15/03/2017

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HOJE  NO
"JORNAL DE NEGÓCIOS"
Portugal coloca 1,25 mil milhões 
com taxas ainda mais negativas

Nos títulos a 12 meses a taxa ficou em -0,112%, o que compara com o anterior mínimo de -0,047%.

O IGCP colocou esta quarta-feira, 15 de Março, 1,25 mil milhões de euros num duplo leilão de bilhetes do Tesouro, conseguindo emitir os títulos a seis e 12 meses com taxas ainda mais negativas do que no último leilão, que já eram as mais baixas de sempre.


Nos títulos a 12 meses, onde foram colocados mil milhões de euros, a taxa ficou em -0,112%, o que compara com o anterior mínimo de -0,047%. Nos bilhetes do Tesouro com maturidade em Setembro foram colocados 250 milhões de euros, sendo que a taxa ficou em -0,158%.

A última vez que a agência liderada por Cristina Casalinho foi ao mercado financiar-se a seis e 12 meses foi em Janeiro, tendo colocado um total de 1.750 milhões de euros, então com as taxas mais baixas de sempre. Na emissão a 12 meses, colocou 1.400 milhões de euros, com uma taxa de -0,047%, enquanto no leilão a seis meses emitiu 350 milhões de euros, também com uma taxa negativa de -0,091%.

"As taxas saíram em linha com o mercado de curto prazo, que está em mínimos históricos. As taxas de hoje foram ainda mais baixas que as dos últimos leilões comparáveis, de Janeiro. Estes dados mostram que continuamos a beneficiar do ambiente de baixas taxas de juro e da ausência de sinais de que a subida de taxas de juro do BCE esteja para breve", refere Filipe Silva, director da gestão de activos do Banco Carregosa, numa nota.

Procura sobe, mas montante colocado fica abaixo da indicação máxima
Além dos juros ainda mais negativos, a operação foi alvo também de uma maior procura por parte dos investidores. Na linha a 12 meses a procura excedeu em 1,93 vezes a oferta, acima do rácio de 1,55 vezes da última operação. E nos títulos a três meses a procura foi 3,82 vezes superior à oferta, o que compara com o rácio de 3,53 vezes da última operação.

Ainda assim, o IGCP optou por colocar o montante mínimo do intervalo indicativo, que era de entre 1,25 mil milhões e 1,5 mil milhões de euros. No entanto, tendo em conta os dados das taxas da operação, Filipe Silva refere que não valoriza "o facto de o montante emitido ter ficado junto do limite inferior do intervalo pré-definido". Considera que "com estas taxas, é porque foi mesmo uma opção não contrair uma dívida maior".

Apesar de Portugal conseguir colocar dívida de curto prazo com juros negativos, tem assistido a uma subida das taxas das Obrigações do Tesouro, que são a principal fonte de financiamento do Estado. Na semana passada, por exemplo, o Estado teve de pagar juros mais elevados para se financiar a nove anos. Isto depois de outras operações de financiamento de médio e longo prazo realizadas este ano também terem registado uma subida nos custos de financiamento.

Já os Bilhetes do Tesouro deverão ter um impacto nulo no financiamento. Além de terem um prazo mais curto, estes títulos de curto prazo tendem a ser vistos como mais seguros pelos investidores, já que em reestruturações de dívida que ocorreram no passado, como na Grécia, não provocaram perdas. No entanto, nos últimos meses tem-se assistido a um diferencial cada vez maior entre as taxas de curto prazo e as de médio e longo prazo.

"As taxas extremamente baixas do leilão de divida de curto prazo mostram a confiança na continuidade da política monetária expansionista, no entanto é de realçar a forte disparidade de taxas entre as diferentes maturidades. Enquanto as taxas a 6 e 12 meses não pressupõem qualquer risco, dada a atuação do BCE no curto prazo, as 'yields' das obrigações a 10 anos seguem a incorporar os riscos de contracção monetária de médio prazo e de instabilidade europeia", refere Henrique Romão Dias, gestor da corretora XTB, numa nota.

* Uma boa notícia, Cristina Casalinho é uma profissional competente.

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