21/09/2017

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Indústria Papeleira diz que problema dos incêndios não se deve ao eucalipto

A Associação da Indústria Papeleira defende que o problema dos incêndios em Portugal não deve ser atribuído ao eucalipto, mas à falta de gestão da floresta e do “incendiarismo”, disse hoje à Lusa um representante.
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“É uma questão da gestão, não é da espécie em concreto. O que não falta no país são exemplos de incêndios que ocorrem em áreas agrícolas e em áreas florestais com outras espécies que não o eucalipto. O fator comum a todos os incêndios é sempre a falta de gestão”, afirmou Henrique Vieira, colaborador da Associação da Indústria Papeleira (CELPA).

Em declarações à Lusa, em Fafe, onde hoje aquela associação promoveu uma sessão de esclarecimento no âmbito do projeto “Melhor Eucalipto”, Henrique Vieira sublinhou que o flagelo dos incêndios tem também a ver com “o elevadíssimo número de ignições no país”.

“Isto não é só um problema da floresta, é também um problema social, é um problema de incendiarismo”, disse.

A ligação que às vezes se faz do eucalipto à ocorrência dos incêndios florestais é um tema que a CELPA, anotou, tem procurado “desmistificar”:

“Onde há gestão, o fogo tem uma probabilidade muito menor de ocorrer e onde ocorre é com menos intensidade e causa menores estragos. Onde não há gestão, o que infelizmente se observa por inúmeras razões em boa parte do país, leva a estas condições catastróficas que se verificam ano após ano”.

Para o representante da associação, “o património das empresas associadas da CELPA é um excelente exemplo desse fator gestão, que é uma gestão profissional”.

“Se formos ver as estatísticas, em média arde menos de 1% anualmente do património gerido por estas empresas. Isto é um valor que só por si já diz tudo”, destacou, recordando que cerca de 200 mil hectares de floresta, a maioria de eucalipto, são geridos pelas empresas associadas da CELPA.

O projeto “Melhor Eucalipto”, que foi iniciado em 2015, “tem como principal objetivo partilhar a experiência que a CELPA e as suas empresas associadas adquiriram ao longo de várias décadas de prática e de investigação na silvicultura do eucalipto”.

“Desse modo, podermos ajudar os proprietários florestais, especialmente em regiões de minifúndio a melhorar a gestão das suas áreas de eucalipto e de produtividade da sua floresta”, explicou.

Em 2016, foram realizadas várias ações de esclarecimento e formação de produtores de eucalipto, em vários pontos do país, que permitiram chegar a cerca de 600 proprietários.

Para a Associação da Indústria Papeleira, este tipo de ações poderá também ser benéfica na ótica da prevenção dos incêndios.

“Uma das operações que abordamos nestas ações de informação é o controlo da vegetação, as melhores técnicas para o fazer e o sentido de oportunidade”, explicou, acrescentando isso tornará as técnicas “mais baratas e mais eficazes”, nomeadamente “o controlo dos matos quando eles ainda se encontram pouco desenvolvidos”.

“Se as coisas forem feitas de um modo oportuno são mais baratas, acessíveis a toda a gente e obviamente reduzem significativamente o risco de incêndio e os danos quando ele ocorre”, concluiu.

* Nenhum incêndio florestal se deve a qualquer árvore, toda a gente sabe que as árvores não querem arder, o problema é mesmo da imbecilidade dos agentes que não sabem gerir as florestas privadas e públicas.

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