28/10/2017

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HOJE NO
"DIÁRIO DE NOTÍCIAS"
Assad acusado da morte deliberada 
de civis e de ataque com gás sarin

Regime de Damasco está a praticar "crimes contra a humanidade" e é responsabilizado por ataque com armas químicas em abril.

A situação no subúrbio oriental de Damasco, sob controlo das forças da oposição desde 2012, é de "emergência humanitária", estando em curso "a morte deliberada pela fome de populações civis, o que constitui uma clara violação do direito humanitário internacional e pode constituir crime contra a humanidade e/ou crime de guerra". A advertência foi feita ontem pelo alto comissário das Nações Unidas para os direitos humanos, Zeid Ra'ad al-Hussein num comentário às condições de vida da população na localidade de Al-Ghouta, a 15 quilómetros da capital síria.
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Segundo Al-Hussein, mais de 350 mil civis estão cercados em Al-Ghouta, tendo o mais recente comboio de ajuda humanitária chegado a esta localidade há mais de um mês, no passado 23 de setembro, com alimentos e medicamentos para 25 mil pessoas. As forças de Assad não só estariam a dificultar a passagem da ajuda humanitária como estariam a exigir o pagamento de elevadas taxas aos comerciantes que tentam ainda abastecer o enclave sob controlo da oposição. Como sucedeu noutros pontos do conflito, as forças de Assad e seus aliados procuram tornar insustentável a situação das populações nas áreas sob domínio dos grupos da oposição, para as forçar a passarem para território sob controlo do regime de Damasco ou abandonarem o país.

A situação deteriorou-se desde maio, quando as forças fiéis ao regime de Bashar al-Assad conquistaram alguns bairros e destruíram túneis que permitiram a passagem de alimentos e outros bens essenciais para Al-Ghouta, atacada com gás sarin a 21 de agosto de 2013, alguns meses após as forças da oposição terem assumido controlo da área em meados de 2012. As forças de Assad, apoiadas pelas milícias do movimento xiita libanês Hezbollah, cercam Al-Ghouta desde abril de 2013. Em julho, foi assinado um acordo que pôs fim aos ataques aéreos e barragens de artilharia das forças de Assad, mas intensificaram-se os combates terrestres nesta área de população maioritariamente sunita. O regime de Assad assenta na minoria alauita, uma denominação do xiismo.

A advertência de Al-Hussein para as difíceis condições de vida em Al-Ghouta e para a penúria generalizada que aqui se vive - estando a ser reutilizado, por exemplo, material médico que, em condições normais, seria usado apenas uma vez - coincidiu com a divulgação de uma outra notícia crítica para o regime de Assad. Um relatório da comissão conjunta da ONU e da Organização para a Proibição das Armas Químicas (OPAQ) sobre o ataque com gás sarin a 4 de abril de 2017 em Khan Sheikhoun, nas mãos da oposição, conclui que este foi levado a cabo por forças fiéis a Assad. Esta ação, na origem de mais de 80 mortos e em que Damasco negou qualquer papel, levou a uma retaliação dos EUA três dias depois, com o lançamento de mais de 50 mísseis Tomahawk sobre a base aérea de Shayrat, de onde teriam partido os aviões envolvidos no ataque.

"Falta de consequências"
No relatório daquela comissão pode ler-se que "A República Árabe Síria [designação oficial do país] é responsável pela lançamento de gás sarin em Khan Sheikhoun a 4 de abril de 2017". O mesmo texto sublinha que, "apesar da proibição internacional" o uso de armas químicas "se não for travado agora, a falta de consequências será um incentivo" para novos ataques. A Rússia, o principal aliado do regime de Assad em paralelo com o Irão, já ameaçou vetar a renovação do mandato da comissão conjunta que finda em novembro.

O regime de Assad reagiu de imediato, rejeitando "a forma e a substância" do relatório, classificando as conclusões como uma estratégia para "aumentar a pressão política" sobre aquele.

No passado, a comissão já denunciou ataques de Damasco com substâncias químicas em 2014 e 2015. Isto, após o regime de Assad se ter comprometido, no quadro de um acordo assinado em 2013, a destruir o seu arsenal químico.

O que não terá acontecido na longa guerra civil que entrou já no sétimo ano de existência. Com o número de mortos e de deslocados, internos e no exterior, a não cessar de aumentar. Segundo o site I AM SYRIA, que acompanha a evolução do conflito, referia recentemente que mais de 13,5 milhões de sírios (numa população total de 21 milhões em 2011) foram afetados pelos combates, que provocaram um total de nove milhões de deslocados, dos quais 5,2 forçados a deixarem o país.

O número de vítimas mortais não pára, igualmente, de aumentar, estimando o I AM SYRIA que já perderam a vida 480 mil pessoas.

* Assad é simplesmente um criminoso.

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