12/02/2017

RUI TAVARES

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Quem tem medo de mudar 
a Europa a partir do Sul?

Entendamo-nos. Passos Coelho foi primeiro-ministro de Portugal durante quatro anos de crise em que nunca teve mais estratégia europeia do que falar com a Alemanha. Sempre se recusou a aceitar que seria possível coordenar posições com os países do Sul. Deu ordens expressas à representação portuguesa na UE para não fazer nada com os gregos. Ajudou a agravar o discurso de segregação entre os países que mais sofreram com a crise. Tudo péssimas escolhas, mas era primeiro-ministro e tinha o direito de as fazer.

Aquilo que Passos não pode fazer, aquilo que é irresponsável e indigno do pin com a bandeira que usa na lapela, é destratar uma cimeira organizada por Portugal e em Portugal, com sete países da UE, como um “grupinho” (em declarações de que soube há pouco via SIC). Toda a faixa Sul da União Europeia um grupinho? Um terço da zona euro em Lisboa, um grupinho? Dois países fundadores da UE, como a França e a Itália, um grupinho? E quando reunem Portugal e Espanha em cimeiras ibéricas, é um grupito?

Ao tratar assim uma parte da estratégia do seu país na União Europeia, Passos desqualifica-se como candidato a primeiro-ministro. E ridiculariza-se como ex-homem de estado que não sabe encarar com dignidade a passagem de testemunho.

IN "GERINGONÇA"
29/01/17

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