30/04/2017

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ESTA SEMANA NA
  "SÁBADO"

Comediante muçulmano substitui Trump
.no jantar de correspondentes

Donald Trump faltou ao jantar de correspondentes da Casa Branca. No jantar, a liberdade de expressão foi tema central

O jantar de correspondentes é uma cerimónia que junta, há 36 anos, jornalistas de vários meios e publicações e o presidente dos EUA num jantar de gala. Este ano Donald Trump quebrou a tradição, faltando ao jantar.


Ao longo da campanha e do seu mandato,  Donald Trump acusou várias vezes os meios de comunicação de serem "desonestos" e de se terem unido contra ele, acusações que voltou a fazer na festa do 100º dia de presidência: "Não podia estar mais feliz do que estar a 100 milhas de distância [dos meios de comunicação de Washington]", afirmou o presidente no jantar que aconteceu na Pensilvânia.

Em Washington, no jantar de correspondentes, vários jornalistas falaram sobre a liberdade de imprensa e a importância desta na sociedade.

No jantar estiveram presentes dois jornalistas americanos históricos: Bob Woodward e Carl Bernstein, responsáveis pela reportagem sobre o Watergate no The Washington Post, que levou ao impeachment de Nixon.

Woodward reconheceu que os jornalistas "como os políticos e os presidentes" cometem erros e vão "longe de mais". "Quando isso acontece, devemos admitir", acrescentou, afirmando ainda: "Sr. Presidente, os meios de comunicação não são 'notícias falsas'".

Hasan Minhaj, comediante e jornalista que integra a equipa do Daily Show, foi o convidado encarregue de discursar no jantar de correspondentes, em lugar de Donald Trump. Normalmente o presidente é o orador principal do evento.

Quando subiu ao palco, Minhaj fez uma referência a Obama e à polémica que existiu em torno da religião do ex-presidente norte-americano, afirmando ser uma honra "um muçulmano estar neste palco pelo nono ano consecutivo".

No seu monólogo, Hasan Minhaj classsificou os jornalistas como "inimigo número um" do presidente: "Os piores inimigos são, por ordem: jornalistas, Daesh e gravatas com um comprimento normal".

Durante o discurso, o comediante da Comedy Central, fez várias referências a Donald Trump e aos "factos alternativos".

Sobre o facto de Donald Trump não estar presente, Hasan afirmou, num tom satírico: "Não está cá porque não sabe acatar com uma piada".

Minhaj referiu ainda que o líder dos EUA não bebe, chamando a atenção para o facto de todas as tomadas de decisão e tweets enviados terem sido feitos enquanto o presidente norte-americano estava sóbrio.

Foi também tema do monólogo o facto de a administração não estar presente no jantar. Segundo o apresentador, Betsy DeVos, a secretária da educação, estaria a "tomar atenção à colecção de lágrimas de crianças"; Rick Perry, secretário da energia, estaria numa sala cheia de plutónio à espera de se tornar o Homem Aranha e a mulher do vice-presidente, Mike Pence, não o terá deixado sair de casa.

Durante o seu discurso, Hasan atacou vários meios de comunicação, como o C-Span, a Fox News, a CNN, o Huffington Post ou o USA Today.

A esta gala assistem, por norma, várias celebridades sociais e políticas, mas com a ausência de Trump - que estava num comício a marcar o seu centésimo dia como presidente - a sala contava quase só com jornalistas, havendo poucos membros da administração norte-americana.

Trump prometeu ir ao jantar no ano seguinte.

* USA, uma grande democracia idiosincrática, whatever.

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