão continuar a gostar de mim'. A vergonha e o sentido de culpa ficam sempre do lado da vítima e acabam por bloquear a pessoa. Sentia nojo de mim mesmo.
Fui vítima de abuso cerca de um ano. Até chegar ao abuso propriamente dito, ele levou meses a construir uma relação de confiança. Foi preparando, literalmente, todo o cenário, toda esta situação. Fui manipulado por ele. Inicialmente, ele estabelecia uma relação de confiança, mas depois ia "subindo a parada". Foi avançando e já havia uma questão constante de abuso. Não me recordo da frequência, mas deveria ser uma ou duas vezes por semana.
Tinha a sensação que se falasse com alguém da família essa pessoa ia deixar de gostar de mim e já não me amaria mais. Tinha um medo enorme de pensarem que estava a fazer alguma coisa má e que eu era o culpado desta situação. Todo este medo, de ser julgado e até excluído acabou por levar-me a achar que o melhor era não contar a ninguém. Pensava: 'Se as pessoas não souberem o que se passou vão continuar a gostar de mim'. A vergonha e o sentido de culpa ficam sempre do lado da vítima e acabam por bloquear a pessoa. Sentia nojo de mim mesmo.
Na última
noite em que aconteceu o abuso, ele levou-me para a cama dele, eu
estava a despir-me e ele estava já semi-despido. Alguém bateu à porta.
Nessa altura, toda a postura que ele tinha desapareceu naquele instante.
A expressão mudou e ficou em pânico. Estava com medo, meteu-me a mão na
boca e pediu-me para não fazer barulho, não respirar sequer. Disse-me
que ninguém podia saber, que ninguém podia ouvir. Foi nesse momento que
percebi que algo de errado estava ali a acontecer, apesar de não saber o
quê. A pessoa que me dizia que estava tudo bem, que era tudo correcto e
que estava tudo normal, não podia ter tido aquela reacção. Ficámos ali
em silêncio, ele continuava com a mão na minha boca. De seguida,
aproveitei o facto de ele ter ido perceber se a pessoa já tinha ido
embora, vesti-me e nunca mais apareci. Fugi.
No entanto,
ele tinha de tal forma confiança no que fazia, que chegou a ir ter
comigo num sábado de manhã, quando estava com a minha mãe, e abordou-me:
'Então nunca mais lá foste? Já não queres ir lá a casa?'. 'Agora já não
vou jogar futebol', respondi. Evitei-o e inventei uma desculpa
qualquer.
Nessa altura, percebi que tinha sido o momento
de ruptura. Desde então deixei de aparecer naquela zona do bairro e de
frequentar a rua dele. Não sei quem bateu naquela porta, mas essa pessoa
salvou-me.
Sempre tive problemas de confiança resultantes
dos abusos que sofri. Cresci a achar que qualquer homem amigo que se
aproximasse de mim ia cobrar essa amizade sexualmente. Foi isso que o
abusador me ensinou. Não aceitava que algum homem fosse meu amigo. Nem
mesmo um professor.
Na minha adolescência, do ponto de vista íntimo, existia também um mau-estar que eu não conseguia justificar. Escondia, porque, no fundo, o meu primeiro contacto sexual foi com um homem adulto de 30 e tal anos quando eu tinha apenas 11. Uma pessoa que tem uma relação sexual consentida é porque tem desejo e porque quer e aos 11 anos não foi porque quisesse ou tivesse desejo.
Na minha adolescência, do ponto de vista íntimo, existia também um mau-estar que eu não conseguia justificar. Escondia, porque, no fundo, o meu primeiro contacto sexual foi com um homem adulto de 30 e tal anos quando eu tinha apenas 11. Uma pessoa que tem uma relação sexual consentida é porque tem desejo e porque quer e aos 11 anos não foi porque quisesse ou tivesse desejo.
Quando
tinha já 29 anos encontrei-o na rua e acenou-me, como se fosse um
grande amigo que já não me via há anos. Foi completamente natural para
ele. Não acenei de volta, senti mau estar, um nó no estômago. Virei as
costas e fui para casa. Naquela noite começaram a surgir várias
memórias.
Passei três dias sem dormir e sem conseguir
parar estas memórias. Nessa altura dividia casa com uns amigos, que
começaram a estranhar o facto de não socializar e de não aparecer nos
espaços comuns da casa. Quando vieram falar comigo, acabei por
desabafar. Já estava num momento de sufoco. Foi a primeira vez que
contei a alguém, já em idade adulta. A minha família foi a última a
saber. Era mais fácil contar a um amigo.
Deram-me o apoio que eu precisava na altura. Se eu não estivesse em pânico, talvez a vergonha se tivesse apoderado de mim.
Deram-me o apoio que eu precisava na altura. Se eu não estivesse em pânico, talvez a vergonha se tivesse apoderado de mim.
Depois
acabei por falar com dois amigos realmente muito próximos sobre o
assunto. Tratei-o de uma forma muito pragmática e depois acabei por
enterrar este assunto.
Até chegar ao ponto de pedir ajuda profissional ainda foram três/quatro anos. Não era capaz de olhar para mim com 11 anos e perceber que não tive culpa. Eu pensava: 'Como é que não vi os sinais? Como não percebi? Porque aceitei o convite?'
Quando
já estava a viver no Reino Unido, com 32 anos, o assunto voltou. Estava
no trabalho quando encontrei uma notícia sobre um homem que se tinha
suicidado por ter sido julgado num caso de pedofilia. Eu já tinha
trabalhado com ele e fiquei surpreendido. Essa situação originou uma
ponte para o passado outra vez. Foi ai que não consegui mais. As
memórias voltaram, passava o dia com pensamentos sobre os abusos. Tinha
pesadelos e acordava a gritar. No trabalho não me conseguia concentrar.
Fui
à Internet e procurei apoio para vítimas de abuso sexual. Encontrei a
organização Survivors Manchester – que dá apoio a homens que tenham
passado por este tipo de situações. Enviei um email. Escrevi apenas:
'preciso da vossa ajuda'. Tinha receio de utilizar as palavras 'abuso'
ou 'vítima'. A organização respondeu-me e convidou-me para participar
numa sessão introdutória.
Naquela altura, senti que estava no meu limite. Eu nunca pensei em suicidar-me, mas por vezes pensava que se acontecesse alguma coisa e a minha vida acabasse naquele dia iria sentir-me aliviado. Questionava-me: 'quando é que isto vai melhorar?' e nunca havia melhoria.
Naquela altura, senti que estava no meu limite. Eu nunca pensei em suicidar-me, mas por vezes pensava que se acontecesse alguma coisa e a minha vida acabasse naquele dia iria sentir-me aliviado. Questionava-me: 'quando é que isto vai melhorar?' e nunca havia melhoria.
Mais tarde, comecei a frequentar os
grupos de apoio - gratuitos e confidenciais. Estavam cerca de sete
homens na primeira sessão, lembro-me que ia com muito receio e sentia-me
muito exposto. Naquela sala todos sabiam a razão porque ali estava e
isso deixa-me extremamente sensível.
Todos dizem que a
primeira vez que se frequenta um grupo de apoio é a mais complicada, mas
a segunda foi a mais difícil para mim, porque já sabia ao que ia e o
que me aguardava.
Tinha sessões uma vez por semana e
frequentei esta associação cerca de três anos. Praticamente toda a
estadia que estive em Manchester. Realmente o grupo de apoio tem um
poder de ajuda enorme. O fundador da organização de Manchester disse-me
uma vez: "Eu nunca vi ninguém a morrer por falar sobre aquilo que sente,
mas o contrário já não posso garantir". A verdade é que o silêncio
corrói, o silêncio consome. E sempre que um homem quebra o silêncio está
a recuperar.
As primeiras pessoas da família com quem
falei foram duas irmãs mais velhas. Nessa altura, havia um conflito
muito grande entre o meu lado racional e emocional. Por um lado sentia
que não tinha culpa do que se tinha passado, mas por outro não tinha a
certeza se isso era verdade. O apoio delas foi muito importante para
mim. Ainda estava em Manchester. Contei por mensagem porque era mais
fácil para mim ser por escrito. Responderam-me com afecto: 'Vai ficar
tudo bem. Amamos-te muito. Quem me dera estar aí para te abraçar.
Estamos aqui ao teu lado'. Foram palavras muito importantes.
Contar
à minha mãe ainda demorou algum tempo, porque mãe é mãe… Quis falar com
ela só quando eu já estivesse bem comigo próprio. Até que um dia lhe
disse que precisávamos de conversar, que tinha algo pessoal para
partilhar com ela. Contei-lhe o que me aconteceu e que frequentei ajuda.
Ficou em choque. Disse-me que lhe devia ter contado mais cedo para me
poder ajudar. Respondi-lhe que não conseguia. Não foi fácil,
especialmente por ela sentir uma certa frustração por não ter conseguido
impedir que isto acontecesse ao seu próprio filho. Mas ela não podia.
Ninguém podia. A única pessoa que podia ter evitado isto era o homem que
me abusou. A culpa é exclusivamente daquele homem.
Nunca
senti vontade de vingança porque o que eu tinha para resolver estava
dentro de mim. A minha justiça agora revela-se através da associação Quebrar o Silêncio, com o facto de conseguir ajudar outros homens."
* Temos o maior nojo pelos pedófilos e também por quem os protege ou por quem é complacente quando pune.
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HOJE NA
"VISÃO"
A mudança de hora não lhe "rouba"
só uma hora de sono.
Cuidado com o dia seguinte
Na última madrugada, os relógios adiantaram-se uma hora e isso irrita muita gente. Mas a mudança para o horário de verão não representa só uma hora de sono perdida, como mostram vários estudos
À 1h da manhã deste domingo, os relógios adiantaram, por lei, uma
hora. Chamam-lhe o “horário de verão”, mas a distância do calor e das
férias significa apenas menos tempo entre os lençóis. O que muitos não
sabem é que, na segunda-feira seguinte (a hora muda sempre a um
domingo), a nossa produtividade é menor e os acidentes - rodoviários e
no trabalho - mais frequentes. Quem o garante é o professor Christopher
Barnes, da Universidade de Washington, nos Estados Unidos.
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Segundo
o académico e a sua equipa, o dia seguinte ao adiantamento de hora vê
aumentar a pesquisa por temas distrativos (como desporto, redes sociais
ou vídeos no Youtube) em 3,1% comparativamente à segunda-feira anterior.
Se esta percentagem se traduzir em tempo perdido, são 15 minutos extra
de alheamento num dia de trabalho de oito horas.
O Youtube e o
Facebook podem não ser particularmente perigosos, mas Barnes acrescenta
que os acidentes de trabalho são mais frequentes na “segunda-feira
sonolenta”. Usando como referência os acidentes nas minas americanas
entre 1983 e 2006, chegou à conclusão que existem em média mais quatro
ocorrências nesse dia (uma subida de quase 6%).
Se não trabalha numa mina, não relaxe já. Um outro estudo,
do economista americano Austin Smith, afirmou o ano passado que os
acidentes de carro podem aumentar até 6,5% neste dia. Se aplicarmos as
estatísticas à realidade portuguesa, isto significa que, da média de 349
acidentes rodoviários diários em 2016 (segundo dados, para Portugal
Continental, da Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária), podem ter
ocorrido mais 23 acidentes devido à perda de sono na mudança para a hora
de verão. Mas o número de acidentes com mortos e feridos graves é
ligeiramente menor em março que nos dois meses anteriores, segundo a
mesma autoridade.
São, em média, menos 40 minutos de sono nessa
noite, segundo Christopher Barnes. Os danos afetam até os tribunais.
Barnes também afirma
que os juízes americanos aplicam sentenças 5% mais longas durante a
“segunda-feira sonolenta”, comparadas com as segundas-feiras das semanas
anterior e seguinte.
E se não conduzirmos, trabalharmos ou
cometermos crimes? Ainda assim, parece não haver escapatória: Barnes
reparou, ao analisar as tendências no motor de busca Google, que a
pesquisa por temas relacionados com “moralidade” também cai no dia da
modorra. Mas a análise do professor sobre a quebra temporária da nossa
bússola moral é subjetiva, naturalmente (sugere que a falta de sono nos
torna menos “moralmente cientes”).
Enquanto a legislação assim o
obrigar, continuamos a ter de acordar “mais cedo” no último domingo de
março. Mas o melhor é não esperar pelo atraso da hora, no fim de
outubro, para compensar. A 26 de março, deite-se uma hora mais cedo.
* Seria melhor não se trabalhar na 2ª feira de manhã.
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ESTA SEMANA NO
"SOL"
"SOL"
Criança de 15 meses com leucemia
.“escreve” carta a Marcelo
.“escreve” carta a Marcelo
"Querido Senhor Professor Marcelo, posso pedir-lhe que diga às pessoas que são saudáveis, e que o possam fazer, para doarem medula óssea? Ao fazê-lo, estão a doar vida.", lê-se
Maria, uma menina de 15 meses que sofre de leucemia mielomonocítica
juvenil, “escreveu” uma carta a Marcelo Rebelo de Sousa de modo que este
possa intervir e ajudar na procura de um dador.
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"Os meus papás, assim como muitos amigos que os querem ajudar a
salvar a minha vida, têm vindo a pedir às pessoas, em Portugal e no
resto do mundo, que se inscrevam como dadoras de medula óssea, por mim e
por tantos meninos que precisam”, começa por referir a carta.
"Querido Senhor Professor Marcelo, posso pedir-lhe que diga às
pessoas que são saudáveis, e que o possam fazer, para doarem medula
óssea? Ao fazê-lo, estão a doar vida. E nós gostamos tanto de viver!
Muito obrigada! Muitos beijinhos da Maria", conclui.
O caso em causa já chamou à atenção de várias figuras públicas e os
pais da criança não deixaram escapar a oportunidade de alertar o
Presidente da República para a necessidade de haver mais dadores, já que
a única forma de cura é através de um transplante de medula óssea.
Existe uma página de Facebook “Salvar a Vida da Maria”, onde é
possível encontrar todas as informações sobre a doação de medula óssea.
* É URGENTE A SOLIDARIEDADE!
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Segundo a associação para a defesa dos consumidores Deco, há mesmo uma "alteração do paradigma" da atuação dos bancos: "Estamos a assistir a uma transferência da atividade bancária, da intermediação financeira - isto é, compra e venda de dinheiro, que foi a atividade que deu origem aos bancos -, para uma atividade de comissionamento", disse o economista Nuno Rico, da Deco/Proteste, em declarações à Lusa.
Em Portugal, a cobrança de uma comissão bancária só pode acontecer quando há prestação de um serviço pelo banco, caso contrário é ilegal, lembra o economista, invocando a lei de 2015 que estabeleceu os requisitos da cobrança de comissões.
"As comissões e despesas cobradas pelas instituições de crédito têm de corresponder a um serviço efetivamente prestado", lê-se no articulado do diploma de 2015, que criou também os serviços mínimos bancários.
O problema, explica o economista, é a lei não definir o que é um serviço bancário, possibilitando assim ao Banco de Portugal, e outros responsáveis, "assistir passivamente" à cobrança de comissões pelos bancos mesmo quando não é prestado, efetivamente, um serviço ao cliente.
No caso da comissão de manutenção de conta, aquele responsável argumenta que o simples facto de existir uma conta bancária não pode ser considerado serviço bancário, até porque o acesso a um produto bancário, como um crédito ou um investimento, está dependente de ter uma conta bancária, além de ser um instrumento essencial nos dias de hoje.
"Não podemos esquecer que, quando abrimos uma conta e pomos lá o nosso dinheiro, estamos a disponibilizar o nosso capital ao banco, para que o possa usar em diferentes fins, como vender esse capital a outras pessoas e ganhar dinheiro com isso", lembrou Nuno Rico, criticando o fim das recompensas financeiras (juros) dos bancos a esses depósitos e agudizando a crítica quanto à obrigação de pagar (comissão) por esse depósito.
No caso das comissões pelo processamento de prestações, de crédito à habitação por exemplo, a Deco defende não fazer "sentido nenhum" o cliente ter de pagar para lhe ser cobrada uma prestação de crédito, e defende que essa cobrança " é apenas uma forma de os bancos arrecadarem receitas".
Além da cobrança daquelas comissões, que a Deco considera injustificada e até ilegal, a associação queixa-se também dos aumentos "completamente injustificados" das comissões bancárias, entre os quais destaca as anuidades dos cartões de débito que subiram 28% num ano, ou as contas ordenado que aumentaram nos principais bancos 47% nos últimos cinco anos.
"Descobrimos no último estudo [apresentado há semanas] que o novo alvo dos bancos é a conta domiciliada, ou conta ordenado, cuja abertura recomendávamos aos nossos associados, para evitar a cobrança de comissões, mas que desde 2016 é a nova fonte de receita descoberta pela banca", acusou.
Exemplificando, Nuno Rico conta o caso recente do Deutsche Bank que alterou o preçário dos clientes com menos de 10 mil euros e com um crédito à habitação (de 'spread' baixo, ou sem grande margem de lucro para o banco), transferindo esses clientes para uma conta base que custa 10,33 euros por mês.
"Isto [esse custo mensal de 10,33 euros] não tem qualquer tipo de justificação, e ainda é mais grave por ser aplicada a clientes que estão 'presos' ao banco por um crédito", considerou o economista.
Especialmente nos últimos dois anos, a associação diz que tem vindo a alertar o Banco de Portugal e os grupos parlamentares para esta cobrança que considera excessiva, e até ilegal em alguns casos, mas a resposta é de "completa passividade" do regulador da banca e de "falta de resposta" dos grupos parlamentares.
"À Deco, o Banco de Portugal responde que verifica os preçários dos bancos, que diz estarem conformes com as regras, e que existe livre concorrência no mercado nacional. Mas o que verificamos, por exemplo, é que a anuidade dos cartões de débito dos cinco maiores bancos é das mais altas que conhecemos e é quase igual em todos os bancos, o que é uma grande coincidência", afirma.
A associação, que tem reivindicado a criação de uma conta à ordem sem quaisquer custos (e sem as restrições dos serviços mínimos bancários) e a cobrança de comissões "razoáveis" aos clientes bancários, admite que noutros países, nomeadamente da Europa, comissões semelhantes são cobradas aos clientes bancários, em alguns casos até há mais tempo do que em Portugal, mas diz que o aumento não foi tão rápido nem tão injustificado.
* A DECO tem razão, nós dizemos que a banca faz fishing legal, nós estamos do lado da DECO.
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HOJE NO
"EXPRESSO"
Deco acusa banca de cobrar
aos clientes comissões indevidas
Sociedade
Deco acusa banca de cobrar aos clientes comissões indevidas
Segundo a associação para a defesa dos consumidores, em Portugal, a cobrança de uma comissão bancária só pode acontecer quando há prestação de um serviço pelo banco, caso contrário é ilegal. O problema é que a lei não define o que é um serviço bancário
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A Deco acusa a banca de cobrar comissões
aos clientes sem prestar qualquer serviço, como por processamento de
prestação de crédito ou manutenção de conta, e de querer compensar as
perdas da intermediação financeira com a atividade de comissionamento.
Segundo a associação para a defesa dos consumidores Deco, há mesmo uma "alteração do paradigma" da atuação dos bancos: "Estamos a assistir a uma transferência da atividade bancária, da intermediação financeira - isto é, compra e venda de dinheiro, que foi a atividade que deu origem aos bancos -, para uma atividade de comissionamento", disse o economista Nuno Rico, da Deco/Proteste, em declarações à Lusa.
Em Portugal, a cobrança de uma comissão bancária só pode acontecer quando há prestação de um serviço pelo banco, caso contrário é ilegal, lembra o economista, invocando a lei de 2015 que estabeleceu os requisitos da cobrança de comissões.
"As comissões e despesas cobradas pelas instituições de crédito têm de corresponder a um serviço efetivamente prestado", lê-se no articulado do diploma de 2015, que criou também os serviços mínimos bancários.
O problema, explica o economista, é a lei não definir o que é um serviço bancário, possibilitando assim ao Banco de Portugal, e outros responsáveis, "assistir passivamente" à cobrança de comissões pelos bancos mesmo quando não é prestado, efetivamente, um serviço ao cliente.
No caso da comissão de manutenção de conta, aquele responsável argumenta que o simples facto de existir uma conta bancária não pode ser considerado serviço bancário, até porque o acesso a um produto bancário, como um crédito ou um investimento, está dependente de ter uma conta bancária, além de ser um instrumento essencial nos dias de hoje.
"Não podemos esquecer que, quando abrimos uma conta e pomos lá o nosso dinheiro, estamos a disponibilizar o nosso capital ao banco, para que o possa usar em diferentes fins, como vender esse capital a outras pessoas e ganhar dinheiro com isso", lembrou Nuno Rico, criticando o fim das recompensas financeiras (juros) dos bancos a esses depósitos e agudizando a crítica quanto à obrigação de pagar (comissão) por esse depósito.
No caso das comissões pelo processamento de prestações, de crédito à habitação por exemplo, a Deco defende não fazer "sentido nenhum" o cliente ter de pagar para lhe ser cobrada uma prestação de crédito, e defende que essa cobrança " é apenas uma forma de os bancos arrecadarem receitas".
Além da cobrança daquelas comissões, que a Deco considera injustificada e até ilegal, a associação queixa-se também dos aumentos "completamente injustificados" das comissões bancárias, entre os quais destaca as anuidades dos cartões de débito que subiram 28% num ano, ou as contas ordenado que aumentaram nos principais bancos 47% nos últimos cinco anos.
"Descobrimos no último estudo [apresentado há semanas] que o novo alvo dos bancos é a conta domiciliada, ou conta ordenado, cuja abertura recomendávamos aos nossos associados, para evitar a cobrança de comissões, mas que desde 2016 é a nova fonte de receita descoberta pela banca", acusou.
Exemplificando, Nuno Rico conta o caso recente do Deutsche Bank que alterou o preçário dos clientes com menos de 10 mil euros e com um crédito à habitação (de 'spread' baixo, ou sem grande margem de lucro para o banco), transferindo esses clientes para uma conta base que custa 10,33 euros por mês.
"Isto [esse custo mensal de 10,33 euros] não tem qualquer tipo de justificação, e ainda é mais grave por ser aplicada a clientes que estão 'presos' ao banco por um crédito", considerou o economista.
Especialmente nos últimos dois anos, a associação diz que tem vindo a alertar o Banco de Portugal e os grupos parlamentares para esta cobrança que considera excessiva, e até ilegal em alguns casos, mas a resposta é de "completa passividade" do regulador da banca e de "falta de resposta" dos grupos parlamentares.
"À Deco, o Banco de Portugal responde que verifica os preçários dos bancos, que diz estarem conformes com as regras, e que existe livre concorrência no mercado nacional. Mas o que verificamos, por exemplo, é que a anuidade dos cartões de débito dos cinco maiores bancos é das mais altas que conhecemos e é quase igual em todos os bancos, o que é uma grande coincidência", afirma.
A associação, que tem reivindicado a criação de uma conta à ordem sem quaisquer custos (e sem as restrições dos serviços mínimos bancários) e a cobrança de comissões "razoáveis" aos clientes bancários, admite que noutros países, nomeadamente da Europa, comissões semelhantes são cobradas aos clientes bancários, em alguns casos até há mais tempo do que em Portugal, mas diz que o aumento não foi tão rápido nem tão injustificado.
* A DECO tem razão, nós dizemos que a banca faz fishing legal, nós estamos do lado da DECO.
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