14/04/2017

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HOJE NO  
"AÇORIANO ORIENTAL"

Condições em que muito migrantes vivem podem levar a transmissão de doenças


A investigadora do Instituto de Saúde Global de Barcelona (ISGlobal) Ana Requena Méndez adverte que as condições em que muito migrantes são forçados a estar podem estar relacionadas com a transmissão de doenças como a tuberculose. 
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Ana Requena Méndez é uma das participantes no 4.º Congresso Nacional de Medicina Tropical e 1º Encontro Lusófono de Sida, Tuberculose e Doenças Oportunistas, promovido pelo Instituto de Higiene e Medicina Tropical (IHMT), que decorre entre quarta e sexta-feira em Lisboa. 

O IHMT adianta, num comunicado hoje divulgado, que a mobilidade da população é o principal motor de muitos desafios globais de doenças, particularmente as infecciosas. 

Sobre este tema, Ana Requena Méndez afirma, numa comunicação divulgada pelo instituto, que os hábitos culturais não influenciam a disseminação de doenças, mas outros fatores, como as condições em que muitos migrantes são forçados a estar, podem estar relacionados com a transmissão de certas doenças como a tuberculose. 

“Estão a ser tomadas medidas para proteger a saúde dos refugiados e dos migrantes”, diz a médica, sublinhando que é “a saúde deles” que “está em risco, não a saúde dos cidadãos da União Europeia”. 

Para Ana Requena Méndez, as melhores práticas em matéria de prestação de cuidados aos migrantes vulneráveis e aos refugiados, devem ser uma prioridade para os decisores políticos. 

Defende ainda que a promoção da saúde, o rastreio e a gestão de doenças crónicas em migrantes vulneráveis e refugiados, devem ser facilitadas através de serviços integrados nos serviços primários. 

No caso das crianças migrantes, o IHMT refere que a principal importância das doenças infecciosas está relacionada com a grande mobilidade das pessoas por zonas endémicas de algumas patologias, e pela não-existência ou o não-cumprimento de um plano de vacinação abrangente por essas populações. 

Na comunicação subordinada ao tema “Migrantes, doenças infecciosas e as crianças”, a presidente do Conselho do IHMT e pediatra, Ana Jorge, realça que “a variabilidade dos planos de vacinação dos países e as diferenças de acesso têm uma enorme importância. 

”No entanto, Portugal tem um sistema em que o acesso aos cuidados de saúde está facilitado”, mas “nem sempre é do conhecimento de quem precisa”, sublinha Ana Jorge. Para a pediatra, a informação aos profissionais de saúde é outro dos aspetos que tem de ser considerado para que o acesso seja garantido. 

O facto de alguns migrantes serem oriundos de zonas de guerra e viverem com grandes dificuldades socioeconómicas influencia também esta realidade, sublinha Ana Jorge. 

Para o presidente do congresso, Miguel Viveiros, “estas problemáticas e desafios atuais, que afetam hoje a saúde global, exigem um conhecimento aprofundado dos principais determinantes de saúde e fatores de risco para a saúde dos migrantes e seus impactos nos países de acolhimento, na busca de soluções efetivas baseadas na evidência”. 

 * A realidade é grave, a desumanidade para com os refugiados é muito mais grave.


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