24/11/2017

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HOJE NO
"DIÁRIO DE NOTÍCIAS"
Morreu o jornalista Pedro Rolo Duarte

O jornalista, que integrou a direção do DN em 2004 e 2005, tinha 53 anos

Pedro Rolo Duarte trabalhou em jornais, rádio e televisão. Foi editor do suplemento DNA, publicado no Diário de Notícias entre novembro de 1996 e janeiro de 2006. Foi subdiretor do DN entre 2004 e 2005.
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Rolo Duarte deixou a sua marca em inúmeros jornais e revistas, como o jornal Se7e e O Independente, a revista Kapa, mas também na Visão e no jornal i onde fundou e editou o projeto "Nós", nos anos 2009 e 2010.

Pedro Rolo Duarte estava doente há algum tempo. Primeiro um cancro no pulmão, que combateu com cirurgia e tratamentos. Depois, o cancro no estômago, ao qual não resistiu. Tinha apenas 53 anos. E ainda muito por fazer, como escreveu o amigo Miguel Esteves Cardoso numa crónica publicada na passada segunda-feira no jornal Público com o título "Pedro Rolo Duarte": "A verdade - aquela que, com unhas e dentes, ninguém nos tira - é que fizemos, singularmente, muita coisa juntos. Mas não te aconchegues: ainda falta muita coisa. Algumas estão marcadas - algumas há muito, muito tempo - e outras, as melhores, ainda estão por marcar, vê lá tu. (Vê lá essa merda)."

É praticamente impossível listar todos os projetos em que trabalhou desde que, aos 17 anos, descobriu a sua paixão pelo jornalismo e começou a enviar textos para o suplemento juvenil do Correio da Manhã. Em 1984, a convite de Rui Pêgo e Henrique Mendes, estreou-se na Rádio Renascença, com um programa diário, em direto, "Sessão da Meia Noite". Um ano depois, mudou-se para a Comercial e começou também a colaborar com o DN.

Entre as muitas presenças na televisão, é fácil lembrar o seu rosto em "Tempos Modernos" (RTP1, 1988-89), "VivaMúsica", (RTP1, 1985-87), "Falatório" (RTP2, 1996-97) ou "Fala Com Elas" (RTP-N). Na rádio, após uma longa carreira, fazia, até recentemente, o programa "Hotel Babilónia", com João Gobern, e "Mais Novos Que Nunca" (Antena 1 e Antena 2).

É mais fácil citar entrevistas feitas pelo jornalista Pedro Rolo Duarte do que entrevistas dele, sobre a sua vida e a sua carreira. Em 2010, Anabela Mota Ribeiro fez-lhe o "Questionário de Proust", para uma rubrica publicada no Jornal de Negócios. Nessa entrevista, Rolo Duarte admitia que o seu pior defeito era o "excesso de sinceridade, uma terrível incapacidade de disfarçar a impaciência" e falava do seu sonho de felicidade, que incluía "um hotel rural, um restaurante, a minha mulher da minha vida, o meu filho e a filha que me falta. Tudo no mesmo lugar, com Sol e mar muito perto. Ah, claro, e a revista que ninguém ainda quis fazer..." - as revistas, claro, as revistas eram o seu fétiche, tinha sempre um projeto para uma nova revista carteira.

No DN, apesar de ter integrado a direção, o seu grande projeto foi anterior a isso, foi o DNA, um suplemento que se dedicava a temas de cultura mas não só. Era um espaço onde cabia tudo, desde que o trabalho tivesse qualidade, como explicava Rolo Duarte no editorial publicado a 25 de novembro de 2005: "O DNA é um suplemento do Diário de Notícias. Complementar significa, neste caso, acrescentar. O DNA deve acrescentar criatividade, reflexão, profundidade e personalização. Deve ser uma vez por semana o que o DN, pela sua natureza, não pode ser todos os dias (...) No DNA não procuramos objetividade nem verdade. Procuramos sinceridade, seriedade, e uma clara noção de ética (...) As matérias do DNA devem ser o reflexo dos factos no pensamento de quem os escreve. Não há uma entidade DNA - há a soma das identidades que o produzem. O anonimato é proibido e a ocultação do poder do autor no seu trabalho é sempre de lamentar. Cada imagem, cada palavra, cada traço têm um peso - e um autor".

Neste suplemento, escreveram jornalistas como Anabela Mota Ribeiro, Luís Osório, Sónia Morais Santos, Catarina Carvalho, e muitos outros, além de ter ainda crónicas de Miguel Esteves Cardoso e do escritor Mario Vargas Llosa. Dez anos depois, na despedida, dizia aos leitores: "Do orgulho que tenho em ter imaginado, concebido e editado o suplemento, não tenho palavras que cheguem para vos dar conta da minha alegria. O DNA foi o projeto mais apaixonante que tive na minha vida profissional - e se assim o sinto, a vós o devo. Porque os jornais são pessoas, são palavras, são imagens, são ilustrações. Porque o DNA foi tudo isso com uma dose reforçada de sentimentos, de personalização, de empenhamento".

Ultimamente, Pedro Rolo Duarte mantinha uma coluna no site Sapo24 e tinha um blog pessoal. O último post foi publicado a 5 de novembro. No entanto, aqui Pedro nunca falou da sua doença.

* Quão injusta é a vida.

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