14/03/2017

FRANCISCO MOITA FLORES

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Aos pais 

Por detrás das redes sociais há centenas de bandidos. Lobos com pele de cordeiro.

O rapto de Mariana, em Ponte de Lima, por um predador sexual não é o primeiro. Infelizmente, não será o último. A revolução cibernética está a entrar nos nossos quotidianos com rapidez inimaginável, alterando comportamentos, maneiras de pensar, as tradicionais visões do mundo sem aviso prévio.

Quando damos por nós, já lá estamos. Sobretudo no mundo das famílias, da escola, dos territórios onde se geram e aprendem os afectos. As verdadeiras revoluções transformadoras da vida, são invisíveis à discussão pública, indiferentes a manifestações, desprezam a política, ignoram utopias antigas. Foi assim com a descoberta do fogo, da roda, da revolução industrial, da pílula contracetiva que abriu as portas a autodeterminação das mulheres e, agora, com este imperialismo computorizado.

A Internet é o encontro com a Liberdade absoluta. O prazer maior de qualquer ser social, liberto das grilhetas da norma jurídica, social ou moral. É o acesso ilimitado ao conhecimento. E também é a maior estrumeira de dejectos a nível mundial.

A Liberdade tem esse risco. Precisa de ser aprendida. Os pais, os professores devem preparar, estão obrigados a preparar as suas crianças para perceber este admirável mundo novo. As redes sociais são a mistificação do real através de imagens que podem ser verdadeiras ou falsas.

Por detrás delas, estão milhões de pessoas interessantes e estão centenas de bandidos. Lobos com pele de cordeiro. Que negoceiam droga, armas, corrompem, negoceiam escravos. E predadores que raptam crianças. E todos nos chegam com a aparência de amigos. Não são. Educar deixou de ser a prática social e ética que herdámos da velha escola. Tem que incluir forçosamente o controlo educativo de crianças na iniciação ao mundo cibernético.

Para diminuir riscos. Para que gozem essa Liberdade com prazer. Os pais são os grandes motores desta domesticação do invisível. Para que casos, como o de Mariana, não se repitam.

IN "CORREIO DA MANHÃ"
12/03/17

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