22/10/2017

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HOJE NO
"EXPRESSO"
Presidente dos bombeiros 
denuncia precipitação do Governo

Jaime Marta disse que "mal vai um país quando é governado por emoções" e lamenta a tomada de decisões sobre os incêndios "só porque tem de se dizer qualquer coisa ao país"

O presidente da Liga de Bombeiros Portugueses (LBP acusou o Governo de ter dado uma resposta emotiva e precipitada sobre os incêndios, mas ressalvou que muitas das medidas aprovadas no Conselho de Ministros Extraordinário de sábado são reivindicações antigas dos bombeiros.
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“Mal vai um país quando é assim governado por emoções, e por decisões [tomadas] porque tem de se dizer qualquer coisa ao país”, afirmou Jaime Marta Soares, em declarações à Lusa, após a reunião do Governo ter aprovado várias medidas contra incêndios florestais, nomeadamente a profissionalização do modelo de combate aos fogos.

“A emoção não deve deixar de dar lugar primeiro à razão”, afirmou, defendendo que não deve haver precipitação nesta tomada de decisões, que entidades como os bombeiros, a Marinha, o Exército, a Força Aérea, a PSP, ou a GNR devem ser ouvidas por se tratar de um problema do país e de todos os portugueses.

Jaime Marta salientou que a resposta à tragédia dos incêndios, que desde junho vitimaram mais de 100 pessoas, tem de ser consistente: “Têm de ser reformas que, daqui a meia dúzia de anos, não nos estejamos a arrepender, como estamos a arrepender destas, que têm dez anos e que poderiam ter sido melhor se os bombeiros tivessem sido ouvidos”.

O presidente da Liga criticou o Governo por não parar “uns dias” para refletir e por anunciar que os bombeiros “vão fazer isto ou aquilo” sem antes falar estes operacionais que, lembrou, “não são propriedade do Estado”.

A Liga apoia a profissionalização dos bombeiros, uma medida anunciada sábado, mas alerta para a necessidade de antes ser necessário explicar ao país que essa é uma consequência do “mau tratamento” e da situação “dramática” em que sucessivos governos deixaram a floresta.

“Dou só exemplo do Pinhal de Leiria, que é estatal, uma vergonha nacional”, afirmou, explicando que a partir do momento em que o Governo anuncia a necessidade de profissionalização “de um momento para o outro, aparenta que os bombeiros não foram capazes”.

O presidente da Liga disse ainda que, se há contas a pedir, sobre os incêndios dos últimos meses, que as peçam às estruturas do Estado e não aos bombeiros, que “fizeram bem aquilo que tinham que fazer” e com o seu “sentido de missão”.

Jaime Marta considera também positiva o novo papel das Forças armadas na prevenção de incêndios, mas disse esperar que essa atuação seja também no rescaldo dos incêndios, um função que considera dever ser das forças armadas. “Pena é que com tanto ‘know how’ que têm, com tantos efetivos, já não estivessem no terreno como sempre pedimos”, afirmou.

Também está de acordo com a Força Aérea a gerir os meios aéreos, mas alertou que é necessário saber que quantidade de aparelhos o Estado vai adquirir e como vai ser feita a sua gestão ao longo do ano: “Não pode ser só por um calendário de épocas, temos de estar preparados para qualquer momento”, frisou.

As centenas de incêndios que deflagraram no domingo, o pior dia de fogos do ano segundo as autoridades, provocaram 44 mortos e cerca de 70 feridos, mais de uma dezena dos quais graves.
Os fogos obrigaram a evacuar localidades, a realojar as populações e a cortar o trânsito em dezenas de estradas, sobretudo nas regiões Norte e Centro.

Esta é a segunda situação mais grave de incêndios com mortos em Portugal, depois de Pedrógão Grande, em junho deste ano, em que um fogo alastrou a outros municípios e provocou, segundo a contabilização oficial, 64 vítimas mortais e mais de 250 feridos. Registou-se ainda a morte de uma mulher que foi atropelada quando fugia deste fogo.

 * O Presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses tem parcialmente razão mas é melhor actuar sobre leite derramado do que nada fazer e por vezes actuar sob  a emoção revela que a frieza racional foi um descalabro de incompetências.
Nós aqui, na nossa falsa modéstia, clamamos há muito sobre a  urgência do reordenamento florestal e pela profissionalização dos bombeiros, não por serem incapazes mas para serem mais capazes.

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