Não devia valer tudo
Dia de trabalho aparentemente normal no Parlamento Europeu. Corria o debate sobre a desigualdade salarial entre géneros na Europa, no qual se discutiam dados do Eurostat que indicam que as mulheres dos países da União Europeia ganham, em média, menos 16% que os homens.
Em plena discussão, o eurodeputado polaco de extrema-direita Janusz
Korwin-Mikke, tomou a palavra: “Sabem que posição as mulheres ocupavam
nas olimpíadas gregas? A primeira mulher, digo-vos eu, ocupou a posição
800. Sabem quantas mulheres há entre os primeiros cem jogadores de
xadrez? Eu digo: Nenhuma”, disse, para logo concluir. “Claro que as
mulheres devem ganhar menos do que os homens porque são mais fracas,
mais pequenas e menos inteligentes”.
De imediato um coro de protestos se fez sentir, liderado pela
eurodeputada do PSOE Iratxe García: “Senhor deputado, segundo as suas
teorias, eu não teria o direito de estar aqui como deputada, E sei que
lhe dói e que o preocupa que hoje nós, mulheres, possamos estar aqui a
representar cidadãos em igualdade de condições. Mas venho aqui defender
as mulheres europeias de homens como você”. Já o líder dos socialistas
italianos, Gianni Pittella, pediu “uma sanção exemplar contra as
vergonhosas declarações de Korwin-Mikke, que vão contra os princípios de
igualdade de género desta casa”, e Antonio Tajani, presidente do
Parlamento Europeu, anunciou uma investigação.
Infelizmente, esta não foi a primeira vez que Korwin-Mikke deu ‘um ar
de sua graça’. Em 2015, fez a saudação nazi ao entrar no hemiciclo, e
durante o ano passado chamou os refugiados de “lixo humano” e queixou-se
do facto de as mulheres poderem votar. Por todos estes gestos foi
sancionado. E isto foi apenas no Parlamento Europeu. Fora dele, o polaco
de 74 anos - que vai já no terceiro casamento e ter oito filhos -
aproveitou uma candidatura presidencial, em 2015, para defender a
legalização da pornografia infantil e a proibição do voto das mulheres.
Como pode este homem - que apesar de eleito personifica o oposto daquilo
que são os valores da instituição para que foi eleito - sentar-se no
Parlamento Europeu? Por mim sei bem qual seria a sanção ideal:
substitui-lo por uma mulher.
IN "SOL"
O4/03/17
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